RELATÓRIO MULTIDISCIPLINAR BASEADO NO FILME 50%

Publicado em 30/12/2020 - ISBN: 978-65-5941-071-2

Título do Trabalho
RELATÓRIO MULTIDISCIPLINAR BASEADO NO FILME 50%
Autores
  • Luiza Hungaro Monteiro
  • Anna Karoline Almeida Possideli
  • Débora Teixeira da Cruz
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
30/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2020/270180-relatorio-multidisciplinar-baseado-no-filme-50%25
ISBN
978-65-5941-071-2
Palavras-Chave
Psicologia Hospitalar, Relatório Multiprofissional, Filme 50%.
Resumo
Introduc¸a~o: O presente trabalho foi baseado no filme 50% (50/50), onde conta a história do personagem Adam. Uma comédia dramática, lançada no dia 30 de setembro de 2011, direção de Jonathan Levine, em que ganhou os prêmios: Independent Spirit, de Melhor Primeiro Roteiro e o National Bordo of Review Award por melhor Roteiro Original (ARINELLI, 2012). O filme se sustentou em fatos reais e o nome “50%” marca as chances de vida que o personagem principal apresenta após a descoberta de um câncer. A história se passa no contexto hospitalar, retrata como a doença modifica o contexto familiar e social do indivíduo e apresenta a postura ética e profissional da terapeuta frente a demanda trazida pelo paciente, o ator principal. Sendo assim, o presente filme auxiliou as acadêmicas a elaborarem um Relatório Multiprofissional, se baseando na história e utilizando-se dos nomes dos personagens para a construção do documento. O filme conta a história do personagem Adam, um homem de 27 anos, que relatou dores nas costas, na altura da lombar, um quadro de saúde aparentemente estável, pois ele não bebia e não fumava, porém, a partir dos exames de imagens, analisados e diagnosticado pelo Doutor Ross, confirmou-se um quadro de Neurofibrosarcoma maligno ou Schwannoma maligno. O câncer foi resultado de uma mutação rara do cromossomo 17, localizado da L2 á L5 na coluna vertebral. Devido ao tumor em estágio avançado no paciente, o Doutor Ross inicialmente sugeriu que o paciente iniciasse o processo de quimioterapia, na tentativa de diminuir o quadro do paciente, antes de pensarem na realização de uma cirurgia, acrescentando também possíveis problemas de fertilidade que poderiam advir. O Doutor também sugeriu que se o paciente precisasse conversar com alguém, o hospital contava com uma excelente equipe profissional, incluindo assistentes sociais e psicólogos especializados em casos semelhantes. Objetivo: Como o filme traz elementos importantes a serem discutidos dentro do universo da psicologia hospitalar, principalmente a ética e a empatia em relação ao trabalho da profissional psicóloga, surgiu a necessidade de construir uma discussão em torno do que se apresentou no enredo da história. Metodologia: O presente trabalho tem como perfil o Relatório Multiprofissional com base em pesquisa bibliográfica explicativa no intuito de trazer conteúdos da área da psicologia hospitalar para enriquecer e permitir criticas sobre o desempenho profissional e ético dos personagens do filme 50%. Resultados: A partir das análises feitas observou-se no paciente, Adam, um excesso de raiva, descontentamento com o seu quadro, afastamento dos familiares e insegurança. Todos esses sentimentos são aceitáveis para os pacientes que enfrentam um quadro de uma doença muito grave. Como citado anteriormente, os pacientes vivenciam esses sentimentos desde a descoberta do seu quadro clínico. Sendo assim, sugere-se que o paciente dê continuidade ao processo terapêutico para auxiliá-lo na recuperação pós-operatória. O papel da psicóloga no filme foi de consolo e apoio emocional para o paciente. Em muitos momentos ela auxiliou com exercícios e sugestão de livros e também demonstrou em sua fala que não existiam certezas sobre a morte ou que experiências ruins não seriam as únicas, ampliando as possibilidades. Porém, foi possível identificar alguns erros cometidos tanto pela terapeuta quanto pela equipe multidisciplinar que atendeu o paciente. A terapeuta, em quase todas as sessões, foi extremamente direta em relação a forma como o paciente se sentia. Por vezes, induziu algumas conclusões pedindo que o paciente descrevesse seus sintomas relacionados a algum exemplo, nomeando o que ele havia sentido como descrito de algumas fases e também chamando-o de cretino, tudo isso ao invés de conduzir o paciente para que o mesmo chegasse