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Revisitando a Carta de Veneza: Perspectivas Críticas e Desafios Contemporâneos

O Simpósio Científico do ICOMOS 2024, intitulado “Revisitando a Carta de Veneza: Perspectivas Críticas e Desafios Contemporâneos”, foi realizado em novembro de 2024, em Ouro Preto, Brasil, para comemorar o 60º aniversário da Carta de Veneza e lançar o novo Plano Científico Trienal do ICOMOS, “Patrimônio Resiliente frente a Desastres e Conflitos: Preparação, Resposta e Recuperação”.

A Carta de Veneza continua sendo um documento fundamental na história da conservação do patrimônio, moldado pelo contexto cultural e intelectual da década de 1960. Nas últimas seis décadas, a teoria e a prática da conservação do patrimônio evoluíram consideravelmente, incorporando novas convenções, perspectivas interdisciplinares e capacidades científicas ampliadas. Ao mesmo tempo, o mundo enfrentou desafios sem precedentes decorrentes das mudanças climáticas, desastres e conflitos, que forçaram comunidades a lidar com questões de deslocamento, vulnerabilidade e adaptação.

Nesse contexto, o Simpósio de 2024 ofereceu um espaço crítico para reavaliar a Carta de Veneza à luz desses desafios contemporâneos. O evento buscou explorar o contexto histórico da Carta, suas perspectivas eurocêntricas e suas diversas recepções regionais. Além disso, teve como objetivo fomentar o diálogo entre a Carta e outros instrumentos internacionais de patrimônio, como a Convenção de Haia (1954), a Convenção do Patrimônio Mundial (1972), o Documento de Nara sobre Autenticidade (1994), a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003) e a Convenção de Faro (2005).

As discussões ressaltaram a necessidade de reinterpretar a Carta a partir de epistemologias diversas e de considerar as contribuições do Sul Global. Os participantes examinaram criticamente o estado atual do discurso sobre o patrimônio, avaliando a relevância da Carta em relação ao patrimônio moderno, ao crescimento metropolitano, às desigualdades sociais, aos desastres e aos desafios ambientais.

A escolha de Ouro Preto como cidade-sede teve uma importância especial. Primeira cidade brasileira inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO e profundamente marcada pela corrida do ouro do século XVIII, Ouro Preto ofereceu um cenário muito simbólico para esses debates. Sua proximidade com o local de um dos maiores desastres ambientais do Brasil também serviu como um lembrete contundente da necessidade urgente de incorporar a resiliência à conservação do patrimônio.

Este volume dos Anais reúne a riqueza dos debates e apresentações que ocorreram durante o Simpósio. Ele constitui, ao mesmo tempo, uma reflexão crítica sobre a Carta de Veneza em seu 60º aniversário e um chamado para adaptar as práticas de conservação do patrimônio às exigências complexas do século XXI.

Leonardo Castriota
Presidente do Simpósio ICOMOS

Revisiting the Venice Charter: Critical Perspectives and Contemporary Challenges

The ICOMOS Scientific Symposium 2024, entitled “Revisiting the Venice Charter: Critical Perspectives and Contemporary Challenges,” was held in November 2024, in Ouro Preto, Brazil, to commemorate the 60th Anniversary of the Venice Charter and to launch ICOMOS’s new Triennial Scientific Plan, “Disaster and Conflict Resilient Heritage: Preparedness, Response, and Recovery.”

The Venice Charter remains a foundational document in the history of heritage conservation, shaped by the cultural and intellectual climate of the 1960s. Over the past six decades, heritage theory and practice have evolved considerably, with new conventions, interdisciplinary perspectives, and expanded scientific capacities. At the same time, the world has faced unprecedented challenges from climate change, disasters, and conflicts, which have forced communities to confront issues of displacement, vulnerability, and adaptation.

Against this backdrop, the 2024 Symposium provided a critical forum to reassess the Venice Charter in light of these contemporary challenges. The event sought to explore the Charter’s historical context, its Eurocentric perspectives, and its diverse regional receptions. It also aimed to foster dialogue between the Charter and other international heritage instruments, including the Hague Convention (1954), the World Heritage Convention (1972), the Nara Document on Authenticity (1994), the Intangible Heritage Convention (2003), and the Faro Convention (2005).

The discussions emphasized the need to reinterpret the Charter through diverse epistemologies and to consider contributions from the Global South. Participants critically examined the state of heritage discourse today, assessing the Charter’s relevance to modern heritage, metropolitan growth, social inequities, disasters, and environmental challenges.

The choice of Ouro Preto as the host city was particularly significant. As the first Brazilian city inscribed on the UNESCO World Heritage List, and a city deeply shaped by the 18th-century gold rush, Ouro Preto offered a powerful setting for these discussions. Its proximity to the site of one of Brazil’s most significant environmental disasters provided a compelling reminder of the urgent need to build resilience into heritage conservation.

This volume of the Proceedings captures the richness of the debates and presentations that took place at the Symposium. It serves as both a critical reflection on the Venice Charter at its 60th anniversary and as a call to adapt heritage conservation practices to meet the complex demands of the 21st century.

Leonardo Castriota

ICOMOS Symposium Chair

Revisiter la Charte de Venise : Perspectives critiques et défis contemporains

Le Symposium scientifique de l’ICOMOS 2024, intitulé « Revisiter la Charte de Venise : Perspectives critiques et défis contemporains », s’est tenu en novembre 2024 à Ouro Preto, au Brésil, à l’occasion du 60e anniversaire de la Charte de Venise et du lancement du nouveau Plan scientifique triennal de l’ICOMOS, « Patrimoine résilient face aux catastrophes et aux conflits : Préparation, Réponse et Reprise ».

