A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

Publicado em 19/02/2025 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
Autores
  • mariana barbosa de araujo
  • Paula Ingridy Gomes Neves
  • Felipe Kaezer dos Santos
  • JOANA IABRUDI CARINHANHA
  • Maysa Ludovice Gomes
  • Dr. Ronilson Gonçalves Rocha
Modalidade
PESQUISAS CIENTÍFICAS - aquelas que são fruto de pesquisa empírica dentro dos parâmetros do método científico.
Área temática
CUIDADO E HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE - Cuidado em saúde transcende a realização de técnicas e aspectos físicos, contempla a compreensão do conceito ampliado de saúde, e envolve uma interação afetiva que respeita, acolhe e considera a diversidade da existência humana. Nesse contexto, a humanização significa dialogar com a singularidade de cada pessoa, reconhecendo suas crenças e valores, compartilhando assim um ambiente de cuidado implicado com a realidade, com as políticas públicas e com a necessidade dos coletivos que vivem nos territórios.
Data de Publicação
19/02/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2024/939706-a-violencia-obstetrica-na-regiao-metropolitana-do-rio-de-janeiro
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Enfermagem, Enfermagem Obstétrica, Violência Obstétrica, Direitos Sexuais e Reprodutivos.
Resumo
Introdução: Diante da alta taxa de morbimortalidade materna e o número de cesarianas além do recomendado, capacitar os profissionais da saúde passou a ser o objetivo das políticas públicas para incentivar o parto normal e à assistência humanizada ao pré-natal, parto, nascimento e puerpério no SUS. Uma das medidas estratégicas realizadas pelo Ministério da Saúde foi incluir a assistência ao parto normal pelas enfermeiras obstétricas e fundar os centros de parto normal, coordenados pelas mesmas. Assim, a partir de 1996, foram instituídas pela Organização Mundial da Saúde algumas orientações com relação à assistência obstétrica durante o parto normal. Dentre essas recomendações temos a contraindicação para a realização da episiotomia, da tricotomia, da amniotomia, a indução do parto como rotina e a aplicação de enemas. No que se refere à realização de cesarianas, determinou-se que estas não devem exceder a taxa de 10 a 15% nos serviços de saúde. Embora tenham sido estabelecidos diversos protocolos e metas para desenvolver a assistência humanizada ao parto e nascimento, a violência obstétrica (VO) ainda é relatada com frequência. A VO é definida como a apropriação do corpo da mulher e dos processos reprodutivos por parte dos profissionais de saúde, oferecendo um tratamento desumanizado, patologizando os processos naturais, limitando a autonomia da mulher, com consequente impacto em sua qualidade de vida. A falta de um consenso sobre a definição de VO pode prejudicar a sua caracterização. Por um lado, uma definição restrita pode fazer com que determinadas ações de agressão não sejam reconhecidas como VO, sobretudo por desconsiderar a subjetividade da relação entre a mulher e a equipe de saúde. Por outro lado, a ausência de uma definição muito ampla, pode criminalizar qualquer ação da equipe de saúde. Uma parcela das mulheres que sofrem VO tem consciência da agressão que lhes é imputada e possuem melhores condições de reagir ou buscar ajuda. No entanto, parte significativa das vítimas de VO sequer é capaz de reconhecer o ato de violência. Objetivo: Conhecer a capacidade das mulheres em identificar a violência obstétrica no trabalho de parto (TP). Método: Estudo quantitativo descritivo, coletado através de um formulário online de janeiro a março de 2023, através da técnica bola de neve. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa conforme o Parecer 5.855.332. Foram incluídas 205 mulheres que tiveram filhos nos últimos 5 anos, na região metropolitana do Rio de Janeiro, com idade a partir de 18 anos. Os dados foram organizados em tabelas; analisados por estatística descritiva simples, com frequência absoluta e percentual, por meio do software STATA, versão 15.0 para Windows. Resultados e discussão: A amostra foi composta majoritariamente por mulheres com idade entre 25 e 35 anos, que residem na cidade do Rio de Janeiro, completaram o ensino superior e recebem entre 1 e 2 salários-mínimos por mês. Do total de participantes, 54,6% tiveram parto cirúrgico e 45,4% vaginal, 55,9% pariram em um hospital privado e 44,1% em um hospital público. No total, 128 (62,4%) mulheres sofreram algum tipo de VO. Dessas, 36 (28,1%) conseguiram reconhecer a VO sofrida. No que diz respeito à questão chave do questionário, sobre se sentirem violentadas no último parto, 169 (82,4%) participantes responderam que não. Desse quantitativo, 92 (54,4%) não conseguiram identificar a violência que sofreram. Esse número foi obtido ao contrapor a questão-chave com as questões que identificam as diversas ações de VO. Consideramos que não são capazes de reconhecer a VO nos casos em que a mulher afirmou não ter sofrido VO na questão-chave e indicou ter sido alvo de alguma ação que caracterize a VO. As violências mais relatadas foram a realização de toques vaginais em excesso e/ou dolorosos (35,6%) e a amniotomia (26,8%). Há que se considerar que o perfil das participantes desta pesquisa corresponde a um grupo privilegiado, com maior acesso à informação. A amostragem não é representativa quanto às mulheres que fazem parte de grupos minoritários e, portanto, mais vulneráveis em relação à VO, diante da dificuldade de acesso à informações de qualidade. Mesmo se tratando de um grupo socialmente privilegiado, 128 participantes (62,4%) vivenciaram algum evento caracterizado como VO. Das 205 participantes, 92 (44,8%) responderam negativamente quando perguntadas se consideram ter sofrido VO, sendo que em seguida indicaram algum evento que caracteriza a VO. Além disso, dentre estas participantes que não reconheceram a VO, 84 (91%) afirmaram saber o que é a VO. Ou seja, as participantes informam saber o que é, mas quando foram expostas a alguma situação de VO não foram capazes de reconhecer como tal. Conclusão: Concluiu-se que a maioria das participantes que sofreram violência obstétrica durante o trabalho de parto não foram capazes de reconhecê-la. Essa dificuldade é fruto da violência de gênero, da carência de conhecimento acerca do tema, do difícil alcance das políticas públicas para as gestantes e da complexidade da assistência no momento do parto e nascimento, uma vez que, quando o bebê nasce bem, as puérperas tendem a ignorar as situações ruins anteriores. Dentre as limitações do estudo, apontamos para o número limitado de participantes, em vista do universo de parturientes da região metropolitana do Rio de Janeiro. Além disso, não foi possível avaliar se as mulheres submetidas à cesariana tinham indicação para tal, o que também poderia se caracterizar como VO. Durante a busca de referências para fundamentar a discussão, foi possível observar a escassez de literatura a respeito da VO, há poucas referências com a temática, e tendem a focar na caracterização da violência. Sendo assim, urge que pesquisas sejam desenvolvidas. Além disso, é de suma importância que o conceito de violência obstétrica seja estabelecido de forma clara e consistente para resguardar tanto as mulheres quanto os profissionais.
Título do Evento
XXX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ARAUJO, mariana barbosa de et al.. A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO.. In: Anais da Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) UNIFASE/FMP, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2024/939706-A-VIOLENCIA-OBSTETRICA-NA-REGIAO-METROPOLITANA-DO-RIO-DE-JANEIRO. Acesso em: 14/07/2025

Trabalho

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