PROCESSO DE MORTE E MORRER NA MATERNIDADE: ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
PROCESSO DE MORTE E MORRER NA MATERNIDADE: ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Autores
  • Larissa Rocha
  • Roberta Costa
  • margarete maria de lima
Modalidade
Comunicação Coordenada
Área temática
Enfermagem Obstétrica e Neonatal fazendo a diferença no cenário nacional
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/60653-processo-de-morte-e-morrer-na-maternidade--estrategias-de-enfrentamento-da-equipe-de-enfermagem
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Morte fetal, cuidados de enfermagem, atitude frente a morte.
Resumo
Introdução: O processo de morte e morrer faz parte do ciclo vital e é a única certeza do ser. Porém, os indivíduos não pensam sobre o assunto constantemente, até porque isso diminuiria drasticamente sua qualidade de vida.(1) O enfrentamento do processo de morte e morrer, muitas vezes é difícil de ser vivenciado, proporciona reações e atitudes singulares em cada um, geradas diante da consciência da finitude do corpo. Estar próximo ao processo de morte e morrer pode trazer medo, angustia, culpa, e causar inclusive doenças psicossomáticas em profissionais que lidam diretamente com isso.(1) Esta questão fica ainda mais exacerbada quando a morte faz-se presente em um ambiente onde o que se espera é vida, como a exemplo, a maternidade, onde o nascimento que carrega o significado de começo da vida passa a significar finitude.(2-4) Os cuidadores neste processo precisam se adaptar às mudanças, tão difíceis de ser encaradas, passando pelo processo de enfrentamento da morte e morrer.(1) As atitudes do enfrentamento do processo de morte e morrer são descritas como fases: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação.(1) Cabe ressaltar que nem sempre todas estas etapas de enfrentamento são vivenciadas por todos os envolvidos no processo de morte e morrer. Da mesma forma, sua ordem cronológica pode ser alterada de acordo com as vivências e cultura de cada indivíduo.(1) Na realidade desta temática no Brasil, ainda são escassas as pesquisas e políticas públicas com olhar sensível para a questão ou que descrevem o processo de atitudes e enfrentamento frente à morte dos profissionais de saúde, em específico da equipe de enfermagem que atua na maternidade.(2) Objetivo: identificar as estratégias de enfrentamento do processo de morte e morrer vivenciadas pela equipe de enfermagem na maternidade diante do óbito fetal. Método: Pesquisa qualitativa, do tipo convergente-assistencial, que utilizou os referenciais do enfrentamento do processo de morte e morrer(1) e da Teoria da Adaptação da Callista Roy. Foi desenvolvida em uma maternidade localizada no município de São José, no estado de Santa Catarina, com 17 técnicos de enfermagem e 06 enfermeiros que prestaram cuidados à mulher com diagnóstico de óbito fetal. Os critérios de inclusão foram ter prestado cuidados à mulher com diagnóstico de óbito fetal em seu local de trabalho, e trabalhar há pelo menos um ano na Instituição. Foram excluídos os profissionais que estavam afastados do serviço, de licença prêmio ou de férias. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital Infantil Joana de Gusmão do estado de Santa Catarina, sob o parecer 838.303/2014. A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2014 a maio de 2015, através de rodas de conversa, totalizando 4 encontros, que foram gravados e posteriormente áudiotranscritos para análise. A análise dos dados seguiu as etapas: apreensão, síntese, teorização e transferência.(5) Resultados: Foram identificadas as seguintes etapas do enfrentamento do processo de morte e morrer pela equipe de enfermagem na maternidade diante do óbito fetal: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.(1-2) Estas etapas demonstram a dificuldade dos profissionais de enfermagem em lidar com a morte dentro da maternidade.(1-4) A fase da negação foi, em geral a primeira, sendo demonstrada a partir do choque com o recebimento da notícia, caracterizada por paralização, sensação de impotência, frustração, medo, tristeza, inquietação e isolamento(1) como quando o profissional enfrenta dificuldades para os cuidados com o corpo do bebê ou com a mãe no trabalho de parto, parto, pós parto e inibição da lactação e muitas vezes prefere afastar-se, e não lidar com a situação. A seguinte etapa é a da raiva, onde o profissional irritado por não aceitar a perda e suas reações propagam-se sem direcionamento específico(1), como o direcionamento da culpa à mulher ou a outro profissional pelo ocorrido.