UM CIVIL NO MINISTÉRIO DA GUERRA: PANDIÁ CALÓGERAS E O LUGAR DO EXÉRCITO NA REPÚBLICA

Publicado em 04/07/2022 - ISBN: 978-65-5941-738-4

DOI
10.29327/165667.4-4  
Título do Trabalho
UM CIVIL NO MINISTÉRIO DA GUERRA: PANDIÁ CALÓGERAS E O LUGAR DO EXÉRCITO NA REPÚBLICA
Autores
  • Bernardo Rocha Carvalho
Modalidade
Apresentação de comunicação
Área temática
14 - Reformas e Repúblicas em perspectiva (José Miguel Arias - UEL)
Data de Publicação
04/07/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivseoivencontroposgraduandos/479797-um-civil-no-ministerio-da-guerra--pandia-calogeras-e-o-lugar-do-exercito-na-republica
ISBN
978-65-5941-738-4
Palavras-Chave
Pandiá Calógeras, Exército Brasileiro, Primeira República
Resumo
Trata-se de um estudo acerca da atuação de João Pandiá Calógeras como ministro da Guerra, entre 1919 e 1922. De carreira ascendente como político - deputado federal por dois mandatos, ministro da Agricultura, Indústria e Comércio e, depois, da Fazenda, no governo Venceslau Brás, e chefe da delegação brasileira à Conferência de Paz de Versalhes -, foi nomeado pelo presidente Epitácio Pessoa para o Ministério da Guerra, e foi o único civil a ocupar o cargo - e, portanto, o comando do Exército - ao longo da existência da pasta. Para tanto, recorremos prioritariamente aos escritos do próprio autor sobre os problemas enfrentados pelo Exército à época, reunidos sobretudo em quatro publicações: o "Relatório do Ministério da Guerra" referente ao ano de 1921; o livro "Problemas de Governo", de 1928, com conferências e ensaios multitemáticos; o livro "Problemas de Administração", de 1933, com textos redigidos quando fora ministro nos governos Venceslau Brás e Epitácio Pessoa; e, por fim, o livro "Estudos Históricos e Políticos", republicação póstuma, em 1936, de artigos seus publicados pela imprensa ao longo da carreira. No comando da pasta da Guerra, Calógeras lançou esforços de profissionalização da corporação; era um crítico dos critérios clientelísticos de promoção na hierarquia militar. Além disso, procurou incutir eficiência na gestão dos arsenais e das indústrias de armamento e munições pertencentes ao Exército, motivado por princípios liberais de mercado que remetiam a sua experiência no setor privado em um empreendimento metalúrgico, no início do século. Enfatizou, também, a questão da formação dos oficiais, apregoando reformas nos currículos da Escola Militar e da Escola de Estado-Maior, e viabilizou a criação da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Seu maior legado no campo da reforma da doutrina militar do Exército, contudo, foi decerto a contratação da conhecida Missão Militar Francesa, em 1920. A Missão Francesa foi uma iniciativa de larga escala para a modernização do pensamento e das ações do Exército, a ser promovida por meio do intercâmbio, da consultoria e da instrução adquirida junto a oficiais franceses que vieram ao Brasil e assumiram o comando das instituições de ensino da corporação. Mas apesar da prioridade dada à atualização do Exército em relação ao estado da arte do conhecimento militar em voga, lançamos a hipótese de que Calógeras motivou-se também pela adoção da doutrina francesa do Exército enquanto "o grande mudo", ou seja, uma entidade que não exerce qualquer interferência na vida política, e relega-se, portanto, a ter como razão de ser - exclusivamente - a preparação para a guerra. Tal convicção colocou Calógeras em confronto com toda uma geração de jovens oficiais do Exército Brasileiro, dividida entre os adeptos do ideal do "soldado-cidadão", que se lançavam à vida política e apregoavam noções de reformismo social, e os adeptos da intervenção militar direta nas altas cúpulas de governança do país. Grosso modo, podemos dizer que, dentre os primeiros, sairão os "tenentes" revoltosos da década de 1920, denunciando o caráter oligárquico do regime da Primeira República; dentre os segundos, sairão os oficiais-generais de vertente autoritária que inauguraram uma tradição intervencionista bastante duradoura dali em diante, ao longo do restante do século XX. O programa preconizado por Calógeras para o Brasil tinha por base uma ambição considerável, ainda que certamente não irrealista: a de transformar o país em uma potência mundial. Diante deste horizonte, caberia transformar o Exército em uma força equiparada à dos países que haviam saído vitoriosos da Primeira Guerra Mundial, mas era também de importância crítica que a corporação não fosse fator de instabilidade política, e que, portanto, jamais demonstrasse, por parte de seus integrantes, qualquer tipo de engajamento na vida pública nacional. O fato de ser um civil, de carreira política, e de manter tal opinião ao longo de sua chefia no Ministério da Guerra o transformou, na prática, em um antagonista da própria corporação que comandava, apesar de seus significativos esforços de modernização e alavancagem das capacidades do Exército. Neste estudo, procuramos, portanto, argumentar que isto se deu em função tanto do pensamento civilista (que remetia ao positivismo do século XIX), como do pensamento intervencionista; ambos compartilhados por partes expressivas da oficialidade, e que, apesar das diferenças entre si, projetavam, igualmente, maior autonomia para o Exército no arranjo político-institucional doméstico, e arrogavam para si a função de orientadores e delimitadores da modernização do Brasil.
Título do Evento
IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Título dos Anais do Evento
Anais do IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

CARVALHO, Bernardo Rocha. UM CIVIL NO MINISTÉRIO DA GUERRA: PANDIÁ CALÓGERAS E O LUGAR DO EXÉRCITO NA REPÚBLICA.. In: Anais do IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO). Anais...Campinas(SP) Unicamp, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVSEOIVEncontroPosGraduandos/479797-UM-CIVIL-NO-MINISTERIO-DA-GUERRA--PANDIA-CALOGERAS-E-O-LUGAR-DO-EXERCITO-NA-REPUBLICA. Acesso em: 13/12/2024

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