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As Edições do XVI Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído e do XII Encontro Latino-Americano de Conforto no Ambiente Construído marcam uma era de drásticas transformações mundiais. Além dos já conhecidos problemas enfrentados pela comunidade científica em relação ao crescimento urbano desenfreado, à degradação ambiental, à produção e ao consumo energético e as consequentes alterações climáticas, a pandemia da Covid 19 se impôs como um dos maiores desafios da humanidade nos anos de 2020 e 2021.

Pesquisadores, profissionais, estudantes e professores de 11 países, 21 estados brasileiros e do Distrito Federal se reuniram no mês de outubro de 2021 para apresentar e debater a produção científica mais recente, principalmente dos países latino americanos, sobre a qualidade e a adaptação do habitat às condições de conforto ambiental. Pela primeira vez, o evento foi organizado pelas instituições de ensino superior da região norte do Brasil, sediado na cidade de Palmas, TO, e realizado remotamente.

Entre os artigos que foram produzidos majoritariamente entre 2019 e 2021 e reunidos nestes Anais, muitos tratam de assuntos que perpassam pelas implicações do período pandêmico, pela desigualdade social, pela sustentabilidade, pela justiça climática e pela crescente deficiência da gestão pública em lidar com abruptas mudanças de paradigmas, sobretudo, pelos impactos da aplicação das novas tecnologias nas edificações, na infraestrutura e no ambiente urbano.

Após a última edição do ENCAC/ELACAC, realizada presencialmente na cidade de João Pessoa, PB, em 2019, foi necessário nos adaptarmos ao isolamento social devido à pandemia. Os cuidados com a saúde, com a qualidade do habitat humano e o convívio com as terríveis perdas de pessoas amadas passaram a fazer parte do cotidiano.

Nossos lares se transformaram repentinamente em espaços de trabalho e de acolhimento, porém, apenas para os mais privilegiados. Por tais funções, o habitat adquiriu novos significados e importância sem precedente, o que estimulou o interesse ainda maior pelo ambiente construído, nosso principal objeto de estudo. Professores, estudantes e pesquisadores precisaram desenvolver rapidamente novas formas de trabalhar, o que exigiu imensos esforços de adaptação de atividades acadêmicas e na concepção de eventos como este, em ambiente virtual.

Apesar das contestações infundadas que a ciência tem recebido nos últimos tempos, da avalanche de notícias falsas e dos inúmeros equívocos conceituais sobre questões relacionadas à produção do conhecimento humano, passamos a valorizar ainda mais o rigor científico e nossa responsabilidade com os assuntos estudados, sobretudo, com as questões ambientais.

Ainda que o Brasil esteja perdendo o protagonismo no debate mundial sobre o meio ambiente e sobre as mudanças climáticas, e a despeito dos drásticos cortes de investimentos públicos em ciência e tecnologia dos últimos meses, é importante que a comunidade acadêmica reafirme seu compromisso no combate ao aquecimento global, na redução da poluição e do  consumo de energético e no desenvolvimento de estratégias de implementação de novas tecnologias para indicar cenários, apontar riscos e caminhos possíveis de adaptação humana ao ambiente.

Assuntos que ficavam ora restritos às rodas acadêmicas, passaram a ser debatidos no cotidiano, por leigos, pela imprensa ou nas redes sociais. Termos como qualidade ambiental, clima, iluminação, acústica, ergonomia, saúde, eficiência, desempenho, ventilação e qualidade do ar adquiriram mais relevância, o que demonstra cada vez mais a importância do conforto ambiental e dos tópicos tratados neste evento. A cada edição, o rol de assuntos aumenta, simultaneamente à nossa visibilidade e nossa importância no debate internacional.

Assim, os Anais do XVI ENCAC/ XII ELACAC se estruturam em 6 tópicos: ACÚSTICA ARQUITETÔNICA E URBANA, CLIMA E PLANEJAMENTO URBANO, CONFORTO DESEMPENHO TÉRMICO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, EFICIÊNCIA ENERGÉTICA, ILUMINAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL e CONFORTO ERGONÔMICO E QUALIDADE AMBIENTAL/ ESPACIAL NO EDIFÍCIO E NA CIDADE. A expectativa é que este conjunto de artigos contribua para sensibilizar a sociedade civil, governos e empresas e para provocar a reflexão em relação à urgente necessidade de incorporação de princípios de sustentabilidade e resiliência no ambiente construído. Que esta contribuição acadêmica permaneça como um registro para compreensão do momento histórico atual que o país e o mundo atravessam e inspire mudanças de conduta para o bem comum.

Érico Masiero

Coordenador Científico

XVI ENCAC/ XII ELACAC

Outubro 2021