UMA REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE AS ESPÉCIES ALIMENTÍCIAS E MEDICINAIS MANEJADAS PELOS POVOS INDÍGENAS DA FAMÍLIA LINGUÍSTICA JÊ

Publicado em 23/07/2025 - ISBN: 978-65-272-1560-8

Título do Trabalho
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE AS ESPÉCIES ALIMENTÍCIAS E MEDICINAIS MANEJADAS PELOS POVOS INDÍGENAS DA FAMÍLIA LINGUÍSTICA JÊ
Autores
  • Ariane Saldanha de Oliveira
  • Aline Pereira Cruz
  • Nivaldo Peroni
Modalidade
Comunicação Oral
Área temática
02. Soberania alimentar, sistemas agrícolas tradicionais e agroecologia
Data de Publicação
23/07/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cbee2024/858516-uma-revisao-sistematica-sobre-as-especies-alimenticias-e-medicinais-manejadas-pelos-povos-indigenas-da-familia-li
ISBN
978-65-272-1560-8
Palavras-Chave
Revisão sistemática da literatura, Conhecimento Ecológico Tradicional, Domesticação, Etnobotânica
Resumo
Os povos indígenas das terras baixas da América do Sul promovem a conservação de recursos naturais em seus territórios e, por meio de suas práticas tradicionais de manejo, atuam na geração e amplificação da diversidade de espécies de uso alimentar e medicinal, que apresentam diversos graus de domesticação. As espécies e características do manejo compartilhadas por povos de origem linguística comum podem fornecer subsídios para compreensão da domesticação de plantas e paisagens, considerando que os grupos humanos interagem com o ambiente, desenvolvendo conhecimentos e formas de falar sobre o meio. Com o objetivo de contribuir para elucidação sobre os processos de domesticação de espécies e paisagens associadas aos povos indígenas da família linguística Jê, Tronco Macro-Jê, realizamos uma revisão sistemática da literatura acerca das plantas de uso alimentício e medicinal. Utilizamos repositórios de artigos científicos e de teses e dissertações para prospecção das pesquisas. Acordamos uma curadoria compartilhada das informações dessa pesquisa junto aos indígenas Kaingáng da Organização não Governamental Uirapuru, e fizemos o registro de acesso ao “conhecimento tradicional sobre a biodiversidade” a partir de fontes secundárias no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen). Elaboramos um banco de dados acerca das informações oriundas de 126 publicações, perfazendo uma amplitude temporal de 126 anos (1865 a 2021). Localizamos pesquisas associadas aos povos Kaingáng e Laklãnõ-Xokleng (Jê Meridional); Xavánte, Xacriabá e Xerénte (Jê Central); Apinajé, M?bêngôkre-Kayapó, Panará, Suyá-Kisêdjê, Timbira Krahô, Timbira Canela e Timbira Gavião (Jê Setentrional). Os povos que apresentaram maior número de pesquisas têm maior riqueza de espécies associadas. Verificamos uma alta riqueza manejada pelos indígenas Jê, expressa em 609 espécies. As famílias botânicas que contaram com mais espécies são Fabaceae, Arecaceae, Asteraceae, Myrtaceae e Rubiaceae. Verificamos que espécies com alto grau de domesticação como milho (Zea mays L.), mandioca (Manihot esculenta Crantz.), batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.), e outras, destacaram-se pela alta riqueza de etnovariedades e pela prevalência entre os povos Jê dos três ramos linguísticos. Os indígenas estabelecem relações mutualísticas profundas com essas plantas, que estão evidenciadas em vestígios de sítios arqueológicos de tradições cerâmicas ligadas aos Jê e algumas delas aparecem na mitologia de origem da agricultura dos povos Kaingáng, M?bêngôkre-Kayapó, Apinajé e Timbira. Outros táxons, cujo manejo é menos intensivo, como jatobá (Hymenaea courbaril L.), pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze) e castanha-do-pará (Bertholletia excelsa Bonpl.) estão associados a povos do mesmo ramo linguístico ou que ocupam áreas geográficas mais próximas. Nossos resultados indicam que os Jê mantêm uma alta diversidade de espécies com diferentes graus de domesticação em seus sistemas de produção de alimentos e plantas medicinais, o que reforça que os sistemas produtivos indígenas envolvem práticas complexas e heterogêneas, que não se restringem a um modelo único de agricultura intensiva, exógeno às terras baixas da América do Sul. A diversidade biológica manejada por populações indígenas é fundamental para a resiliência agrícola em um cenário de extremos climáticos, acelerada perda de espécies e variedades e riscos à soberania cultural e territorial dos povos indígenas.
Título do Evento
XIV Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia
Cidade do Evento
Criciúma
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

OLIVEIRA, Ariane Saldanha de; CRUZ, Aline Pereira; PERONI, Nivaldo. UMA REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE AS ESPÉCIES ALIMENTÍCIAS E MEDICINAIS MANEJADAS PELOS POVOS INDÍGENAS DA FAMÍLIA LINGUÍSTICA JÊ.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia. Anais...Criciúma(SC) UNESC, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cbee2024/858516-UMA-REVISAO-SISTEMATICA-SOBRE-AS-ESPECIES-ALIMENTICIAS-E-MEDICINAIS-MANEJADAS-PELOS-POVOS-INDIGENAS-DA-FAMILIA-LI. Acesso em: 09/12/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes