ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO COMO IMPULSIONADORES DE TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO MEIO RURAL

Publicado em 03/05/2023 - ISBN: 978-85-5722-738-5

Título do Trabalho
ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO COMO IMPULSIONADORES DE TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO MEIO RURAL
Autores
  • Ludmila da Rocha Nogueira
Modalidade
Comunicações Orais - Resumo Expandido
Área temática
GT 5 - Saberes, ambiente, relações e práticas produtivas na Amazônia
Data de Publicação
03/05/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iii-silssa/612885-associativismo-e-cooperativismo-como-impulsionadores-de-transformacoes-socioambientais-no-meio-rural
ISBN
978-85-5722-738-5
Palavras-Chave
Ação social coletiva, agricultura familiar, transição produtiva.
Resumo
INTRODUÇÃO Atualmente estamos vivenciando uma crise climática e o colapso das formas de produção de alimento no mundo, surgindo um longo debate acerca do uso e manejo dos recursos naturais, nos obrigando a pensar de uma forma diferente de produzir. Para isso é necessário que haja um processo de transição produtiva entre um sistema convencional de produção, para um sistema mais sustentável. A agroecologia surge como uma forma de transformar a produção de modelos agrícolas prejudiciais ao meio ambiente e aos seres humanos e abre um novo enfoque para a sustentabilidade, com a visão do bem comum e do equilíbrio ecológico, bem como uma ferramenta de subsistência e segurança alimentar para a agricultura familiar (LEFF, 2002). No processo de transição produtiva a ação coletiva é fundamental para se entender a consolidação de novos tipos de agricultura. Por meio da inclusão dos atores sociais em projetos coletivos baseados em seus interesses, expectativas, crenças e valores compartilhados. Esse fator seria de extrema importância para colocar em práticas as estratégias selecionadas por meio da organização entre os agricultores, que visam a continuação de suas lutas para saírem da marginalização econômica que estão submetidos e a busca por reconhecimento e inclusão social, sendo assim possível enfrentar as atuais tendências à homogeneização e centralização produtiva (COSTABEBER e MOYANO, 2000). OBJETIVO Analisar o associativismo e o cooperativismo como ações coletivas importantes para a implementação da transição agroecológica e de sistemas agroflorestais entre agricultores familiares do Nordeste Paraense. METODOLOGIA O trabalho foi realizado a partir de relatos de experiência de produtores durante a viagem de campo pelo Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas da UFPA nos municípios de São Domingos do Capim, Igarapé-Açu, Irituia e Tomé-Açu, onde foram visitados oito produtores, juntamente, com a revisão bibliográfica sobre o tema abordado. Nem todas as famílias praticam a agroecologia, entretanto, todos trabalham de forma sustentável. Dessa forma, o trabalhou buscou identificar como se deu o processo de transição produtiva para os agricultores envolvidos e entender como as associações e cooperativas estão envolvidas no processo. RESULTADOS O aumento da demanda por alimentos e a redução da disponibilidade de terras intensificaram o uso agrícola em uma mesma área, acarretando a diminuição do tempo de descanso da terra entre os anos e uso frequente do fogo para o preparo de área, transformando o corte e queima insustentável (KANASHIRO; DENICH, 1998). É importante darmos destaque para essa prática pois ela foi muito citada durante as entrevistas, quando perguntado para os produtores o início das transições, todos eles praticavam a agricultura convencional anteriormente, entretanto, quando entraram em contato com pesquisadores foi possível mudar o pensamento acerca da forma que era utilizado o solo e pensar em técnicas sustentáveis que poderiam preservar o meio ambiente e aumentar a produção. Dona Zinalva, uma das entrevistadas, relata que foi a partir da criação da associação (APEPA) do município de São Domingos do Capim que foi possível o contato desses agricultores associados, com pesquisadores, e consequentemente, foram estabelecidas diversas parceirias com Universidades, extensão rural e instituições de pesquisa, que tinham como objetivo a implementação de sistemas sustentáveis baseados na agroecologia, mostrando que a Associação foi fundamental no processo de transição agroecológica nas propriedades de seus associados. Agora produzem diversas culturas e produzem alimentos orgânicos de qualidade, que contribuem significativamente para a renda da família. A segunda Associação mencionada e visitada durante as entrevistas foi a APPRAFAMTA, na comunidade de Santa Luiza, inaugurada em 2005. Como na maioria das unidades familiares de Tomé-Açu, realizam o cultivo para subsistencia e também o monocultivo, entretanto, após o surto de doença envolvendo a pimenta-do-reino na região, fez com que os agricultores tivessem que diversificar sua produção (TAFNER, 2011). A partir da expansão da produção com os SAFs, os agricultores sentiram a necessidade de se organizarem para realizar o beneficiamento dos produtos, foi ai então que a APPRAFAMTA foi criada, para agregar valor a produção, gerar renda e a preservação ambiental da região por meio do processamento e comercialização desses frutos e também, melhores condições de acesso ao crédito rural e a compra coletiva (COUTO, 2013). A CAMTA, fundada em 1949 por imigrantes japoneses que buscavam melhores condições de vida e viram no cooperativismo uma maneira de conseguirem produzir e comercializar produtos agrícolas, acabou ganhando força e atualmente, é um dos grandes destaques do município, oferece seus serviços desde a produção de mudas, assistência técnica e beneficiamento da produção. A CAMTA passou a desenvolver o SAFTA- Sistemas agroflorestais de Tomé-Açu, com perspectiva da sustentabilidade em suas dimensões econômica e ambiental, bem como alternativa de redução do desmatamento e a quebrar do ciclo da agricultura migratória, isso fez com que a cooperativa conquistasse grandes parceiros como Embrapa, CEPLAC, UFRA e EMATER (KONAGANO et al., 2016). E por último a Cooperativa D’Irituia que surgiu em 2011, como alternativa para atender os agricultores familiares do município, que dependiam muito de políticas estaduais e municipais para expandir sua produção e comercialização. A cooperativa hoje possui um selo de produtos orgânicos e possui um papel muito importante no processo de desenvolvimento da cadeia produtiva de valor da região, pois conseguiu se organizar e fazer parcerias com grandes empresas para atender a demanda para fornecer tucumã, e com instituições de pesquisa que forneceram subsídios para o desenvolvimento de estudos voltados para a melhoria de seus canais de produção e comercialização e a capacitação de seus associados. No estudo de Pompeu, Kato e Almeida (2017), os autores concluíram que a cooperativas e associações auxiliam seus integrantes na implantação e manejo do sistema e incentivam a produção sustentável, mostrando que são importantes para o desenvolvimento dessa forma de ação social, além disso, o apoio técnico por órgãos governamentais e instituições de ensino é muito importante no compartilhamento da informação e no intercâmbio de experiências para a transição agroecológica. CONCLUSÃO Dessa forma, pode-se concluir que as associações e cooperativas fortalecem o desenvolvimento da agricultura familiar gerando autonomia dos agricultores, possibilitando a melhoria da renda e, consequentemente, da qualidade de vida das famílias, além de contribuir para alcançarem objetivos comuns. Ademais, são importantes também no aspecto ambiental, por meio do incentivo aos agricultores a adotarem técnicas alternativas sustentáveis de produção que sejam menos prejudiciais ao meio ambiente. REFERÊNCIAS COUTO, Maria Cristina de Moraes et al. Beneficiamento e comercialização dos produtos dos sistemas agroflorestais na Amazônia, Comunidade Santa Luzia, Tomé-Açu, Pará. 2013. COSTABEBER, José Antônio; MOYANO, Eduardo. Transição agroecológica e ação social coletiva. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v. 1, n. 4, p. 50-60, 2000. KANASHIRO, M.; DENICH, M. Possibilidades de utilização e manejo adequado de áreas alteradas e abandonadas na Amazônia brasileira. Brasília, DF: MCT/CNPq, 1998, 157 p. KONAGANO, Michinori et al. Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu, Pará – SAFTA. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 10., Cuiabá, 2016. Resumos ... Cuiabá: UFMT; Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais, 2016b. LEFF, Enrique. Agroecologia e saber ambiental. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável, v. 3, n. 1, p. 36-51, 2002. POMPEU, Gisele do Socorro dos Santos; KATO, Osvaldo Ryohei; ALMEIDA, Ruth Helena Cristo. Percepção de agricultores familiares e empresariais de Tomé-Açu, Pará, Brasil sobre os Sistemas de Agrofloresta. 2017. TAFNER JR, Armando Wilson; SILVA, Fábio Carlos. Colonização japonesa, história econômica e desenvolvimento regional do Estado do Pará. Novos cadernos NAEA, v. 13, n.2, 2011.
Título do Evento
III SILSSA - Seminário Internacional Linguagens Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia
Cidade do Evento
Bragança
Título dos Anais do Evento
Anais do III Silssa - Seminário Internacional de Linguagens, Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

NOGUEIRA, Ludmila da Rocha. ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO COMO IMPULSIONADORES DE TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO MEIO RURAL.. In: Anais do III Silssa - Seminário Internacional de Linguagens, Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia. Anais...Bragança(PA) UFPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iii-silssa/612885-ASSOCIATIVISMO-E-COOPERATIVISMO-COMO-IMPULSIONADORES-DE-TRANSFORMACOES-SOCIOAMBIENTAIS-NO-MEIO-RURAL. Acesso em: 27/07/2024

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