INFECÇÃO POR CRYPTOCOCCUS GATTII EM PACIENTE CANINO COM SINAIS NEUROLÓGICOS E OFTÁLMICOS: RELATO DE CASO

Publicado em 27/01/2021 - ISSN: 2237-4949

Título do Trabalho
INFECÇÃO POR CRYPTOCOCCUS GATTII EM PACIENTE CANINO COM SINAIS NEUROLÓGICOS E OFTÁLMICOS: RELATO DE CASO
Autores
  • João Luis Baqui Dias
  • Agnes Seewald Barbugian
  • Silene de Cassia Bombardi
  • Lenita Cristina Risso
  • VALDIR DE OLIVEIRA DORTA JUNIOR
  • REGINA KIOMI TAKAHIRA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Patologia Clínica
Data de Publicação
27/01/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/samvet2020/320615-infeccao-por-cryptococcus-gattii-em-paciente-canino-com-sinais-neurologicos-e-oftalmicos--relato-de-caso
ISSN
2237-4949
Palavras-Chave
Palavras-chave: Micologia, doenças infecciosas, citologia, zoonose
Resumo
Introdução A criptococose é uma enfermidade fúngica cosmopolita, sistêmica e de caráter zoonótico causada pelos agentes Cryptococcus neoformans, Cryptococcus laurentii, Cryptococcus albidus e Cryptococcus gattii. (CAMPOS et al., 2009). Normalmente acomete indivíduos imunocomprometidos e a infecção se dá pela inalação de esporos e leveduras, e por via hematógena, podendo atingir e colonizar o sistema nervoso central de cães e gatos. Nesses animais, a doença afeta principalmente adultos jovens (SILVIA et al., 2015) (VERAN, GALLAY-LEPOUTRE, 2020). Os sinais neurológicos manifestam-se de acordo com o envolvimento das meninges ou com o aumento da pressão intracraniana, sendo os mais comuns a ataxia, depressão, paresia, convulsões, andar em círculos e cegueira (SILVIA et al., 2015). Os sinais oftálmicos dos animais acometidos variam entre hiperemia conjuntival, midríase completa, papiledema, deslocamento parcial da retina e coriorretinite (BARBRY et al., 2019). O diagnóstico da criptococose é realizado através do exame citológico, histopatologia, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e por cultura e identificação da espécie (ATAÍDE, 2020). O prognóstico geralmente é ruim em casos em que há acometimento do sistema nervoso central. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi relatar um caso de infecção por C. gattii, diagnosticado por meio da citologia e cultura e identificação da espécie em paciente canino com alterações neurológicas e oftálmicas. Relato de caso Uma cadela fêmea SRD, 2 anos, 17 kg, recém-adotada foi encaminhada para uma clínica veterinária privada apresentando aumento de volume em porção frontal da cabeça e em região periocular esquerda, hiperemia conjuntival e opacidade de câmara anterior em olho esquerdo (figura 1), com evolução de 12 dias. O médico veterinário anteriormente responsável pelo caso havia instituído tratamento para processo alérgico, porém sem sucesso na regressão do nódulo, motivando o tutor a buscar segunda opinião. No primeiro atendimento foram realizados hemograma, radiografia e ultrassonografia abdominal. Foram constatadas apenas eosinofilia ao hemograma (2.354 células/µl; Valores de referência: 100 a 1.250 células/µl) e discreta esplenomegalia ao ultrassom. Observaram-se também opacificação homogênea em cavidade nasal esquerda, diminuindo visibilização dos ossos turbinados nasais e etmoidais, opacificação em seio frontal esquerdo e aumento de tecidos moles em região dorsal e craniolateral ao osso frontal nas projeções radiográficas laterolateral esquerda, oblíqua e dorsoventral do crânio. Neste momento o cão iniciava manifestações como dor discreta e apetite seletivo. No dia seguinte, o proprietário retornou com o animal alegando apatia e anorexia. Foi então realizada a coleta do material exsudativo do nódulo para avaliação citológica, quando foi constatada a presença de diversos agentes leveduriformes, arredondados ou ovoides, distribuídos difusamente ou situados no citoplasma de macrófagos compatíveis com Cryptococcus sp. (figura 2). A amostra foi enviada ao laboratório veterinário de apoio para realização da cultura (Micobiotic e Sabouraud) e identificação da espécie (PCR), onde foi evidenciada a presença do microrganismo C. gattii. Após diagnóstico citológico foi instituída a terapia com fluconazol 10mg/Kg, bid, via oral, até novas recomendações e medicações para controle da dor, como tramadol e dipirona e alimentação forçada