Desde suas primeiras edições, em setembro de 2013 e em setembro de 2015, o Contemporaneidades tem se caracterizado por ser um evento preocupado em debater temas pulsantes. Assim, ressaltamos a condição fundamental de uma articulação das questões históricas com seu próprio tempo. Sobre isso, nos últimos cinco anos, podemos dizer que a história ganhou, de forma muito pungente as ruas do país. Nesse cenário, assistimos a uma série de acontecimentos que transformaram dramaticamente o universo político-social brasileiro. As marchas de junho de 2013, a derrubada de uma presidente eleita através de um polêmico processo de impeachment, o avanço de megaoperações políticas e judiciais, os ataques à educação pública, bem como, o sucateamento de diversas universidades pelo país, dentre outros episódios, estimularam uma crescente negação da ação política como meio de resolução de conflitos e proporcionaram o avanço de discursos conservadores com alternativa de ação frente o esgarçamento das relações em âmbito nacional. Embora encontremos uma polifonia de vozes nas ruas, estas acabam por se situarem dentro de uma preocupante polarização que divide o país entre os “eles” e “nós”, discursos excludentes que reeditam a imagens do inimigo interno como elemento a ser combatido. Temos assistido ao acirramento das relações interpessoais em diversas manifestações cotidianas: conflitos étnico-religiosos, proliferação de discursos nacionalistas exacerbados, perseguições associadas às diferenças de gênero e à práticas culturais, o esfacelamento de direitos políticos e sociais conquistados nas últimas décadas, a exemplo dos recentes ataques à comunidades indígenas e quilombolas, ao enfraquecimento da proteção ambiental e a abertura para exploração econômica de áreas antes protegidas.
Em sua terceira edição, em 2017, o Seminário Nacional de História e Contemporaneidades trouxe para o debate os desafios de refletirmos problemas relacionados ao contexto nacional e o papel da história como espaço de ponderação acerca de fenômenos ligados ao tempo presente, assim, escolhemos como tema da edição: BRASIL: AUTORITARISMO, CULTURA POLÍTICA E DIREITOS HUMANOS. Nesse sentido colocou-se em primeiro plano os desafios de pensarmos a crise política e institucional pela qual passamos, a emergência de discursos conservadores no cenário nacional, além dos recorrentes ataques aos direitos humanos. Nosso objetivo foi colocar tais processos numa perspectiva temporal a qual possibilitasse a construção de explicações para a compreensão do presente, bem como, a reflexão sobre alternativas de futuro. Deste modo as atividades, mesas, conferências, simpósio temáticos efetivaram um rico painel com a presença de profissionais de diversos estados e diferentes áreas de atuação. Propusemos um debate transdisciplinar capaz de fomentar discussões sobre os usos do passado como projeto para o futuro, os desafios do ensino na superação de posturas conservadoras, preconceitos e exclusões, assim como o papel do conhecimento histórico articulado a outros campos do saber.
As discussões foram marcadas por dois aspectos fundamentais: Os desafios políticos do Brasil frente à crise social, política e cultural na qual nos encontramos e a reflexão sobre os ataques às conquistas sociais e o papel dos direitos humanos em nossa sociedade.
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