“ESTE ESTADO DE COISAS, EX.MO SNR., NÃO PODE CONTINUAR”: A DESINTEGRAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO A PARTIR DA PETIÇÃO DE PROPRIETÁRIOS E AGRICULTORES DO MUNICÍPIO DE IPOJUCA, PE.

Publicado em 01/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0265-3

Título do Trabalho
“ESTE ESTADO DE COISAS, EX.MO SNR., NÃO PODE CONTINUAR”: A DESINTEGRAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO A PARTIR DA PETIÇÃO DE PROPRIETÁRIOS E AGRICULTORES DO MUNICÍPIO DE IPOJUCA, PE.
Autores
  • Joyce Conceição de Mesquita
Modalidade
Comunicação em Simpósio Temático
Área temática
História da escravidão, das relações sociais e do abolicionismo (Prof. Dr. José Maia Bezerra Neto - UFPA)
Data de Publicação
01/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/v-encontro-de-pos-graduandos-da-seo/732449-este-estado-de-coisas-exmo-snr-nao-pode-continuar--a-desintegracao-do-trabalho-escravo-a-partir-da-peticao-
ISBN
978-65-272-0265-3
Palavras-Chave
Escravidão, Petições, Abolicionismo
Resumo
São diversas as perspectivas metodológicas da historiografia que exploram a dinâmica política e social do Brasil escravista do século XIX. O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise acerca das reclamações e estratégias adotadas por parte de proprietários e agricultores do Município de Ipojuca a partir de uma petição enviada ao Presidente da Província de Pernambuco em face da desintegração do trabalho de escravizados na segunda metade do século XIX. Como se sabe, a construção do Estado Nacional alinhada ao avanço do abolicionismo atlântico foi responsável por engendrar cada vez mais a intervenção Estatal na relação entre senhores e escravizados. Para além da questão diplomática na fronteira sul do Brasil com o Uruguai, que havia abolido a escravidão em 1842, somava-se um segundo momento da política diplomática britânica em 1863, com os esforços do ministro William Christie na publicização dos casos de cativeiro ilegal, e a declaração de emancipação de Lincoln, também em 1863. Para o Brasil, ultima nação escravista, a questão da escravidão tronou-se ainda mais incômoda (MAMIGONIAN, 2011). Já em 1864 D. Pedro II apontava uma solução gradual a partir da emancipação das crianças que nascessem de escravizadas (SALLES, 2009) e ainda em setembro, como resultado das pressões, o governo emitiu um novo decreto1 que reforçava o resguardo da liberdade de africanos livres que haviam prestado serviço em repartições publicas. A questão abolicionista não estava restrita aos representantes do governo, mas já havia ganhado força em algumas camadas da sociedade como no caso dos estudantes que faziam parte das Faculdades de Direito de São Paulo e Recife. Longe de supor que a derrocada da escravidão no Brasil foi resultado apenas das ações governamentais e de estudantes engajados com a causa abolicionista, é nesse período que vemos os próprios escravizados – a respeito de instrumentos legais – multiplicarem as ações de liberdade, ocasionando, inclusive, debates no Instituto dos Advogados do Brasil (IAB). É com esse aumento progressivo das pressões na década de 1860 e a ameaça de uma solução radical à questão da escravidão que se observou o crescimento de grupos que defendiam uma maior intervenção estatal na remodelação escravista, visando assegurar uma emancipação gradual. É diante a configuração esboçada que tomaremos por base a petição datada de 17 de abril de 1883. Através dela, encontramos subsídios para refletir não só sobre a desintegração do trabalho de escravizados em si, mas sobre a percepção da classe senhorial frente ao movimento abolicionista, seus medos quanto a uma retaliação e seus anseios perante um Estado que tem como garantia constitucional o direito “a vida e a propriedade”, cada vez mais contestado – se sobre outra pessoa – pelas interpretações jurídicas da época. Através do que se chamou linguagem suplicante (CESAR, 2020), encontramos também as representações de que esses sujeitos lançam mão para conseguir seus objetivos, bem como as suas exigências revestidas da seguridade do despacho favorável, o que só demonstra a ampla articulação do Estado com a classe senhorial. O trabalho consiste em um recorte da atual pesquisa de doutoramento que tem como base as “Petições de senhores e escravos” consultados através do fundo de documentação pertencente ao Arquivo Público Estadual Jordão Emereciano assinado pelos respectivos agentes e dirigido, em sua maioria, aos Presidentes de Província de Pernambuco entre 1851 e 1885. Não é de hoje que as petições configuram uma extensão de possibilidades de análises no campo da história. Uma vez submetidas às perguntas apropriadas, manifestam-se como ricas jazidas pelas quais podemos ter acesso não só à complexidade das relações de poder, mas também às dimensões sociais e culturais do período pesquisado.
Título do Evento
V Encontro de Pós-Graduandos da SEO
Título dos Anais do Evento
Anais do V Encontro de Pós-graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MESQUITA, Joyce Conceição de. “ESTE ESTADO DE COISAS, EX.MO SNR., NÃO PODE CONTINUAR”: A DESINTEGRAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO A PARTIR DA PETIÇÃO DE PROPRIETÁRIOS E AGRICULTORES DO MUNICÍPIO DE IPOJUCA, PE... In: Anais do V encontro de pós-graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO). Anais...São Luís(MA) UFMA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/v-encontro-de-pos-graduandos-da-seo/732449-ESTE-ESTADO-DE-COISAS-EXMO-SNR-NAO-PODE-CONTINUAR--A-DESINTEGRACAO-DO-TRABALHO-ESCRAVO-A-PARTIR-DA-PETICAO-. Acesso em: 14/05/2025

Trabalho

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