sozinho em suas próprias constatações. A personagem também não soube separar seu envolvimento emocional em relação ao paciente, por vezes tentara aplicar toques forçados, oferecendo carona e até passando seu número de telefone, ocasionando vários constrangimentos terminados em verbalizações de inapropriados. Além dessas dificuldades, admitidas posteriormente até pela mesma, ao dizer que não estava preparada para a complexidade do caso, seu comportamento também não foi ético em relação as investidas de A., que culminaram posteriormente em um relacionamento entre terapeuta e paciente. Em relação ao médico, notou-se falta de auxílio ao paciente, o excesso de termos técnicos e distanciamento causou mais angústia ao receber o diagnóstico, não caracterizando uma postura ética e empática, a qual um profissional da saúde deve adotar. No primeiro contato o médico nem sequer cumprimentou o paciente, começou gravando ao invés de olhar e se comunicar primeiro diretamente, foi como se aquele diagnóstico fosse de alguém que não sentara a sua frente. Num segundo momento a comunicação também não foi muito animadora, a doença passou a ser encarada como “sem opções além de uma cirurgia’’, ao invés de ser vista como uma opção que poderia dar certo. Sobre sua rede de apoio o paciente também se viu por vezes sozinho, existia uma dificuldade em se comunicar com a mãe, que já lidava com um pai doente, e se preocupava excessivamente com ele. Também tinha uma ex namorada que apesar de inicialmente não abandoná-lo, não conseguia de fato estar presente e se misturar a um ambiente hospitalar. Outros profissionais da equipe de saúde não foram empáticos, o anestesista nem sequer respondeu quando o paciente o indagou se a anestesia duraria até o fim da cirurgia, tampouco esperou que a mãe o abraçasse. A cirurgiã, apesar de destacar que o paciente estaria em ótimas mãos, referindo-se à excelência da equipe, também não soube comunicar aos familiares que a cirurgia havia dado certo primeiro, para depois falar das dificuldades e desafios enfrentados durante o processo cirúrgico. Discussão: Tratar de uma doença complexa necessita do exercício e de uma ação em conjunto, de uma equipe multidisciplinar onde se exige uma postura ética e boa comunicação entre todas as áreas envolvidas. Respeitando a área e a importância do trabalho de cada profissional envolvido o objetivo seria caminhar juntos ao paciente, demostrando empatia e seriedade ao trabalho, para que ele seja o beneficiado durante todo o processo (PEREIRA; RIVERA; ARTMANN, 2013). Ao que compete a atuação da área da psicologia, a abordagem adotada pela terapeuta foi a Psicoterapia Breve em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), que é uma abordagem de caráter específico e direto, fundamentada pelo psicólogo Aron T. Beck em 1921 (BARBOSA, 2014). Dentro do processo de atendimento na abordagem da TCC, a terapeuta realizou quatro sessões, em que nelas foram possíveis realizar: uma breve anamnese, esclarecer o quadro clínico para o paciente, aplicar técnicas de relaxamento, estabelecer uma tarefa para auxiliar no processo terapêutico, compreender os relacionamentos familiares, elaborar o conceito de morte e o morrer. O que chamou mais a atenção foi a atitude adotada pela psicóloga na terceira e na quarta sessão. Na terceira sessão foi iniciada com o paciente falando sobre o seu relacionamento com a mãe, pois acabara de atender uma ligação da mesma na frente da psicoterapeuta. A. falou sobre a sua dificuldade em responder as ligações e conversar com a mãe pelo excesso de preocupações dela. Ao lembrá-lo de que o pai não poderia conversar com a mãe devido a sua doença de Alzheimer e de que ele também não falava a terapeuta chamou-o de cretino, gerando uma indagação no sentido de qual seria o seu papel na condução de um caso. A terceira sessão trouxe o relacionamento com a mãe do paciente e a sua esquiva em atender suas ligações e manter contato, por não conseguir lidar com a situação. A psicoterapeuta chamou o paciente de cretino por distanciar-se dessa mãe, além de dizer que não seria possível mudar esses pais, apenas a forma como se lida com a situação. Isso gerou uma certa provocação por parte do paciente no sentido de problematizar qual seria o papel dessa psicóloga, de dizer diretamente, ao invés de conduzir o paciente sutilmente as suas próprias conclusões. Por fim, os