BRANQUEAMENTO E DISPUTA DE NARRATIVAS NA MÍDIA REPUBLICANA - O CASO DAS REMOÇÕES URBANÍSTICAS NO RIO DE JANEIRO (1902-1906)

Publicado em 22/03/2021 - ISBN: 978-65-5941-128-3

Título do Trabalho
BRANQUEAMENTO E DISPUTA DE NARRATIVAS NA MÍDIA REPUBLICANA - O CASO DAS REMOÇÕES URBANÍSTICAS NO RIO DE JANEIRO (1902-1906)
Autores
  • Ana Luiza Fernandes da Silva
  • Renato Emerson Nascimento dos Santos
Modalidade
Resumo apresentação oral padrão
Área temática
Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE)/Planejamento Urbano e Regional
Data de Publicação
22/03/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/jgmictac/319858-branqueamento-e-disputa-de-narrativas-na-midia-republicana---o-caso-das-remocoes-urbanisticas-no-rio-de-janeiro-(
ISBN
978-65-5941-128-3
Palavras-Chave
Branqueamento; reformas urbanas; população negra; imprensa
Resumo
Este trabalho, em fase inicial, tem como tema a dimensão racial nos discursos no campo midiático sobre as remoções e demolições de cortiços, com o objetivo de analisar os conteúdos de jornais e revistas, no contexto das reformas urbanas do Rio de Janeiro de 1902 a 1906. As reformas urbanas do início do século XX ocorreram associadas à formação da identidade nacional republicana. Uma identidade institucional e excludente, junto de um processo de reconstrução do espaço urbano da capital federal. Um projeto de cidade que visava eliminar os vestígios coloniais e escravistas impactando a população da capital, principalmente, a população não-branca, sob influência de teorias de higienismo e eugenia da época. Nessa perspectiva, as reformas foram uma tentativa de europeização cultural, estética e étnico-racial por meio de mudanças arquitetônicas e da expulsão da área central de populações não-brancas, na maioria negras. A imprensa teve importante papel no processo. Demuner (2020), analisando discursos midiáticos na cobertura das demolições de cortiços pelas reformas urbanas, mostra uma disputa de narrativas: não havia uma linha única de análise dentro de jornais e revistas ilustradas. Segundo a autora, diversos periódicos da época incorporaram os discursos civilizatórios, mas também apareciam discursos de crítica social ao processo de desapropriação e descaso das autoridades para com a população. Nosso objetivo é pesquisar a dimensão racial nestes discursos. Desta forma, os procedimentos metodológicos dessa pesquisa de caráter documental tem como mote o conceito de branqueamento do território (SANTOS, 2018), que pode ser compreendido a partir de três dimensões; branqueamento da ocupação, quando populações não-brancas são retiradas de seu território; branqueamento cultural, restrição das manifestações e sociabilidades (em particular, afro-brasileiras); branqueamento da imagem, ocultação dos grupos não-brancos das narrativas sobre a formação do território. Entrelaçam-se as discussões sobre as condições de moradia da população negra, os discursos sanitaristas, memória e corpo negro a partir das remoções habitacionais no processo histórico de fortalecimento do ideal identitário republicano (CHALHOUB, 1996). Pretendemos, nesta pesquisa, analisar os conteúdos presentes nas fontes Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Revista Kosmos e Revista O Malho (disponíveis em Hemeroteca Digital brasileira), entre o período de 1902 a 1906, acerca da ausência ou estigmatização da dimensão racial nas publicações tanto favoráveis quanto críticas às reformas. Buscaremos também fotografias do período das reformas para mapear o impacto do branqueamento territorial decorrente das demolições. Como resultados iniciais, temos observado que os periódicos citados não caracterizaram a população que sofreu os impactos da “modernidade” carioca, ou seja, os meios de comunicação contribuem para um branqueamento da imagem dos sujeitos negros, visto que não há uma racialização dos discursos. Referência Bibliográfica CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996 DEMUNER, Suelem Teixeira. O Rio de Janeiro pelo Brasil: a grande reforma urbana nos jornais do país (1903 - 1906). Rio de Janeiro, 2020. Dissertação - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2020. SANTOS, Renato Emerson dos. SILVA, K. S.; RIBEIRO, L. P. ; SILVA, N. C. . Disputas de lugar e a Pequena África no Centro do Rio de Janeiro: Reação ou ação? Resistência ou r-existência e protagonismo?. In: Natacha Rena; Daniel Freitas; Ana Isabel Sá; Marcela Brandão. (Org.). Seminário Internacional Urbanismo Biopolítico. 1ed.Belo Horizonte: Fluxos, 2018, v. 1, p. 464-491.
Título do Evento
XLII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (JICTAC 2020 - Edição Especial) - Evento UFRJ
Título dos Anais do Evento
Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Ana Luiza Fernandes da; SANTOS, Renato Emerson Nascimento dos. BRANQUEAMENTO E DISPUTA DE NARRATIVAS NA MÍDIA REPUBLICANA - O CASO DAS REMOÇÕES URBANÍSTICAS NO RIO DE JANEIRO (1902-1906).. In: Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UFRJ, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/jgmictac/319858-BRANQUEAMENTO-E-DISPUTA-DE-NARRATIVAS-NA-MIDIA-REPUBLICANA---O-CASO-DAS-REMOCOES-URBANISTICAS-NO-RIO-DE-JANEIRO-(. Acesso em: 11/02/2025

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