GESTÃO AUTÔNOMA DE MEDICAÇÃO (GAM) E REDUÇÃO DE DANOS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Publicado em 31/05/2019 - ISBN: 978-85-5722-221-2

Título do Trabalho
GESTÃO AUTÔNOMA DE MEDICAÇÃO (GAM) E REDUÇÃO DE DANOS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Autores
  • Indianara Maria Fernandes Ferreira
  • Ana Karenina De Melo Arraes Amorim
  • Alexandre Melo Diniz
  • Carlos Eduardo Silva Feitosa
Modalidade
Resumo expandido - Apresentação oral
Área temática
EIXO C - Aberturas da GAM: outros domínios de intervenção
Data de Publicação
31/05/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/encontrointernacionalgam/137754-GESTAO-AUTONOMA-DE-MEDICACAO-(GAM)-E-REDUCAO-DE-DANOS--DESAFIOS-E-POSSIBILIDADES
ISBN
978-85-5722-221-2
Palavras-Chave
Gestão Autônoma de Medicação, Redução de Danos, Saúde Mental
Resumo
Introdução. O consumo de substâncias psicoativas, popularmente conhecidas como "drogas", sempre esteve presente na história da humanidade e atualmente mostra-se como uma questão de segurança e de saúde pública. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Saúde Mental foi criada a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para direcionar o cuidado às pessoas que fazem consumo problemático de drogas. Dentre os serviços que compõem a RAPS está o Centro de Assistência Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPSad). No contexto da RAPS existem vários paradigmas que direcionam o cuidado às pessoas que consomem substâncias como, por exemplo, o paradigma psicossocial, o paradigma da redução de danos e o paradigma "doença-cura". Enquanto o paradigma psicossocial considera a complexidade do consumo de drogas e direciona o cuidado na rede e no território com ênfase na liberdade, na autonomia e na integralidade, o paradigma "doença-cura" pressupõe a relação de causa e efeito entre drogas e doença apontando a abstinência, unilateralmente, como a única forma de tratamento (SANTOS e YASUI, 2016). Já a redução de danos consiste numa política e uma prática de saúde que visa atenuar as consequências adversas não só do consumo, mas também das políticas de criminalização das drogas na busca pela defesa da vida (LANCETTI, 2016). Pode-se observar que no paradigma "doença-cura" se encontra a relação "droga-doença" que consiste no processo de inversão de uma abordagem centrada na penalização para uma abordagem centrada no tratamento (JUNIOR et aI., 2015). Nessa inversão, estão como principais estratégias a abstinência e o uso de medicamentos psicotrópicos como tratamento. O uso acrítico de medicamentos psicotrópicos tem configurado um campo problemático em saúde mental. Em Quebec/Canadá essa preocupação originou a criação do Guia da Gestão Autônoma de Medicação (GGAM). O GGAM é um "livro-guia" trabalhado em grupos de usuário da saúde mental como uma estratégia de cuidado que prioriza o compartilhamento de experiências e a busca por alternativas de tratamentos que não passem unicamente pela medicação psicotrópica. O GGAM foi adaptado e validado para Brasil tendo como contexto o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Reforma Psiquiátrica, surgindo assim o GGAM-BR (ONOCKO-CAMPOS et al., 2012). Durante a etapa de validação do GGAMBR alguns pesquisadores identificaram a importância de estender o diálogo sobre medicamentos para o campo da atenção à saúde com usuários de álcool e outras drogas considerando que as pessoas que consomem drogas "não-prescritas" são tratadas com o consumo abusivo de drogas "prescritas" (Medeiros, 2013). Nesse contexto, destacamos preocupações em torno das interações entre medicamentos psicotrópicos e outras substâncias e em torno dos efeitos dos diferentes modos de usar e de se relacionar com elas no cotidiano e na vida das pessoas. Disso, parte o interesse pelo uso da metodologia GGAM como uma estratégia possível na construção do cuidado no campo de álcool e outras drogas. Apostando