PLANTANDO CARBONO AZUL PARA RESTAURAR A LAGOA DA CONCEIÇÃO (ILHA DE SANTA CATARINA/SC) E ENFRENTAR AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Publicado em 26/09/2022 - ISBN: 978-65-5941-785-8

Título do Trabalho
PLANTANDO CARBONO AZUL PARA RESTAURAR A LAGOA DA CONCEIÇÃO (ILHA DE SANTA CATARINA/SC) E ENFRENTAR AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Autores
  • Alessandra Fonseca
  • Maíra Almeida
  • PAULO A HORTA JR
  • Elizete Maria Marques
  • Dairana Misturini
  • Roberta de Paula Braz
  • Gisele Silvia Ramos
  • Paulo Roberto Pagliosa
  • Fernando Flores Pereira
Modalidade
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã - Resumo expandido
Área temática
Desenvolvimento, metodologias e aplicações de projetos de ciência cidadã
Data de Publicação
26/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/iwdrbdcc2022/496111-PLANTANDO-CARBONO-AZUL-PARA-RESTAURAR-A-LAGOA-DA-CONCEICAO-(ILHA-DE-SANTA-CATARINASC)-E-ENFRENTAR-AS-MUDANCAS-CL
ISBN
978-65-5941-785-8
Palavras-Chave
socioecossistema, poluição marinha, serviços ecossistêmicos
Resumo
RESUMO Em janeiro de 2021, durantes fortes chuvas em um veraneio de Florianópolis (SC), a barragem da LEI-CASAN se rompeu e lançou toneladas de nutrientes, sedimento e matéria orgânica para dentro da Lagoa da Conceição, intensificando o processo de eutrofização da laguna. Um mês após esse crime ambiental, milhares de organismos marinhos morreram devido à crise distrófica do sistema. Ao longo de 2021, a comunidade da Lagoa da Conceição se mobilizou e se organizou para enfrentar as perdas do patrimônio sócio-ambiental e para exigir ações efetivas dos órgãos públicos para a recuperação da laguna. Em parceria com o Programa Ecoando Sustentabilidade (UFSC) muito debate científico foi promovido com a comunidade, trazendo a restauração com base ecossistêmica como uma alternativa viável e eficiente para o enfrentamento do problema. Nesse caminho, a escola foi definida como o espaço integrador para promover essa restauração ecossistêmica e comunitária. A partir do diálogo com as escolas, o projeto de restauração, do plantio ao monitoramento, foi definido e dá os primeiros passos. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO Devido ao impacto do enriquecimento de nutrientes nas águas costeiras ao redor do mundo, uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sobre a vida na água (ODS-14) visa diminuir prevenir e reduzir a poluição marinha por nutrientes (JOLY et al., 2019). Nesse cenário, a restauração e o monitoramento ambiental são estratégicos para mitigar o dano e compreender os impactos das pressões antrópicas e naturais sobre a qualidade ambiental e dos serviços ecossistêmicos, respectivamente, base para estabelecer respostas de gestão em prol da saúde dos ecossistemas (NEWTON; WEICHSELGARTNER, 2014). A Lagoa da Conceição é um sistema semi-fechado muito sensível à entrada de material vindo da bacia hidrográfica, como macronutrientes (nitrogênio e fósforo), micronutrientes (ferro) e matéria orgânica. A qualidade da água da Lagoa da Conceição vem sofrendo com o aumento histórico da urbanização e dos diferentes usos da água e do solo na sua bacia hidrográfica, e desde 2007, o seu estado trófico (capacidade de alimentar a produção primária) aumentou devido à entrada de efluentes ricos em nutrientes e matéria orgânica(SILVA et al., 2017). O rompimento da barragem da Lagoa de Evapo-Infiltração da ETE-CASAN em janeiro de 2021, período de veraneio, lançou toneladas de nutrientes, sedimento e matéria orgânica para dentro da Lagoa da Conceição, intensificando o processo de eutrofização da laguna. Um mês após esse crime ambiental, milhares de organismos marinhos morreram devido à crise distrófica do sistema (ECOANDO, 2021). As perdas socioambientais que o socioecossistema da Lagoa da Conceição vêm sofrendo ainda não foram bem relatadas, mas são evidentes e foram intensificadas