ANALGESIA MULTIMODAL EM FELINO COM CORPO ESTRANHO LINEAR : RELATO DE CASO

Publicado em 27/01/2021 - ISSN: 2237-4949

Título do Trabalho
ANALGESIA MULTIMODAL EM FELINO COM CORPO ESTRANHO LINEAR : RELATO DE CASO
Autores
  • Karen Pinheiro Dos Santos Martins
  • Gustavo Nunes de Santana Castro
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Anestesiologia
Data de Publicação
27/01/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/samvet2020/320603-analgesia-multimodal-em-felino-com-corpo-estranho-linear---relato-de-caso
ISSN
2237-4949
Palavras-Chave
PIVA, Nocicepção, Dor, Protocolo
Resumo
Introdução Os corpos estranhos intestinais são considerados emergências cirúrgicas muito comuns na rotina médica, uma vez que podem causar no animal rupturas intestinais seguida de quadros de peritonite e óbito. Em felinos, a incidência pode ser justificada pelo seu hábito comportamental de brincar com linhas e lãs, por exemplo (ROSA et al, 2015). A analgesia multimodal, tem sido empregada em Medicina Veterinária, como uma associação de fármacos com propriedades analgésicas a fim de bloquear a dor por diferentes mecanismos farmacodinâmicos (BELMONT et al., 2008). Dessa forma, tem sido utilizado infusões contínuas com morfina, fentanil, dexmedetomidina e cetamina, por exemplo, para o conforto do paciente, pois além de fornecer controle da dor , as infusões podem reduzir o nível necessário do anestésico inalatório (ADAMS et al., 2017). Para procedimentos cirúrgicos intestinais, recomenda-se uso de opiodes na medicação pré anestésica como o fentanil, morfina, e também em infusão continua associada a cetamina, por exemplo. Além disso, de acordo com Adams et al. (2017), a administração de anestésicos locais via epidural, com ou sem morfina, é uma ótima opção para cirurgias intestinais. No entanto, deve-se evitar esse método quando o animal apresentar hipovolemia não corrigida, sepse, coagulopatia ou dermatite na região onde a técnica de anestesia epidural é executada- área lombossacral (ADAMS et al, 2017). Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é relatar o protocolo anestésico com ênfase na analgesia multimodal para controle efetivo da dor perioperatória. Relato de caso Um felino pelo curto brasileiro, com 10 meses de idade, peso corporal de 3,4 kg, classificado em ASA 3, pois apresentava-se bastante prostrado e com líquido livre no abdômen, foi encaminhado para realização de procedimento cirúrgico emergencial de enterotomia, para remoção de corpo estranho linear após diagnóstico ultrassonográfico e visualização de linha presa à base da lingua Como protocolo anestésico, foi realizado medicação pré anestésica com dexmedetomidina (2mcg/kg) associada a metadona (0,25 mg/kg) e cetamina (1mg/kg), por via intramuscular, com intuito de obter uma sedação moderada no animal. Para indução foi administrado propofol (3 mg/kg) por via intravenosa, até perda do tônus de mandíbula e intubação orotraqueal. A manutenção anestésica foi realizada por via inalatória com isoflurano. A fim de obter analgesia, optou-se por infusão contínua de fentanil (2,5 mcg/kg/hr) e adjuvantes anestésicos - dexmedetomidina (1 mcg/kg/hr) e cetamina (0,5 mg/kg/hr).Durante o procedimento, que durou cerca de uma hora e trinta minutos, o animal manteve plano anestésico e parâmetros fisiológicos estáveis, não sendo necessários ajustes. A recuperação anestésica foi considerada de boa qualidade com o paciente voltando a consciência de forma suave, na qual a infusão foi descontinuada seguido ao término do procedimento cirúrgico. Resultados e discussão A técnica de analgesia multimodal foi utilizada, pois por meio da infusão contínua de fármacos, diminui-se a incidência de sensibilização central durante a anestesia (BELMONT et al 2013). Para isso, utilizou-se dexmedetomidina associada à cetamina, a fim de fornecer ao paciente analgesia e miorrelaxamento, sem impacto relevante para sua recuperação. Além disso, a infusão de cetamina é importante para o paciente