na necessidade e importância da ampliação da GAM para uma gestão de substancias prescritas, lícitas e/ou ilícitas e uma possível aproximação com práticas de redução de danos, cabe a pergunta: Pode a GAM contribuir na construção de práticas e estratégias de cuidado em sintonia com o paradigma da redução de danos? Objetivos: A partir de uma pesquisa-intervenção, acompanhar a experiência com o GGAM em um CAPSad do município de Natal-RN identificando limites e possibilidades de cuidado para usuários na perspectiva da ampliação de práticas de redução de danos. Método e metodologia: A partir de uma pesquisa-intervenção institucionalista o GGAM foi implantado e está sendo trabalhado a partir de um grupo (formado por pesquisadores, trabalhadores e usuários) que acontece semanalmente com duração de 60-90 minutos. Para cada encontro há a construção de uma narrativa construída através de audiotranscrições e diários de bordo. As narrativas são coletivamente validadas onde todos os participantes podem retirar, modificar ou acrescentar pontos para uma maior aproximação da narrativa com a experiência vivida. Resultados: Até o momento foram realizados 34 encontros GAM. Encontram-se presentes e atuantes várias forças que atravessam o cuidado no serviço tais como o proibicionismo, antiproibicionismo, a lógica manicomial, a luta antimanicomial, a redução de danos e o discurso da abstinência numa composição não dualista mas diluída em diferentes posições que se mostram muitas vezes contraditórias dentro das narrativas coletivas. Essas contradições e multiplicidades participam das composições de cuidado de cada usuário de modo peculiar a ser melhor explorado. Nos encontros os usuários colocam-se de maneira ativa e participativa e questionam a pouca participação dos trabalhadores que compõe o GAM no processo. Considerações finais: O GGAM parece mostrar-se como uma estratégia potente na construção do cuidado no campo de álcool e outras drogas, mas a experiência aponta para a necessidade de incorporação de elementos e narrativas específicas do debate sobre drogas no contexto brasileiro no sentido de ganhar maiores possibilidades na composição de cuidados. Palavras-chave: Gestão Autônoma de Medicação; Redução de danos; Saúde mental. Referências ONOCKO CAMPOS, R.T. et al. Multicenter adaptation of the guide for autonomous management of medication. Interface - Comunic., Saude, Educ., v.16, n.43, p.967-80, out./dez, 2012. JUNIOR, J. et al. A educação permanente em álcool e outras drogas: marcos conceituais, desafios e possibilidades. In RONZANI, T. el al (Orgs). Redes de atenção aos usuários de drogas políticas e prática., São Paulo: Cortez, 2015. p. 155-187. LANCETTI, A. Clínica peripatética. São Paulo: Hucitec, 2006. MEDEIROS, R. G. O bem e o mal-estar das drogas na atualidade: Pesquisa, experiência e gestão autônoma. 2013. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional) –Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/107680/000945104.pdf?sequence=1&isAllowed=y SANTOS, C. E.; YASUI, S. Muito além do Capsad: o cuidado no território e na vida. In: Souza, A. C. et al (Orgs.). Entre pedras e fissuras: a construção da atenção psicossocial de usuários de drogas no Brasil . São Paulo: Hucitec, 2016 p.70-87.
Título do Evento
Encontro Internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Cidade do Evento
Santa Maria
Título dos Anais do Evento
Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

FERREIRA, Indianara Maria Fernandes et al.. GESTÃO AUTÔNOMA DE MEDICAÇÃO (GAM) E REDUÇÃO DE DANOS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.. In: Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação. Anais...Santa Maria(RS) UFSM, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/137754-GESTAO-AUTONOMA-DE-MEDICACAO-(GAM)-E-REDUCAO-DE-DANOS--DESAFIOS-E-POSSIBILIDADES. Acesso em: 25/04/2024

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