DESAFIOS ÉTICOS DO PSICÓLOGO DIANTE DA MEDICALIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR

Publicado em - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
DESAFIOS ÉTICOS DO PSICÓLOGO DIANTE DA MEDICALIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR
Autores
  • Sophia Iglesias Miranda
  • Sophia Iglesias Miranda
  • Rafael Vianna Costa
  • claudia da costa guimarães santana
Modalidade
Revisão de Literatura
Área temática
EDUCAÇÃO E INCLUSÃO
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2023/720853-desafios-eticos-do-psicologo-diante-da-medicalizacao-da%a0vida%a0escolar
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
psicologia escolar; patologização; medicamentalização desmedicalização da vida.
Resumo
A medicalização é um fenômeno complexo e multifacetado que permeia diversos aspectos da sociedade contemporânea. Este processo implica a transformação de questões que originalmente fazem parte do cotidiano das pessoas, tais como dificuldades de aprendizagem, comportamentos considerados desviantes, tristezas passageiras, e até mesmo características naturais da condição humana, em problemas que são abordados pela perspectiva médica, relegando-as a questões de ordem biológica. Esta transformação das experiências humanas em termos médicos é um tema que desperta preocupações éticas, sociais e profissionais significativas, com implicações que vão muito além do consultório médico. A medicalização não está restrita ao campo da medicina, mas se estende a outras profissões, como a psicologia, e impacta diretamente áreas como a educação, a psicologia clínica, a psiquiatria, a sociologia e até mesmo as políticas públicas. No contexto escolar este processo se manifesta na forma da medicalização do comportamento de crianças e adolescentes. Questões como a agitação, desatenção ou a rebeldia, que antes eram consideradas fenômenos normais do desenvolvimento, passam, sob o domínio da cosmovisão médico-psiquiátrica, a se tratar de transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que possui medicação psicoestimulante prescrita como tratamento. Isso pode resultar em uma simplificação excessiva e prejudicial desses comportamentos, que desconsidera fatores contextuais, familiares e sociais que explicam o comportamento observado. O fenômeno da patologização dos comportamentos infantis neste contexto é complexo e multifacetado, com várias causas subjacentes. Uma delas é a crescente pressão sobre o sistema educacional para atender a padrões de desempenho acadêmico e comportamento que se encaixem em uma definição estreita de normalidade. Com frequência, as escolas são avaliadas com base em métricas de desempenho, como resultados em testes padronizados, taxas de evasão e conformidade com critérios de comportamento predefinidos. Isso pode levar a uma cultura que valoriza a uniformidade e marginaliza a diversidade de estilos de aprendizagem e de comportamento. Outra influência significativa é a comercialização e a influência da indústria farmacêutica na promoção de medicamentos psicotrópicos para tratar uma variedade de condições psicológicas e comportamentais, portanto, a medicamentalização. Este é um desdobramento preocupante da medicalização, é caracterizada pelo crescente recurso a medicamentos psicotrópicos como uma resposta simplista e muitas vezes inadequada às situações que são percebidas como desviantes dos padrões de normalidade. O uso excessivo e muitas vezes inadequado de medicamentos psicotrópicos tornou-se uma tendência alarmante. Isso inclui o aumento das prescrições de antidepressivos, ansiolíticos, estimulantes e outras substâncias psicoativas, muitas vezes administradas a crianças, adolescentes e adultos, a fim de controlar uma ampla gama de problemas emocionais e comportamentais. Portanto, enfrentar a medicamentalização requer uma abordagem multidisciplinar que envolva profissionais de saúde, educadores, pais e a sociedade em geral. É essencial promover uma cultura de cuidado integral, onde o uso de medicamentos seja uma opção cuidadosamente ponderada, baseada em evidências sólidas e no respeito aos princípios éticos que protegem a saúde e o bem-estar das pessoas. Deste modo, a ética profissional do psicólogo é constantemente desafiada quando se trata da medicalização. O Código de Ética Profissional do Psicólogo estabelece princípios fundamentais, como o respeito à dignidade e integridade das pessoas, a promoção da saúde psicológica, a atuação em contextos de sofrimento humano, entre outros. Estes princípios podem entrar em conflito com abordagens medicalizantes que focam exclusivamente em intervenções biomédicas. Assim, é crucial que os psicólogos estejam atentos a esses desafios éticos e busquem abordagens que considerem a integralidade da experiência humana. Neste cenário, o psicólogo escolar é capacitado para compreender e abordar a complexidade das questões emocionais e comportamentais dos alunos. Sua função primordial deve ser a de avaliar cuidadosamente o contexto em que os comportamentos ocorrem, considerando fatores familiares, sociais e acadêmicos que podem estar contribuindo para os desafios apresentados. Através de uma revisão bibliográfica aprofundada, nosso objetivo é lançar luz sobre os preocupantes processos de medicalização dos comportamentos infantis nas escolas, juntamente com a crescente tendência de prescrever drogas lícitas às crianças como uma resposta rápida aos desafios percebidos. Além disso, pretendemos destacar o papel crucial da psicologia escolar diante desses desafios complexos, visando à construção de uma educação que seja verdadeiramente significativa para nossos alunos. Neste contexto, o papel do psicólogo escolar é de extrema importância. Ao adotar uma postura ética e comprometida com a construção de uma educação de qualidade, o psicólogo escolar pode desempenhar um papel central na promoção de abordagens mais humanizadas e contextualizadas. Isso inclui a proposta de situações educacionais que valorizem os sujeitos que compõem o ambiente escolar, reconhecendo a singularidade e a diversidade de cada aluno. Ele pode trabalhar em colaboração com a equipe escolar para desenvolver estratégias de ensino que levem em consideração as diferentes necessidades de aprendizado, bem como fornecer orientação sobre práticas de ensino inclusivas e eficazes.
Título do Evento
XXIX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MIRANDA, Sophia Iglesias et al.. DESAFIOS ÉTICOS DO PSICÓLOGO DIANTE DA MEDICALIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2023/720853-DESAFIOS-ETICOS-DO-PSICOLOGO-DIANTE-DA-MEDICALIZACAO-DA%a0VIDA%a0ESCOLAR. Acesso em: 11/05/2025

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