La Charte de Venise demeure un document fondateur dans l’histoire de la conservation du patrimoine, façonné par le contexte culturel et intellectuel des années 1960. Au cours des six dernières décennies, la théorie et la pratique de la conservation du patrimoine ont considérablement évolué, intégrant de nouvelles conventions, des perspectives interdisciplinaires et des capacités scientifiques élargies. Parallèlement, le monde a été confronté à des défis sans précédent liés au changement climatique, aux catastrophes et aux conflits, qui ont forcé les communautés à affronter des questions de déplacement, de vulnérabilité et d’adaptation.

Dans ce contexte, le Symposium de 2024 a offert un cadre critique pour réévaluer la Charte de Venise à la lumière de ces défis contemporains. L’événement a cherché à explorer le contexte historique de la Charte, ses perspectives eurocentriques et ses diverses réceptions régionales. Il a également visé à favoriser le dialogue entre la Charte et d’autres instruments internationaux du patrimoine, notamment la Convention de La Haye (1954), la Convention du patrimoine mondial (1972), le Document de Nara sur l’Authenticité (1994), la Convention pour la sauvegarde du patrimoine culturel immatériel (2003) et la Convention de Faro (2005).

Les discussions ont souligné la nécessité de réinterpréter la Charte à travers des épistémologies diverses et de tenir compte des contributions des pays du Sud. Les participants ont examiné de manière critique l’état actuel des débats sur le patrimoine, évaluant la pertinence de la Charte face au patrimoine moderne, à la croissance urbaine, aux inégalités sociales, aux catastrophes et aux défis environnementaux.

Le choix d’Ouro Preto comme ville hôte revêtait une importance particulière. Première ville brésilienne inscrite sur la Liste du patrimoine mondial de l’UNESCO, et ville profondément marquée par la ruée vers l’or du XVIIIe siècle, Ouro Preto a offert un cadre symbolique fort pour ces discussions. Sa proximité avec le site de l’une des plus importantes catastrophes environnementales du Brésil a également souligné l’urgence de renforcer la résilience dans la conservation du patrimoine.

Ce volume des Actes témoigne de la richesse des débats et des présentations qui ont eu lieu lors du Symposium. Il constitue à la fois une réflexion critique sur la Charte de Venise à l’occasion de son 60e anniversaire et un appel à adapter les pratiques de conservation du patrimoine aux exigences complexes du XXIe siècle.

Leonardo Castriota

Président du Symposium ICOMOS

Revisitar la Carta de Venecia: Perspectivas críticas y desafíos contemporáneos

El Simposio Científico de ICOMOS 2024, titulado “Revisitar la Carta de Venecia: Perspectivas críticas y desafíos contemporáneos”, se celebró en noviembre de 2024 en Ouro Preto, Brasil, con motivo del 60º aniversario de la Carta de Venecia y para lanzar el nuevo Plan Científico Trienal de ICOMOS, “Patrimonio resiliente frente a desastres y conflictos: Preparación, Respuesta y Recuperación”.

La Carta de Venecia sigue siendo un documento fundacional en la historia de la conservación del patrimonio, moldeado por el contexto cultural e intelectual de los años sesenta. En las últimas seis décadas, la teoría y la práctica de la conservación del patrimonio han evolucionado considerablemente, incorporando nuevas convenciones, perspectivas interdisciplinarias y capacidades científicas ampliadas. Al mismo tiempo, el mundo se ha enfrentado a desafíos sin precedentes derivados del cambio climático, los desastres y los conflictos, que han obligado a las comunidades a afrontar cuestiones de desplazamiento, vulnerabilidad y adaptación.

En este contexto, el Simposio 2024 ofreció un espacio crítico para reexaminar la Carta de Venecia a la luz de estos desafíos contemporáneos. El evento buscó explorar el contexto histórico de la Carta, sus perspectivas eurocéntricas y sus diversas recepciones regionales. Asimismo, se propuso fomentar el diálogo entre la Carta y otros instrumentos internacionales de patrimonio, como la Convención de La Haya (1954), la Convención del Patrimonio Mundial (1972), el Documento de Nara sobre Autenticidad (1994), la Convención para la Salvaguardia del Patrimonio Cultural Inmaterial (2003) y la Convención de Faro (2005).

Las discusiones subrayaron la necesidad de reinterpretar la Carta desde epistemologías diversas y de considerar las contribuciones del Sur Global. Los participantes examinaron críticamente el estado actual del discurso sobre el patrimonio, evaluando la relevancia de la Carta frente al patrimonio moderno, el crecimiento metropolitano, las desigualdades sociales, los desastres y los desafíos medioambientales.

La elección de Ouro Preto como sede del Simposio revistió una especial importancia. Como primera ciudad brasileña inscrita en la Lista del Patrimonio Mundial de la UNESCO y ciudad profundamente marcada por la fiebre del oro del siglo XVIII, Ouro Preto ofreció un escenario muy simbólico para estos debates. Su proximidad a uno de los mayores desastres medioambientales de Brasil también sirvió como recordatorio de la urgente necesidad de fortalecer la resiliencia en la conservación del patrimonio.

Este volumen de las Actas recoge la riqueza de los debates y presentaciones que tuvieron lugar en el Simposio. Constituye, a la vez, una reflexión crítica sobre la Carta de Venecia en su 60º aniversario y un llamado a adaptar las prácticas de conservación del patrimonio a las complejas exigencias del siglo XXI.

Leonardo Castriota
Presidente del Simposio ICOMOS