com seringa. Durante os dias em que houve acompanhamento do paciente, tutor relatou que animal não o reconhecia mais, além de descrever manifestações clínicas como dores, anorexia, vocalização e, ao nono dia, incoordenação e tremores. Após 4 dias foi realizado procedimento cirúrgico para remoção do nódulo, que apresentava conteúdo mucosseroso com presença de massa fibrótica. O processo de curetagem evidenciou uma quantidade considerável de secreção proveniente do osso frontal e foi realizada trefinação para maior drenagem do conteúdo. Após finalizado o procedimento cirúrgico e removidos os anestésicos utilizados no protocolo (Medicamento pré-anestésico: metadona, 0,3mg/Kg; Indução: condução de propofol e cetamina; Manutenção: isoflurano; Manutenção analgésica: remifentanil), paciente não recuperou os reflexos respiratórios nem palpebrais. Manteve-se em respiração assistida por 2 horas, quando proprietário então optou pela eutanásia. Discussão A infecção fúngica descrita mostrou-se agressiva e com evolução rápida, não havendo resposta necessária mediante terapia. O exame citológico, por ser um meio diagnóstico pouco invasivo e de baixo custo, deve sempre ser encorajado mediante nodulações próximas ao trato respiratório. A escolha do fluconazol foi baseada na boa capacidade de penetração do fármaco no sistema nervoso central em relação a outros antifúngicos como cetoconazol e anfotericina B. Os aspectos clínicos presentes no relato condizem com os descritos em literatura, porém o diagnóstico torna-se desafiador uma vez que enfermidades como cinomose, meningoencefalite protozoária e neoplasias podem apresentar quadro clínico semelhante. O procedimento cirúrgico para remoção do nódulo e consequente protocolo anestésico foram necessários para eliminação do foco infeccioso inicial, otimizando o prognóstico do paciente. Embora incomum na rotina clínica é uma doença potencialmente fatal, principalmente quando há acometimento do sistema nervoso central. A demora para obtenção do diagnóstico a partir dos primeiros sinais e as limitações financeiras dos responsáveis pelo animal foram condições agravantes do caso clínico. Conclusão A gravidade da infecção, o aspecto zoonótico e a escassez de casos em pacientes caninos ressaltam a importância de mais estudos em relação a essa enfermidade na medicina veterinária. As intercorrências bem descritas em literatura e apresentadas neste relato reiteram a importância do diagnóstico precoce da criptococose canina. Referências bibliográficas ATAÍDE, W.F. et al. Aspectos clínico-epidemiológicos da criptococose canina – relato de caso. 2020. Inovação e pluralidade na medicina veterinária 2. Cap 5, pag 35-42, Ponta Grossa, PR: Atena, 2020. BARBRY, J.B. et al. Cryptococcosis with ocular and central nervous system involvement in a 3-year-old dog. 2019. Clinical Case Reports.2019 Dec; v.7(12): 2349-2354 CAMPOS, F.L. et al. Isolamento de Cryptococcus neoformans, C gattii e C. laurentii de sistema nervoso central de cães na cidade do Rio de Janeiro,RJ,Brasil.2009. Acta Scientiae Veterinarie. Pub. 855. 37(4): 351-355. SILVA.Y.A.G.; FERNANDES.C.G.; THO.J.S.; ROMÃO.F.G.;SOUZA.F.B. Criptococose em cães – Revisão de literatura. 2015. Medicina Veterinária nas Faculdades Integradas de Ourinhos-FIO. Disponível em :< https://cic.unifio.edu.br/anaisCIC/anais2015/pdf/vet011.pdf>. Acesso em 22 de novembro de 2020. VERÁN. E; GALLAY-LEPOUTRE. J. Méningoencéphalomyélite à Cryptococcus neoformans chez un Berger allemand. 2020. Revue Vétérinaire Clinique Vol 55, Issue 2, June 2020, Pag 61-66. France. Figura
Título do Evento
VI SAMVET 2020 - Semana Acadêmica da Pós-Graduação em Medicina Veterinária - SamVet / VI Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária
Título dos Anais do Evento
Anais SamVet 2020
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

DIAS, João Luis Baqui et al.. INFECÇÃO POR CRYPTOCOCCUS GATTII EM PACIENTE CANINO COM SINAIS NEUROLÓGICOS E OFTÁLMICOS: RELATO DE CASO.. In: Anais SamVet 2020. Anais...Seropédica(RJ) UFRRJ, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SamVet2020/320615-INFECCAO-POR-CRYPTOCOCCUS-GATTII-EM-PACIENTE-CANINO-COM-SINAIS-NEUROLOGICOS-E-OFTALMICOS--RELATO-DE-CASO. Acesso em: 15/02/2025

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