A UTILIZAÇÃO DAS TEORIAS ETNOCÊNTRICAS DURANTE A DITADURA MILITAR BRASIILEIRA: SOBRE A SUBALTERNIZAÇÃO DOS POVOS ÍNDIGENAS

Publicado em 16/05/2016 - ISSN: 2238-2208

Campus
DeVry | Unifavip
Título do Trabalho
A UTILIZAÇÃO DAS TEORIAS ETNOCÊNTRICAS DURANTE A DITADURA MILITAR BRASIILEIRA: SOBRE A SUBALTERNIZAÇÃO DOS POVOS ÍNDIGENAS
Autores
  • Joyce da Silva Tavares
  • Fernando da Silva Cardoso
Modalidade
Relato de Experiência
Área temática
Direito
Data de Publicação
16/05/2016
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/viimostradevry/28989-A-UTILIZACAO-DAS-TEORIAS-ETNOCENTRICAS-DURANTE-A-DITADURA-MILITAR-BRASIILEIRA--SOBRE-A-SUBALTERNIZACAO-DOS-POVOS-I
ISSN
2238-2208
Palavras-Chave
Etnocentrismo, Militarismo, Índios, Brasil.
Resumo
A década de sessenta marca o início de um novo e violento capítulo na história de luta e resistência indígena no Brasil. Políticas predatórias de desenvolvimento atingiram duramente, a partir desse período, várias populações indígenas, muitas delas com a complacência do Poder Público, que culminaram – e ainda culminam nos dias hoje – na violação direta de direitos fundamentais desses grupos. Assim, o objetivo desse resumo é discutir como o etnocentrismo se fez presente também nas violências militaristas contra as populações indígenas. Em outras palavras, esse estudo assume a intenção de problematizar como militarismo brasileiro usou-se de ideologias etnocêntricas para justificar as práticas de discriminação e opressão às populações indígenas. Os/as autores/as que fundamentam a discussão teórica neste resumo foram: Gaspar (2013), Jesus (2011), Almeida (2012), Correia (1968), Heck (2005), Loebens (2005) e Carvalho (2005). Analisamos que o etnocentrismo traz em seu cerne um elemento de extrema violência: a negação do Outro como detentor de dignidade, fazendo disso um preceito para sua eliminação social e até mesmo física. Esse elemento pode ser observado nas práticas civil-militares durante os anos de chumbo contra as populações indígenas. A negação pode ser observada pelo assassinato em massa de índios/as e nos requintes de desprezo e de crueldade instrumentalizados pelo militarismo sobre esses povos. A rejeição do Outro, aliada a condição de dominação assumiu também, nesse cenário, a condição de serem eliminadas as diferenças culturais, tornando a imagem dos povos indígenas brasileiros similar a ideia de sujeitos subalternos. Exemplo disso é a situação em que índios foram transformados em soldados a serviço do regime. O etnocentrismo assumiu, ainda, outra forma mais sutil e oportunista dentro das práticas civil-militares, a violência como negação da alteridade do Outro, fazem desse cenário pretexto para uma relação de dominação marcada pela tortura, usurpação do corpo feminino, trabalho escravo, cárcere privado e alienação do patrimônio cultural, assim como ocorrido em relação aos indígenas no período da ditadura. É notório que, somente entre os anos de 1968 e 1971, mais de dois mil índios foram mortos, seja pelas forças repressivas do Estado ou por mercenários a serviço do totalitarismo implantado. A partir da análise do Relatório da Comissão Nacional da Verdade, dentre as inúmeras violações sofridas pelos povos indígenas, as violações aos direitos territoriais eram, talvez, a principal delas e a partir desta decorriam inúmeras outras. Pois, juntamente com apropriações eram emitidas declarações oficiais fraudulentas de negação de existência de índios nas áreas cobiçadas por particulares e militares, como forma de legitimar a posse ao mesmo tempo em que havia a tentativa de exterminação de povos indígenas. Constamos que o etnocentrismo esteve presente implicitamente na forma como se deram as prisões abusivas, torturas, maus tratos, trabalho escravo, remoções forçadas e apropriação indébita de riquezas e patrimônios das terras indígenas, principalmente, por funcionários do Estado e militares, inclusive de órgãos que possuem o dever de proteção a esses povos. A ditadura não reconheceu os indígenas como figura humana, estes foram subalternizados e colocados como inferiores, sendo considerados obstáculos ao progresso e desenvolvimento nesse período, passíveis de eliminação e violência. Conclui-se que o militarismo implantado no Brasil entre 1960 e 1985 deixou marcas negativamente profundas na realidade dos povos indígenas. Especialmente, os problemas socioculturais ainda persistentes nos dias de hoje, são reflexo da dominação e repressão exercida nesse período, as quais continuam a repercutir na reconstrução da identidade e nos projetos de emancipação desses povos.
Título do Evento
VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

TAVARES, Joyce da Silva; CARDOSO, Fernando da Silva. A UTILIZAÇÃO DAS TEORIAS ETNOCÊNTRICAS DURANTE A DITADURA MILITAR BRASIILEIRA: SOBRE A SUBALTERNIZAÇÃO DOS POVOS ÍNDIGENAS.. In: Anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil. Anais... BELÉM, CARUARU, FORTALEZA, JOÃO PESSOA, MANAUS, RECIFE, SALVADOR, SÃO LUÍS, SÃO PAULO, TERESINA: DEVRY BRASIL, 2016. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/viimostradevry/28989-A-UTILIZACAO-DAS-TEORIAS-ETNOCENTRICAS-DURANTE-A-DITADURA-MILITAR-BRASIILEIRA--SOBRE-A-SUBALTERNIZACAO-DOS-POVOS-I. Acesso em: 20/04/2024

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