AS FOTOGRAFIAS DE SOFIA BORGES DAS ESCULTURAS DE EDGAR DEGAS NO MASP

BRUNA MOZINI GODOY

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Resumo

DOI

10.29327/coloquiocbha2023.622159

Título do Trabalho

AS FOTOGRAFIAS DE SOFIA BORGES DAS ESCULTURAS DE EDGAR DEGAS NO MASP

Autores

BRUNA MOZINI GODOY

Modalidade

Pôster (para não membros do CBHA)

Área temática

Urdiduras metodológicas

Data de Publicação

26/12/2024

País da Publicação

Brasil

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/coloquiocbha2023/622159-as-fotografias-de-sofia-borges-das-esculturas-de-edgar-degas-no-masp

ISBN

978-65-272-0969-0 | ISSN 2236-0719

Palavras-Chave

Sofia Borges, Edgar Degas, Fotografia, Apropriação, Exposição.

Resumo

RESUMO A presente pesquisa analisa as fotografias das esculturas do artista francês Edgar Degas (1834-1917) realizadas pela artista e curadora brasileira Sofia Borges (1984) para a exposição “Degas: Dança, política e sociedade”, exibida no Museu de Arte de São Paulo (MASP), entre o final de 2020 e o início de 2021. São estudados as fricções e os diálogos entre tais obras, especialmente as imagens da “Bailarina de catorze anos”, única escultura exibida em vida pelo artista francês. É abordado o fato das fotografias serem realizadas por uma artista contemporânea que demonstra um olhar crítico para a obra de um artista engajado no realismo social atuante na Paris do século XIX. Para a análise das imagens, dialogamos com diversos autores da história da fotografia, como Walter Benjamin, Susan Sontag, Roland Barthes, Philippe Dubois, Rosalind Krauss e Georges Didi-Huberman, com destaque para as historiadoras da arte Annateresa Fabris e Norma Broude. Foram utilizados ensaios constantes no próprio catálogo da exposição, realizadas pesquisas no sítio eletrônico do MASP e da artista Sofia Borges e consultas aos mais diversos artigos em revistas acadêmicas online. PALAVRAS-CHAVE Sofia Borges; Edgar Degas; Fotografia; Apropriação; Exposição. JUSTIFICATIVA As fotografias da artista brasileira Sofia Borges (1984) das esculturas do artista francês Edgar Degas (1834-1917) presentes no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e exibidas na exposição “Degas: Dança, política e sociedade”, realizada no referido museu entre 04 de dezembro de 2020 e 01 de agosto de 2021, trazem à baila o olhar crítico de uma artista mulher contemporânea para corpos femininos representados anteriormente por um artista homem do século XIX. As mulheres saem, destarte, de uma condição passiva, de representadas, para uma posição igualmente atuante, de criadoras e protagonistas. Com curadoria de Fernando Oliva e Adriano Pedrosa, foram apresentadas de maneira instalativa quinze fotografias de Sofia Borges, escolhidas para exibição em conjunto com a artista. Foram posicionadas nos cavaletes de Lina Bo Bardi e em painéis de grandes dimensões, juntamente com a exibição das 76 esculturas de Edgar Degas, conjunto este considerado o mais significativo de um artista europeu no MASP. A exposição buscou analisar as obras do artista francês através dos aspectos social e político, não apenas estilístico e formal, com destaque para as condições opressoras que as bailarinas viviam, muitas advindas das camadas mais baixas da sociedade e enfrentando longas e exaustivas jornadas de trabalho. Sofia Borges, jovem paulista artista e curadora, faz uso de diferentes expressões artísticas como fotografia, teatro, curadoria e performance, inclusive realizando questionamentos sobre a própria fotografia. Podemos vislumbrar em diversos de seus trabalhos o interesse por displays expositivos e por objetos nele representados, como nas suas fotografias realizadas das esculturas de Edgar Degas no MASP. Importante frisar que a artista realizou as fotografias durante a pandemia da COVID-19 nas dependências do próprio museu, optando por fotografar a “Bailarina de catorze anos” dentro do suporte de vidro, incorporando o reflexo da escultura em suas imagens. Foram utilizados tecidos brancos e pretos para criar diferentes efeitos de sombra, luz e cor. O uso da escada concedeu a possibilidade de fotografar ângulos não habitualmente vistos da escultura. A iluminação, os enquadramentos e as escolhas de Sofia Borges permitiram que o espectador contemplasse as esculturas sob novos aspectos estéticos e visuais. O catálogo da exposição reuniu ensaios de pesquisadores de diversas nacionalidades para analisar a trajetória e obras do artista francês. Norma Broude (2021) abordou em seu texto a suposta misoginia do pintor. A pesquisadora rejeita tal rótulo ao artista, pois esclarece como este diversas vezes representou o desconforto sentido pelas bailarinas ao serem encurraladas pelos frequentadores da Ópera, evidenciando a situação opressora que as jovens sofriam. Igualmente trouxe em seus trabalhos diversas questões referentes à desigualdade de gênero e social, ao representar em suas obras mulheres das classes mais baixas em seus mais simples afazeres, como lavadeiras e passadeiras, excluídas e marginalizadas pelas camadas mais altas da Paris do século XIX. Relevante destacar que a artista brasileira fotografa as bailarinas livres da base e do pedestal, deixando as figuras libertas, garantindo autonomia para suas mulheres retratadas e concedendo discricionariedade para seus movimentos e condução dos seus atos. Podemos refletir sobre como Edgar Degas, ao eleger