(2) A fase seguinte, a de barganha, é a tentativa de negociação para (re)consquistar a vida(1-2), evidente quando o profissional tenta erroneamente consolar a mãe e menciona que logo ela poderá engravidar novamente, como se um outro bebê pudesse substituir este ou diminuir sua dor. Na próxima etapa, a de depressão, existe tristeza, introspecção e mobilização de sentimentos(1-2), quando o profissional encara a morte de frente, demonstra seus sentimentos às mulheres e desta forma começa admitir definitivamente a presença morte. Por fim, a etapa de aceitação(1-2) fica evidente quando os profissionais acolhem a morte como parte da vida e podem assim cuidar do bebê da mulher a ponto de enfrentar a situação e não mais banaliza-la. Como já mencionado, estas etapas descritas podem não seguir a mesma ordem e serem vivenciadas de formas diferentes por cada profissional de enfermagem, de acordo com as vivencias pessoais.(1) Ao identificar as estratégias de enfrentamento do processo de morte e morrer, os profissionais também apontaram que a sua formação acadêmica, ainda é incipiente, para os cuidados à perda fetal, que pouco prepara-os para o enfrentamento da morte, em especial dentro da maternidade.(2-3) A falta de acompanhamento psicológico, a ausência de espaços interativos para discussões, e o baixo investimento em qualificação profissional sobre a questão do óbito fetal contribuem para a persistência das dificuldades dos profissionais e entraves para a efetivação das boas práticas de cuidado em obstetrícia.(2-4) Conclusão: Ao cuidar de mulheres que vivenciam o óbito fetal, a equipe de enfermagem na maternidade vivencia o enfrentamento do processo de morte e morrer em sua rotina diária de trabalho. As atitudes frente dos profissionais variam de acordo com as experiências individuais e a compreendem sobre a vida e a morte de cada um. A formação acadêmica da enfermagem não prepara para o enfrentamento da morte, portanto é essencial o aprimoramento da formação da equipe de enfermagem e qualificação profissional da equipe de enfermagem das maternidades. A equipe de enfermagem respaldada teoricamente pode compreender e auxiliar em cada fase do enfrentamento especificamente para cada mulher. Deve haver também aporte emocional/psicológico aos profissionais de enfermagem que vivenciam a morte na maternidade com acompanhamento profissional e/ou através de rodas de conversa para discussão, compartilhamentos de saberes e de sentimentos, para mobilização e fortalecimento do profissional enquanto ser individual e enquanto integrante de uma equipe. Desta forma, a enfermagem pode aprender a lidar com suas próprias formas de enfrentamento e assim realizar cuidados de forma eficiente à mulher que acaba de perder o filho. Esta forma de cuidar deve ir além das técnicas institucionais, e possibilitar a humanização das práticas, e permitir o seu processo adaptativo e o da mulher. Contribuições para a enfermagem Obstétrica: A equipe de enfermagem desempenha um papel essencial no acompanhamento da mulher com diagnóstico de óbito fetal. A identificação das etapas do processo de enfrentamento da morte e morrer na maternidade possibilitam lidar com a perda e o luto dos profissionais da equipe de enfermagem.(1) Desta forma, os cuidados deixam de ser automatizados, passam a ser refletidos e melhor conduzidos na busca de uma práxis qualificada(2-4). Espera-se que este estudo possa fomentar outros espaços de discussões com os profissionais de saúde promovendo o respeito às individualidades de cada mulher/família, norteando a equipe de enfermagem a não banalizar a morte e os cuidados que esta situação exige dentro do processo de gestação, parturitivo e puerperal para a realização de uma assistência segura e qualificada.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ROCHA, Larissa; COSTA, Roberta; LIMA, margarete maria de. PROCESSO DE MORTE E MORRER NA MATERNIDADE: ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/60653-PROCESSO-DE-MORTE-E-MORRER-NA-MATERNIDADE--ESTRATEGIAS-DE-ENFRENTAMENTO-DA-EQUIPE-DE-ENFERMAGEM. Acesso em: 18/07/2025

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