SALA DE ESPERA: AUTO RETRATO COMPOSICIONAL DE UMA MULHER NEGRA CONTEMPORÂNEA

Publicado em 03/01/2025 - ISBN: 978-65-272-0950-8

Título do Trabalho
SALA DE ESPERA: AUTO RETRATO COMPOSICIONAL DE UMA MULHER NEGRA CONTEMPORÂNEA
Autores
  • Jéssica Brendah Freitas Silva
  • Marcello Messina
Modalidade
Resumo
Área temática
COMUNICAÇÕES E RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
Data de Publicação
03/01/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/7sae/971893-sala-de-espera--auto-retrato-composicional-de-uma-mulher-negra-contemporanea
ISBN
978-65-272-0950-8
Palavras-Chave
Arte, Ancestralidade, Composição, Feminismo Negro, canção
Resumo
Devido a dívidas históricas do Brasil com a população negra, homens e mulheres pretos e pardos ainda hoje vivem condições desvantajosas de vida como no período colonial (Mignolo, 2008). A criação da canção “Sala de espera” é importante para que se possa exemplificar na prática como de fato a vida de pessoas pretas e pardas ainda é mais desvantajosa, e principalmente a vida das mulheres negras, ainda hoje é uma vida de luta (Kilomba, 2019), administrando questões como inserção no mercado de trabalho, subemprego, trabalho informal e o preconceito. Em “Pensamentos e sentimentos sobre a escravidão” de Ottobah Cugoano (Cugoano, 1887), por exemplo, relata em 1887 como foi o processo do tráfico negreiro que viveu, sendo tirado de sua terra original e levado até a Inglaterra, como um escravo que aprendeu a ler em Londres, este pode descrever os males da escravidão e como muitos outros homens e mulheres negros tentaram se matar no navio do tráfico e ao chegar na Inglaterra este viveu o choque cultural de ser trazido de sua cidade de forma violenta, compulsória, não consentida e viver em uma grande metrópole da época, e a cultura deste indíviduo? Sua forma de ser, agir e pensar semelhante as pessoas de seu país e continente? Toda essa violência cultural ainda pode existir nos dias de hoje, com pessoas negras e indígenas numa sociedade que é padronizadamente branca. Tive como objetivo produzir uma canção que se parecesse com uma toada, ou canto de trabalho musicalmente falando, algo que remetesse ao trabalho colonial, - assim como a analogia do trabalho de Kilomba “Memórias da Plantação,” ou seja, a forma como somos tratados hoje ainda tem muito a ver com o passado, - mas que fosse ao mesmo tempo moderno e que descrevesse a vida de uma mulher que vende cosméticos, estuda, pede aos amigos para divulgar seus serviços nas redes sociais, ensina, aprende, aprende ensinando e se reinventa em meio as suas dificuldades, administrando com leveza as dificuldades da vida. Semelhante ao que é retratado no filme Noites Alienígenas (Carvalho, Sérgio), por exemplo, que apresenta uma jovem negra como personagem principal que tem sua rotina como mulher negra periférica de Rio Branco, Acre representada, uma mãe solteira, da periferia, garçonete e membro de um grupo de Slam. Essa é uma forma de alegorizar a realidade e manter o contato ancestral - através da canção de trabalho, ou toada moderna - onde trazemos a vivência da mulher negra do passado, refletindo o que esta apresenta em comum com a mulher negra do presente, trazendo sua cultura original para a sociedade na qual se encontra (Soleane Manchineri, Wendel Manchineri, 2018). Soleane Manchineri e Wendel Machinery lançam mão em seu trabalho “Mitos Manchineri: bons para pensar a atualidade,” de duas lendas de seu povo de origem - o surgimento do milho e a mulher e a cobra - para que possam aplicar as lições filosóficas das lendas de seu povo que explicam fenômenos naturais e outras questões para que assim mantenham seu conhecimento ancestral e cultural, associando-o e aplicando-o numa sociedade que não é a sua sociedade origem, mas não aceitando um novo genocídio, um novo sufocamento cultural. Assim como nesta canção, ou toada, a forma de lidar com as dificuldades da vida, as desvantagens de ser uma mulher negra são preservadas com a cantoria, uma forma de suavizar as dores e transformá-las em arte e sentimento, afinal até nossos sentimentos foram suprimidos como diz o raper Emicida na canção “Principia,” a ele foi dito na África que os negros não tinham alma, fomos desumanizados. Porém nessa canção temos uma intenção emancipatória, não mais apresentando uma condição de escravizado, por mais que nossas condições sejam ainda desvantajosas, mas através da intenção da canção saudosista e ao mesmo tempo progressista na condição da mulher negra em si. Sendo assim, a canção foi composta primeiramente em 2021, através da escrita do poema, depois foi criada a melodia, que foi acompanhada por um chocalho doméstico artesanal criado com uma lata de margarina e arroz, assim a compositora/intérprete se acompanha na canção. Posteriormente em 2024 a canção foi acrescida de mais versos, teve sua melodia estendida e foi regravada. O resultado é uma canção de 4 versos e 3 minutos de duração que compõem um projeto musical da compositora.
Título do Evento
7º Seminário Arte e Educação - Caminhos para o Norte: pesquisas artísticas e pedagógicas
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Arte e Educação - Caminhos para o Norte: pesquisas artísticas e pedagógicas
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Jéssica Brendah Freitas; MESSINA, Marcello. SALA DE ESPERA: AUTO RETRATO COMPOSICIONAL DE UMA MULHER NEGRA CONTEMPORÂNEA.. In: Anais do Seminário Arte e Educação - Caminhos para o Norte: pesquisas artísticas e pedagógicas. Anais...Rio Branco(AC) UFAC, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/7sae/971893-SALA-DE-ESPERA--AUTO-RETRATO-COMPOSICIONAL-DE-UMA-MULHER-NEGRA-CONTEMPORANEA. Acesso em: 07/12/2025

Trabalho

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