CRIOCIRURGIA EM LEITO CIRÚRGICO COMO MODALIDADE ADJUVANTE NO TRATAMENTO DE SARCOMA SUBCUTÂNEO

Publicado em 27/01/2021 - ISSN: 2237-4949

Título do Trabalho
CRIOCIRURGIA EM LEITO CIRÚRGICO COMO MODALIDADE ADJUVANTE NO TRATAMENTO DE SARCOMA SUBCUTÂNEO
Autores
  • Felipe Noleto de Paiva
  • Rafaela da Silva Goes
  • Pedro Carvalho Cassino
  • Thiago Souza Costa
  • André Marinho
  • Julio Israel Fernandes
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Cirurgia
Data de Publicação
27/01/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/samvet2020/320464-criocirurgia-em-leito-cirurgico-como-modalidade-adjuvante-no-tratamento-de-sarcoma-subcutaneo
ISSN
2237-4949
Palavras-Chave
cão, neoplasia mesenquimal, crioterapia, cirurgia.
Resumo
Introdução Os sarcomas são tumores de origem mesenquimal e podem se desenvolver em qualquer região anatômica. Em caninos essas neoplasias apresentam importante acometimento cutâneo e subcutâneo representando de 9 a 15% dos tumores na região. A terminologia ‘sarcoma de tecidos moles’ se refere a um grupo tumoral de características semelhantes em comportamento biológico e morfologia histopatológica. A abordagem diagnóstica e terapêutica também se mostra semelhante, sendo necessário exame histopatológico e tratamento cirúrgico na maior parte dos casos (DENNIS et al., 2010; BRAY, 2016). A criocirugia é uma modalidade terapêutica derivada da criobiologia e da cirurgia, e consiste na aplicação de substâncias em temperaturas criogênicas promovendo a destruição tecidual seletiva, com a sua indicação principalmente nas afecções tegumentares (QUEIROZ et al., 2008; MALBURG et al., 2017; YILMA; FESSEHA, 2020). O presente trabalho tem por objetivo descrever um caso de sarcoma subcutâneo em região de cabeça, em um canino com seis meses de idade, tratado com cirurgia associada à criocirurgia em leito cirúrgico para obtenção de margens livres de células neoplásicas residuais. Relato do Caso Foi atendido um canino, Dálmata, fêmea, de seis meses de idade, manifestando aumento de volume em cabeça. Foi relatado que a lesão teve início três meses antes, sendo realizada tentativa de drenagem e posteriormente uma biopsia incisional, com laudo histopatológico de sarcoma de tecidos moles de grau II. Em anamnese não foram constatadas alterações associadas, e no exame físico o animal apresentava parâmetros vitais dentro dos valores de normalidade, sem alteração em linfonodos. Avaliando a massa foram constatadas dimensões de 4,5x3,0cm, aspecto regular, consistência firme, parcialmente aderido, sem sinais de ulceração, com localização em região occipital. Foram solicitados exames de hemograma, bioquímica sérica com análise de alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), albumina, ureia e creatinina; radiografia torácica e ultrassonografia abdominal para avaliação do estado geral do paciente e pesquisa de possíveis focos metastáticos, não sendo observadas alterações dignas de nota. Foi solicitado ainda exame de tomografia de crânio que evidenciou formação expansiva em subcutâneo de região occipital esquerda, com dimensões de 5,8x6,0x2,1cm, adjacente a musculatura temporal, sem evidências de lise óssea. Optou-se pela abordagem multimodal com a excisão cirúrgica associada a criocirurgia em leito cirúrgico, visando a obtenção de margens cirúrgicas livres. Foi realizada a exérese marginal da massa, seguido pela aplicação da criocirugia, com a realização de três ciclos de congelamento, diretamente sobre a calota craniana. Para fechamento do defeito cirúrgico foi utilizada técnica reconstrutiva de retalho subdérmico de avanço. O material removido foi enviado para avaliação histopatológica com laudo de sarcoma fusocelular do subcutâneo grau II. Foi recomendado acompanhamento periódico após o procedimento, e no período de um ano o