crítico, pois é improvável que produza efeitos adversos graves sobre a função gastrointestinal ou pulmonar, já que se observa diminuição da resistência das vias aéreas, aumento da complacência pulmonar, sendo então menos provável de produzir depressão respiratória (ERSTAD; PATANWALA, 2016). Tal fármaco tem ganhado muito espaço nos protocolos para pacientes críticos, pois ele tem sido utilizado em tratamentos de dor, como uma forma de minimizar o uso de opioides, estes causam muitos efeitos adversos nos pacientes (ERSTAD; PATANWALA, 2016). Ademais, a dexmedetomidina proporciona uma depressão respiratória mínima, redução do tempo de internação e intubação e, assim como a cetamina, apresenta capacidade de poupar uso dos opioides, o que minimiza eventos adversos a interação medicamentosa (CARMO,2017). Foi observado também, através de estudos, que a dexmedetomidina pode estar associada a uma menor prevalência de delírio o que irá proporcionar uma diminuição da taxa de mortalidade dos pacientes críticos (CARMO,2017) . Como sugestão literária, tem-se o uso de fentanil e morfina para controle de dor, no entanto, no presente relato, optou-se pelo fentanil pois esse fármaco proporciona maior segurança, início de ação mais rápido e ser 100 vezes mais potente que a morfina (BELMONT et al 2013). Além disso, deve-se salientar que os opioides são comprovadamente eficazes no que diz respeito ao seu poder analgésico, e indicados quando se deseja aliviar o desconforto e o sofrimento associados com a dor, durante e no período pós operatório (ROMEU et al, 2019). Por outro lado, apesar de muitos protocolos utilizar o método de bloqueio epidural, este não foi feito em nosso protocolo, uma vez que tratava-se de um paciente inflamado, uma vez que apresentava os três sinais da inflamação sistêmica que são taquipneia, taquicardia e hipertermia “febril”, que tinha chances de apresentar sepse, sendo contraindicado tal técnica em pacientes com esse quadro clínico. Sendo assim, tais escolhas analgésicas foram importantes para o enfermo pois os fármacos utilizados proporcionaram-lhe conforto, pela ausência de nocicepção e efeitos colaterais mínimos, uma vez que o paciente manteve seus parâmetros fisiológicos estáveis durante todo o procedimento cirúrgico. Conclusão A associação de fármacos com propriedades analgésicas para forneceranalgesia multimodal é uma excelente escolha para cirurgias intestinais pois, além de possibilitar uma analgesia eficaz no transcirurgico, não impactou na recuperação anestésica do paciente Referências bibliográficas BELMONT, E.A; NUNES. N; THIESEN.R; LOPES. P.C.F; COSTA. P.F; BARBOSA. V.F; MORO. J.V; BATISTA. P.A.C.S; BORGES. P.A. Infusão contínua de morfina ou fentanil, associados à lidocaína e cetamina, em cães anestesiados com isoflurano. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.65, n.4, p.1075-1083, 2013 BROWN, E.M; PAVONE, K.J; NARANJO M. Multimodal general anestesia: Theory and Practice. Anesthesia & Analgesia. 2018; 127: 1246-58 CARMO, T.G. Vantagens e desvantagens do uso de dexmedetomidina na sedação em Unidades de Terapia Intensiva. Revista saúde e desenvolvimento. v.11, n.6, p.1-15, 2017 ERSTAD, B.L; PATANWALA. A.E. Ketamine for analgosedation in critically ill patients. 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Título do Evento
VI SAMVET 2020 - Semana Acadêmica da Pós-Graduação em Medicina Veterinária - SamVet / VI Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária
Título dos Anais do Evento
Anais SamVet 2020
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MARTINS, Karen Pinheiro Dos Santos; CASTRO, Gustavo Nunes de Santana. ANALGESIA MULTIMODAL EM FELINO COM CORPO ESTRANHO LINEAR : RELATO DE CASO.. In: Anais SamVet 2020. Anais...Seropédica(RJ) UFRRJ, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SamVet2020/320603-ANALGESIA-MULTIMODAL-EM-FELINO-COM-CORPO-ESTRANHO-LINEAR---RELATO-DE-CASO. Acesso em: 07/02/2025

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