A TOPONÍMIA COMO OBJETO E FERRAMENTA DE DISPUTA IDENTITÁRIA NO TERRITÓRIO DA PEQUENA ÁFRICA NO RIO DE JANEIRO

Publicado em 22/03/2021 - ISBN: 978-65-5941-128-3

Título do Trabalho
A TOPONÍMIA COMO OBJETO E FERRAMENTA DE DISPUTA IDENTITÁRIA NO TERRITÓRIO DA PEQUENA ÁFRICA NO RIO DE JANEIRO
Autores
  • Helissan Cavalcante
  • Renato Emerson Nascimento dos Santos
Modalidade
Resumo apresentação oral curta
Área temática
Centro de Letras e Artes (CLA)/Arquitetura e Urbanismo
Data de Publicação
22/03/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/jgmictac/319633-a-toponimia-como-objeto-e-ferramenta-de-disputa-identitaria-no-territorio-da-pequena-africa-no-rio-de-janeiro
ISBN
978-65-5941-128-3
Palavras-Chave
Toponímia, Lugares de memória, Relações raciais e Identidades, Branqueamento do território
Resumo
Este trabalho, em fase inicial de desenvolvimento a partir de outubro de 2020, tem por tema as mudanças de toponímias vinculadas à presença, cultura e histórias negras na parte da Zona Portuária do Rio de Janeiro que vem sendo reivindicada por atores sociais como Pequena África, alcunha atribuída ao cantor e pintor Heitor dos Prazeres. Palco histórico de intervenções urbanísticas, a região também recebeu diversas alterações toponímicas em logradouros ligados a reminiscências negras, por exemplo: a atual Rua Argemiro Bulcão antes chamava-se Rua da Pedra do Sal, onde hoje um grupo reivindica território quilombola; a Rua Pedro Ernesto no Séc. XIX chamou-se Rua do Cemitério devido ao Cemitério dos Pretos Novos, e depois virou Rua da Harmonia em referência à Praça da Harmonia – esta, palco de resistência da Revolta da Vacina liderada por Prata Preta, hoje nominada Praça Coronel Assunção, um ex-comandante branco; o próprio Cais do Valongo, um dos principais portos de desembarque de africanos, passou a ser designado Cais da Imperatriz em 1843, apagando a vergonhosa memória do tráfico, então sob proibição da Inglaterra. Isto contribui para o que Santos et. al (2018) apontam como branqueamento da imagem do território, significando a construção de leituras espaciais que omitem existências de grupos não-brancos precursores na tessitura histórica local. Por outro lado, recentemente emerge naquela região um repertório de iniciativas de grupos subalternizados que usam a toponímia como ferramenta para ressignificar os espaços, criando lugares de memória negra: a própria defesa do termo Pequena África, em oposição ao projeto Porto Maravilha; manifestações apoiadas judicialmente, como a criação do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana; práticas culturais, como o Samba da Pedra do Sal; a reivindicação de renomeação das estações de VLT Santa Rita e Camerino, rebatizadas Pretos Novos e Rosas Negras, respectivamente. Longe de ser um ato politicamente neutro, a toponímia revela intencionalidades e disputas políticas e, segundo Bourdieu (1989), expõe relações de apropriação/dominação. Correia (2017) nos mostra “(...) a importância do ato de nomear como um processo ligado a causas motivacionais que estabelecem um vínculo de identidade entre o designativo escolhido, o lugar nomeado e o povo que nele habita...”. Assim, o trabalho tem como objetivo analisar a relação entre os topônimos e as dinâmicas de conflito das narrativas espaciais raciais. Como procedimentos metodológicos, pretende-se levantar, sistematizar, analisar o contexto de modificações toponímicas ocorridas na região e explorar a que fins se dedicam, se em favor de apagar ou valorizar a presença, história e cultura negra. Como resultado esperado, este trabalho pretende levantar tensões raciais na produção do espaço expressas através de mudanças toponímicas, identificando as toponímias como objeto e como ferramentas de disputa da construção de identidades.
Título do Evento
XLII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (JICTAC 2020 - Edição Especial) - Evento UFRJ
Título dos Anais do Evento
Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CAVALCANTE, Helissan; SANTOS, Renato Emerson Nascimento dos. A TOPONÍMIA COMO OBJETO E FERRAMENTA DE DISPUTA IDENTITÁRIA NO TERRITÓRIO DA PEQUENA ÁFRICA NO RIO DE JANEIRO.. In: Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UFRJ, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/jgmictac/319633-A-TOPONIMIA-COMO-OBJETO-E-FERRAMENTA-DE-DISPUTA-IDENTITARIA-NO-TERRITORIO-DA-PEQUENA-AFRICA-NO-RIO-DE-JANEIRO. Acesso em: 15/02/2025

Trabalho

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