pela crise aguda de poluição que ocorreu em 2021. A partir desse cenário extremo, a comunidade da bacia hidrográfica da laguna, que conta com a comunidade de pesca tradicional da Costa da Lagoa, se mobilizou e encontrou nas ações coletivas uma estratégia de recuperar a laguna. Essa relato vem apresentar o desenvolvimento de uma dessas ações, a ciência cidadã com foco na restauração e no monitoramento ambiental da laguna. DESENVOLVIMENTO, RESULTADOS ALCANÇADOS E LIÇÕES APRENDIDAS Ao longo de 2021, o Programa Ecoando Sustentabilidade da UFSC, o ECOANDO, desenvolveu diversas notas técnicas, rodas de conversa e reuniões para tratar sobre o problema socioambiental da Lagoa da Conceição desencadeado pela poluição por nutrientes. A comunidade também se organizou para reivindicar melhorias e ações concretas em prol da restauração da laguna. Contudo, pouco se teve de retorno dos gestores públicos frente às demandas locais, o que caracterizou o descaso e a necessidade de se organizar coletivamente. Do caos formaram-se pontes de apoio e estratégias de ações coletivas para compreender a dimensão do problema e propor soluções. Logo após o crime provocado pela ineficiência da gestão da CASAN, a comunidade e a equipe do Ecoando se organizaram para coletar amostras de água, visando compreender as mudanças na qualidade ambiental, com destaque a qualidade da água e a incidência de uma alga nociva, a Fibrocapsa japonica. As amostras eram coletadas pela comunidade e processadas pela equipe do ECOANDO. Os dados eram apresentados à comunidade por meio de Nota técnica e roda de conversa, devido à pandemia, os encontros eram virtuais. O conhecimento acadêmico e tradicional, da comunidade de pesca, era base de diálogo para compreender o que estava acontecendo com a laguna. Dessa construção coletiva destacaram-se atores sociais determinados em executar ações para restaurar a laguna, os quais estão na autoria dessa proposta. A necessidade de envolver a comunidade da bacia hidrográfica da laguna, hoje com mais de 40 mil habitantes, reforçou a demanda de executar as ações a partir do espaço escolar. Os editais que estavam sendo lançados foram catalizadores para os encontros dos atores sociais e para a definição de uma proposta de restauração ambiental com base na natureza, o projeto Plantando Capim-Junco. Avaliou-se que o processo de restauração deve ser socioambiental e pode iniciar pela compreensão dos serviços ecossistêmicos e das mudanças da qualidade ambiental identificados pelas diferentes gerações da comunidade local. Seguindo para conhecer e mapear as áreas em que ocorrem/ocorriam os diferentes elementos dos serviços ecossistêmicos, como o junco para a confecção de esteiras. E a partir daí identificar e selecionar as espécies a serem utilizadas para a restauração das áreas úmidas marinhas do entorno da laguna. Plantar e monitorar para avaliar o desenvolvimento do plantio, a variação da complexidade do sistema e o seu potencial em melhorar a qualidade ambiental (a partir de indicadores de monitoramento). Compartilhar as ações com a comunidade e com os gestores públicos para pensarmos coletivamente na Lagoa da Conceição que queremos no futuro. A construção tem sido coletiva e em cada etapa novos elementos podem ser inseridos ou alterados. As escolas já foram contatadas para participarem do desenvolvimento das ações ora propostas. Essa etapa ocorreu de fevereiro a abril de 2022. Para facilitar a participação das(dos) educadoras(res), um curso de formação foi organizado e aprovado pela Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis, com apoio da Escola do Mar, garantindo que parte do desenvolvimento do projeto fosse convertido em horas de formação obrigatória. No momento, temos o envolvimento de três escolas do ensino fundamental I, mobilizando toda a sua comunidade escolar, e duas escolas de ensino fundamental II, que indicaram apenas a disponibilidade