TEXTUALIDADE POÉTICA DO INSTAGRAM: RELAÇÕES ENTRE AUTORIA E LEITURA

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
TEXTUALIDADE POÉTICA DO INSTAGRAM: RELAÇÕES ENTRE AUTORIA E LEITURA
Autores
  • PENHA ÉLIDA GHIOTTO TUÃO RAMOS
  • Analice de Oliveira Martins
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 11] Informação, educação e tecnologias
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/103555-textualidade-poetica-do-instagram---relacoes-entre-autoria-e-leitura
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Cibercultura, Experiência Poética, Leitor, Autor.
Resumo
A fim de refletir sobre experiências poéticas advindas da cibercultura e sobre a relação entre autor e leitor, especialmente em redes sociais digitais, esta pesquisa apresenta o Instagram como objeto de estudo, em particular, dois perfis de instapoetas brasileiros. A pesquisa em questão foi norteada por um enfoque qualitativo, com vistas para a interpretação e atribuição de significados para o uso da rede social digital Instagram enquanto mídia e textualidade imbricadas na consolidação da autoria no ciberespaço. A investigação seguiu um caráter exploratório, fundamentado na revisão de literatura e estudo de caso. Para tanto, a revisão de literatura atribuiu ênfase às contribuições teóricas de Fávero e Koch (2000), de Lévy (1996) e Maingueneau (2016). Do mesmo modo, foram analisados os perfis de Instagram @akapoeta e @ondejazzmeucoracao, os quais pertencem a instapoetas brasileiros. Nota-se que o Instagram perfaz objetivos utilitários de arquivamento e compartilhamento, expandindo-se para a circulação de novas textualidades poéticas e para a promoção do sujeito enquanto autor. No âmbito artístico, especificamente no da literatura, as conexões entre virtual e físico se repetem. Autores e obras já consagrados pela crítica tradicional migram para o ciberespaço, instalando-se em sites e redes sociais digitais, como Blog, YouTube, Facebook, Twitter, Instagram, entre outras. Também nesses espaços, usuários comuns são consagrados escritores e publicam suas primeiras obras — virtuais e físicas —, passando pelo crivo da crítica contemporânea — o público — e estabelecendo contratos com editoras. É assim que o Instagram se tornou para muitos uma plataforma de publicação, compartilhamento e leitura de conteúdos poéticos, formando um público de leitores e chancelando a figura de autores. O texto passa por um processo que faz dele uma página solta no espaço virtual, de modo que circularidade e interação textual tornem-se potenciais. O Instagram, assim como outras redes sociais digitais, caracteriza-se pela instantaneidade de seus recursos de compartilhamento e pela mobilidade do principal dispositivo eletrônico que o hospeda, o smartphone, no qual a relação entre usuário e aplicativo tem se tornado, cada vez mais, intuitiva. Como já propunha Pierre Lévy (1996, p. 42), “o leitor estabelece uma relação muito mais intensa com um programa de leitura e de navegação que com a tela”. Pode-se dizer que é nessa perspectiva que o Instagram se enquadra; o novo, entretanto, é que a intensidade das relações lucidada por Lévy hoje também atua sobre o contato com a tela, pois esta já é sensível ao toque. O computador, mais que uma máquina, é uma ferramenta potencialmente intelectual, textual e interacional. Assim pode ser definido o perfil @ondejazzmeucoração, da instapoeta Ryane Leão. Com 188 mil seguidores, Ryane publica poesias de empoderamento e ancestralidade. A autora, que também distribui poesia em lambe-lambe, na cidade de São Paulo, e no Facebook — 138.073 seguidores —, compila no Instagram textos poéticos, que são frequentemente curtidos, comentados e compartilhados por seu público de seguidores-leitores. Seu caráter autoral é evidenciado na escolha de cores, traços e coleção poética de textos autorais — instapoemas — que Ryane faz em seu perfil. O reconhecimento por um público leitor que se manifesta diante desses textos e contribui para sua circularidade se torna outro elemento importante, viabilizado pelo Instagram. Do mesmo modo, João Doederlein, @akapoeta, reúne cerca de 1020 publicações e 893 mil seguidores no Instagram. Com elementos verbais e visuais, os instapoemas de João Doederlein alcançam um público leitor expressivo: em dois dias, uma de suas postagens, “saudade”, atingiu 47,7 mil curtidas e 624 comentários no Instagram. Nos comentários para essa postagem de @akapoeta, outros perfis são citados ou marcados, formando links de compartilhamento e, por conseguinte, hipertextos, formando essa matriz de textos potenciais, realizáveis sob o efeito da interação com um usuário, o hipertexto, como antecipou Pierre Lèvy (1996, p. 40). Ao ser lido, interlocutores trazem atualizações ao texto, garantindo-lhe a manutenção da autoralidade; fazer o texto circular — propriedade dos compartilhamentos — garante seu acesso aos interlocutores, o que autoriza sua apropriação por terceiros. Relações entre aquele que escreve e aquele que lê são estabelecidas, criando uma noção de autoria. Sobre esse aspecto, consideram-se três designações dadas por Maingueneau (2016, p. 104-105) a respeito dos valores que podem ser atribuídos à figura do autor: autor como correlato de um texto que existe previamente, enquanto instância responsável pelo texto; autor como produtor de livros; autor como correlato de uma obra, com terceiros que o instituem como tal, conferindo-lhe a imagem de autor. Destes, o terceiro aspecto vai ao encontro das discussões desta pesquisa, por compreender que a autoralidade se constrói mediante a apreciação de terceiros, tecendo uma chancela para a figura do autor. Ser lido constitui um quesito para a autoralidade, promovendo-a, tornando-a concreta, atribuindo-lhe importância e realização — eis um efeito da circulação do texto poético nas redes sociais digitais. Nessas redes, poetas anônimos e digitalmente hábeis alcançam popularidade e sucesso que atraem a atenção de editoras e, graças a seguidores fiéis, são projetados para as listas de livros mais vendidos. Na seara da cibercultura, autores jovens e amplamente letrados para as tecnologias digitais e suas redes sociais apropriam-se de ferramentas que impulsionam a circulação de seus textos e alcançam um público de seguidores, que, por conseguinte, coexiste enquanto leitores. Com as redes sociais e sua dinamicidade, os instapoemas mimetizam páginas soltas e postáveis, potencialmente distribuíveis em territorialidades não definidas, nem pelo autor, nem pelo leitor. Como resposta, um público se forma e a figura do autor emerge, seja no contexto virtual, seja no contexto concreto.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RAMOS, PENHA ÉLIDA GHIOTTO TUÃO; MARTINS, Analice de Oliveira. TEXTUALIDADE POÉTICA DO INSTAGRAM: RELAÇÕES ENTRE AUTORIA E LEITURA.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/103555-TEXTUALIDADE-POETICA-DO-INSTAGRAM---RELACOES-ENTRE-AUTORIA-E-LEITURA. Acesso em: 06/07/2025

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