paciente manteve bom estado geral, livre de recidivas tumorais até o presente momento. Discussão O presente trabalho descreve o caso de um sarcoma de tecidos moles subcutâneo em canino. A localização tegumentar representa o sítio anatômico de maior incidência de neoplasias na espécie (QUEIROZ et al., 2008), com os sarcomas entre os tipos mais frequentes (GRAF et al., 2018). O animal apresentava seis meses de idade no momento do atendimento, representando uma idade precoce. A incidência em animais jovens é pouco descrita em literatura, com mínimos relatos de pacientes com idade inferior a um ano (BRAY, 2016, DENNIS et al., 2010). Macroscopicamente, os sarcomas podem apresentar aspecto variável, geralmente com a manifestação de massas de crescimento lento, consistência firme, podendo estar aderida aos tecidos adjacentes (BRAY, 2016) semelhante à apresentação observada. Quanto a localização, o acometimento em membros é o mais frequente, seguido pelo tronco e cauda, com menor incidência em cabeça, que representa menos de 5% dos casos (BRAY, 2016; GRAF et al., 2018), sendo a localização observada em região occipital considerada incomum. O diagnóstico histopatológico obtido foi de sarcoma de tecidos moles, em avaliação inicial, e posteriormente de sarcoma fusocelular do subcutâneo, em laudo após a excisão cirúrgica. O sarcoma fusocelular do subcutâneo está incluído dentre os sarcomas de tecidos moles caninos (DENNIS et al., 2010), sendo ambos os diagnósticos concordantes entre si. A graduação histopatológica representa um importante fator prognóstico, com o grau II, observado no caso, representando um prognóstico intermediário (DENNIS et al., 2010; BRAY, 2016). A excisão cirúrgica é a modalidade terapêutica de eleição para os sarcomas e a obtenção de margens cirúrgicas laterais e profundas está relacionada a redução das taxas de recidiva e a melhor qualidade de vida (DENNIS et al., 2010; BRAY, 2016; MILOVANCEV et al, 2019). No entanto, algumas regiões anatômicas representam um desafio terapêutico, como a região de cabeça, que torna difícil a obtenção de margens laterais devido à proximidade de estruturas sensoriais como os olhos; e margens profundas devido a limitação do crânio. Nesses casos a abordagem multimodal, conforme empregada no caso, possibilita a ressecção segura com a manutenção das margens necessárias (BRAY, 2016). A criocirurgia é amplamente utilizada como modalidade terapêutica adjuvante (YILMA; FESSEHA, 2020), com eficácia semelhante a abordagem cirúrgica em alguns casos de neoplasias tegumentares (MALBURG et al., 2017). Seu uso é descrito em diversos tumores malignos, incluindo aqueles de origem mesenquimal (QUEIROZ et al., 2008). No caso descrito a criocirurgia foi aplicada diretamente em leito cirúrgico com o objetivo de induzir a morte celular em células neoplásicas residuais, após a excisão do tumor visível macroscopicamente. Conclusão A abordagem multimodal empregando a criocirurgia em leito cirúrgico associada a excisão cirúrgica simples se mostrou eficaz garantindo a manutenção da margem livre de células neoplásicas e tornando o prognóstico favorável.
Título do Evento
VI SAMVET 2020 - Semana Acadêmica da Pós-Graduação em Medicina Veterinária - SamVet / VI Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária
Título dos Anais do Evento
Anais SamVet 2020
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PAIVA, Felipe Noleto de et al.. CRIOCIRURGIA EM LEITO CIRÚRGICO COMO MODALIDADE ADJUVANTE NO TRATAMENTO DE SARCOMA SUBCUTÂNEO.. In: Anais SamVet 2020. Anais...Seropédica(RJ) UFRRJ, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SamVet2020/320464-CRIOCIRURGIA-EM-LEITO-CIRURGICO-COMO-MODALIDADE-ADJUVANTE-NO-TRATAMENTO-DE-SARCOMA-SUBCUTANEO. Acesso em: 13/02/2025

Trabalho

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