de alguns professores de ciência e/ou de geografia. Vê-se, nessas duas escolas maiores, que a questão ambiental ainda está sendo considerada como tema de disciplinas específicas e não como um tema transversal que poderia ser desenvolvido por toda a comunidade escolar. Em um planeta que enfrenta uma crise civilizatória, em que a saúde única está prejudicada e gerando prejuízo em todas as esferas, o aprendizado no espaço escolar - a partir de problemas locais e na busca de soluções - é um aprendizado para a formação cidadã (HORTA et al., 2021). Trazer o método científico para o espaço escolar é promover a definição de critérios de análise e de monitoramento e a construção do conhecimento no saber-fazer. A primeira etapa já está sendo organizada com as turmas. Entrevistas serão feitas pelas crianças/jovens em suas famílias/vizinhança para compreender como era a Lagoa da Conceição; como ela foi sendo alterada ao longo do tempo; os fatores que influenciaram essa modificação; quais serviços ecossistêmicos eram utilizados pela comunidade; como esses serviços foram se perdendo ou sendo substituídos por materiais vindos de fora; os locais onde eram encontrados esses serviços ecossistêmicos e que transformação esses locais sofreram. O desenvolvimento dessa ação ainda está na fase inicial. Acreditamos que a comunidade poderá se envolver fortemente com a proposta pelo convite feito inicialmente pela criança/jovem da sua família a partir da pesquisa socioambiental. Dessa etapa, para o mapeamento dos serviços e a execução da restauração e o monitoramento da área restaurada ainda haverá alguns meses de intenso trabalho. No final do ano letivo iremos promover um encontro entre as escolas e a comunidade para apresentar os resultados produzidos ao longo do projeto, compartilhar os aprendizados e saberes, divulgar os resultados e pensar nas estratégias de curto, médio e longo prazo para o futuro que queremos. AGRADECIMENTOS A toda comunidade da Lagoa da Conceição, em especial às escolas, que estão construindo conosco esse projeto. À SBPC pelo edital “SBPC vai à Escola” e à FAPESC (termo no. 2022TR454) que financiam o desenvolvimento dessa ação. REFERÊNCIAS ECOANDO. Nota Técnica No 04 - Descoloração da água e estratégias de recuperação da Lagoa da Conceição. Florian, 8 mar. 2021, p. 15. Disponível em: https://noticias.ufsc.br/2021/03/nota-tecnica-aborda-estrategias-para-a-recuperacao-da-lagoa-da-conceicao/ HORTA, P A et al. Marine Eutrophication: Overview from Now to the Future. In: HÄDER, Donat-P.; HELBLING, Walter; VILLAFAÑE, Virginia E. (org.). Anthropogenic Pollution of Aquatic Ecosystems. 1a. ed. Switzerland: Springer Netherlands, 2021. p. 157–181. JOLY, C. A. et al. Apresentando o Diasgnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. In: 1° Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. [S. l.: s. n.]. p. 6–33. E-book. NEWTON, A; WEICHSELGARTNER, J. Hotspots of coastal vulnerability: A DPSIR analysis to find societal pathways and responses. Estuarine, Coastal and Shelf Science, [S. l.], v. 140, p. 123–133, 2014. SILVA, V E et al. Space time evolution of the trophic state of subtropical lagoon: Lagoa da Conceição. Brazilian Journal of Water Resources, v. 22, n. 10, 2017.
Título do Evento
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Título dos Anais do Evento
Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

FONSECA, Alessandra et al.. PLANTANDO CARBONO AZUL PARA RESTAURAR A LAGOA DA CONCEIÇÃO (ILHA DE SANTA CATARINA/SC) E ENFRENTAR AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.. In: Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Anais...São Paulo(SP) online, RBCC, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022/496111-PLANTANDO-CARBONO-AZUL-PARA-RESTAURAR-A-LAGOA-DA-CONCEICAO-(ILHA-DE-SANTA-CATARINASC)-E-ENFRENTAR-AS-MUDANCAS-CL. Acesso em: 29/03/2024

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