dois tentaram executar novamente um toque amistoso que parecesse menos forçado. Em sua última sessão os procedimentos incluíram conversar sobre a possibilidade de que A. iria morrer, o próprio paciente trouxe suas perdas vividas, perda do amigo, a namorada, o outro amigo que também poderia morrer e a sua aceitação do processo ainda com muita raiva, principalmente sobre o fato de que estava cansado de todos dizerem que tudo ficaria bem. Nesse sentido, as tentativas da psicóloga em esclarecer sobre a alienação vivida e a impotência diante do câncer, não pareceram surtir muito efeito, ainda que ela tenha dito que estava ali para ajudar. O mesmo se sentiu como um objeto de pesquisa para o doutorado, o que gerou uma saída do consultório de maneira brusca, afirmando não entender porque estava ali e que aquilo não estava dando certo. Poderíamos pensar no papel da psicóloga como a profissional capaz de captar as angústias, os medos, as incertezas e dores vividas no adoecer, são novas situações impostas, com as quais o paciente terá de conviver, bem como com as perdas importantes da vida. Segundo Domingues (2013), cabe ao psicólogo dar voz as angústias, fazer com que paciente e suporte familiar/social também se sintam acolhidos, a fim de encarar o adoecimento e a possibilidade de morrer como algo natural. Em relação ao ataque de raiva no carro, o paciente respondeu de maneira mais calma com a tentativa da terapeuta em acalmá-lo, lidou com bom humor dizendo que havia fraturado a laringe, referindo-se aos gritos. Ao receber carona da psicóloga, o paciente não demonstrou interesse em conversar sobre o término de seu relacionamento, afirmou não querer falar sobre isso e nem fazer terapia no carro, esquivando-se do assunto falando sobre o lixo. O paciente também demonstrou satisfação sobre o relato da mãe em procurar um grupo de apoio para pais, cujos filhos estavam enfrentando o câncer. O médico adotou como procedimento esclarecer ao paciente que o tumor não havia reduzido, marcando a cirurgia o quanto antes, para que a mesma não evoluísse para uma metástase. Afirmou ainda que a cirurgia envolvia riscos, mas que sem ela não restariam outras opções. Com a notícia sobre a cirurgia A. tem uma crise de raiva no carro e liga para a psicoterapeuta que o acalma, falando sobre as dificuldades do caso e seu despreparo. O paciente foi posteriormente encaminhado para cirurgia, a qual foi realizada com êxito, ainda que envolvendo muitos riscos e complicações inesperadas. Considerações Finais: Dessa forma, sugere-se que a equipe multiprofissional assuma uma postura empática diante do paciente e dos familiares, tendo em vista que se tratava de uma doença com um alto índice de carga emocional tanto para o paciente quanto para os seus familiares, a postura mais correta a ser adotada é de amparo emocional ao paciente e aos familiares, esclarecimento do quadro de forma clara, promovendo saúde dentro do possível e durante todo o tratamento. REFERÊNCIAS ARINELLI, Rafael. CinemAção. 2012. Disponível em: https://cinemacao.com/2012/09/17/critica-5050/. Acesso em: 25 maio 2020. BARBOSA, Arianne de Sá; TERROSO, Lauren Bulcão; ARGIMON, Irani Iracema de Lima. Epistemologia da terapia cognitivo-comportamental: casamento, amizade ou separação entre as teorias?. Bol. - Acad. Paul. Psicol., São Paulo, v. 34, n. 86, p. 63-79, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2014000100006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 03 maio. 2020. PEREIRA, Renata Cristina Arthou; RIVERA, Francisco Javier Uribe; ARTMANN, Elizabeth. O trabalho multiprofissional na estratégia saúde da família: estudo sobre modalidades de equipes. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 17, n. 45, p. 327-340, jun. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832013000200007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 16 jun. 2020.
Título do Evento
CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MONTEIRO, Luiza Hungaro; POSSIDELI, Anna Karoline Almeida; CRUZ, Débora Teixeira da. RELATÓRIO MULTIDISCIPLINAR BASEADO NO FILME 50%.. In: Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital. Anais...Campo Grande(MS) UNIGRAN Capital, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2020/270180-RELATORIO-MULTIDISCIPLINAR-BASEADO-NO-FILME-50%25. Acesso em: 20/05/2025

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