uma pátina sem retoques na escultura, intentou repelir o toque do público nas bailarinas. Sofia Borges, ao realçar a sensação desconfortável com a pele dessas bailarinas, nos faz ponderar sobre a real condição humana dessas personagens, uma alteridade que a elite não conseguiria se identificar por não compreender estas jovens em sua condição de vulnerabilidade. Edgar Degas, desta feita, acaba por proteger mais a personagem que seu trabalho escultórico. Sofia Borges concede especial atenção aos detalhes das esculturas em suas fotografias, captando aspectos como a rugosidade do bronze e a precisão/obsessão presentes no rosto da “Bailarina de catorze anos”. Conseguimos visualizar com acuidade os olhos semicerrados, o maxilar tenso, o queixo levemente inclinado. A artista brasileira evidencia a postura desafiante e em combate que a “Bailarina de catorze anos” possui, cujo corpo resiste em ceder às pressões que recebe da sociedade e dos poderosos visitantes da Ópera. Suas escolhas de representação, incluindo seu papel de edição, permitem que aproximemos as linguagens escultórica e fotográfica, realizando um diálogo fértil e estreito. OBJETIVOS Analisar as fotografias realizadas pela artista brasileira Sofia Borges das esculturas do artista francês Edgar Degas no MASP para a exposição “Degas: Dança, política e sociedade”, a fim de refletir sobre os diálogos e as fricções entre as obras. Retratar a trajetória da artista brasileira, discorrendo sobre seus trabalhos, em especial sobre as técnicas utilizadas para a produção das fotografias das esculturas do artista francês. Discorrer sobre seu trabalho de apropriação, montagem e edição. Debater a suposta misoginia de Edgar Degas, trazendo reflexões sobre suas obras e carreira, sobretudo sobre o ambiente e época em que seus trabalhos foram realizados. MÉTODOS A pesquisa bibliográfica realiza a análise das imagens e obras a partir do diálogo com os principais teóricos da fotografia, como Walter Benjamin, Susan Sontag, Roland Barthes, Philippe Dubois, Rosalind Krauss, Annateresa Fabris e Georges Didi-Huberman, além de textos de pesquisadores estudiosos da obra de Edgar Degas, como Norma Broude. O sítio eletrônico do MASP é igualmente consultado para informações específicas sobre o conjunto escultórico do artista francês e as imagens da artista brasileira, além da visita ao portfólio de Sofia Borges, para detalhes da sua trajetória artística e produção de suas obras, em especial das fotografias aqui estudadas. São consultados os mais variados artigos e revistas acadêmicas, além de realização de visitas de campo na própria instituição paulista para a observação das obras, com destaque para seus detalhes e materialidade. RESULTADOS É possível constatar como as fotografias de Sofia Borges concedem uma nova perspectiva mais radical e monumental para a análise de obras tão icônicas da História da Arte como as esculturas de Edgar Degas, inserindo novos olhares e percepções para além dos já tão tradicionalmente estudados. Igualmente é possível concluir que o artista francês não era misógino, mas convivia em uma sociedade em que a misoginia era predominante, bem como persistente hodiernamente na visão clichê preconceituosa. Considerando o contexto e a comparação entre o original e sua apropriação, além do estreito diálogo entre arte moderna e contemporânea, verificamos como ambos os artistas podem ter trabalhado a um só tempo pela mesma causa. REFERÊNCIAS BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Primeira versão. 1935-1936. Disponível em http://www.mom.arq.ufmg.br/mom/02_babel/textos/benjamin-obra-de-arte-1.pdf. Acesso em 09 ago. 2023. BENJAMIN, Walter. Paris, capital do século XIX. Exposé de 1935. Disponível em https://teoriadoespacourbano.files.wordpress.com/2013/03/benjamin-w-paris-capital-do-sc3a9culo-xix-trad-kothe.pdf. Acesso em 09 ago. 2023. BENJAMIN, Walter. Pequena história da fotografia. 1931. Disponível em https://psicanalisepolitica.files.wordpress.com/2014/10/obras-escolhidas-vol-1-magia-e-tc3a9cnica-arte-e-polc3adtica.pdf. Acesso em 09 ago. 2023. BERGER, John. Para entender uma fotografia. Organização e introdução Geoff Dyer. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. BORGES, Sofia. Prêmio Pipa, Ano 12. Abril/2019. Disponível em https://www.premiopipa.com/pag/artistas/sofia-borges/. Acesso em 09 ago. 2023. BROUDE, Norma. A suposta misoginia de Degas in Oliva, Fernando e PEDROSA, Adriano. Degas e Borges no Masp. 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Entrevista completa para a revista Rolling Stone por Jonathan Bettoni. Belo Horizonte; Autêntica Editora, 2015.

Título do Evento: 43º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte
Cidade do Evento: Juiz de Fora
Título dos Anais do Evento: Urdiduras metodológicas: escolhas e disposições na pesquisa em história da arte. Anais do 43º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital
DOI

Como citar

GODOY, BRUNA MOZINI. AS FOTOGRAFIAS DE SOFIA BORGES DAS ESCULTURAS DE EDGAR DEGAS NO MASP.. In: Urdiduras metodológicas: escolhas e disposições na pesquisa em história da arte. Anais do 43º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte. Anais...Juiz de Fora(MG) Museu de Arte Murilo Mendes – MAMM, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/coloquiocbha2023/622159-AS-FOTOGRAFIAS-DE-SOFIA-BORGES-DAS-ESCULTURAS-DE-EDGAR-DEGAS-NO-MASP. Acesso em: 13/06/2025