O MERCADO DE CONSUMO DE INSETOS: ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DO CONCEITO DE ENTOMOFAGIA

Publicado em 13/04/2020 - ISBN: 978-65-990852-0-8

Título do Trabalho
O MERCADO DE CONSUMO DE INSETOS: ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DO CONCEITO DE ENTOMOFAGIA
Autores
  • Renan Montico de Oliveira Silva
  • Carla Rodrigues Xavier
  • Clara Alves Araújo Almeida
Modalidade
Resumo
Área temática
Categoria C - Ensino Médio e Técnico - Ciências Humanas
Data de Publicação
13/04/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/7febrat/177215-o-mercado-de-consumo-de-insetos--estrategias-discursivas-na-divulgacao-cientifica-do-conceito-de-entomofagia
ISBN
978-65-990852-0-8
Palavras-Chave
Análise do discurso. Divulgação Científica. Entomofagia.
Resumo
Atualmente, um dos maiores desafios para os pesquisadores ao redor do mundo é estreitar as relações entre suas produções científicas e a comunidade em geral a fim de proporcionar a inserção social e cultural do saber científico, o que ocorre por meio da divulgação científica (CATALDI, 2016). Dessa forma, a grande mídia assume um papel relevante e importante, se responsabilizando da função de fornecer informações necessárias para que a sociedade possa aprimorar seus conhecimentos e ter a capacidade de tomar decisões frente às novas descobertas (CATALDI, 2011). Recentemente, a prática de consumo de insetos pelos seres humanos, denominada entomofagia, têm atraído a atenção da mídia, de pesquisadores, de grupos ativistas e de políticos relacionados à indústria de alimentos. Consequentemente, não é tarefa difícil encontrar na grande mídia notícias relacionadas ao tema. Dessa forma, é importante conhecer o contexto a partir do qual procedem os discursos sobre essa prática citados nos textos de divulgação científica, tendo em vista: quem os produz, em que lugar, para quem e com quais objetivos. Embasados nesses pressupostos discursivos, esse trabalho tem por objetivo analisar como os jornalistas recontextualizam o conhecimento científico sobre a entomofagia em outra situação comunicativa, considerando que esse processo pressupõe a seleção, reorganização e reformulação da informação científica. Portanto, surge, no âmbito da Análise do Discurso da Divulgação Científica, aporte teórico para as análises que serão feitas nesse trabalho. Esses procedimentos são: o de expansão, o de redução e o de variação (CATALDI, 2003, 2007 e 2016). Sobre o procedimento de expansão, Cataldi (2016, p. 6) argumenta que “o jornalista utiliza esse recurso com o objetivo de introduzir as informações necessárias para alcançar a efetiva participação cognitiva e comunicativa do leitor”. Já a redução, conforme a autora, envolve a supressão ou condensação das informações consideradas prescindíveis para o leitor. Por fim, a autora caracteriza a variação como a “seleção de recursos léxicos, semânticos, sintáticos e o distinto grau de variação entre os termos e conceitos especializados [...] que caracterizam a dinâmica discursiva do conhecimento científico na mídia impressa”. Os textos que constituem o corpus foram extraídos dos jornais Folha de São Paulo e O Globo. Optamos por esses dois veículos de comunicação devido ao alcance, relevância e notável valor para a imprensa brasileira que eles possuem. No acervo digital dos dois jornais, buscamos pelo termo “entomofagia” e selecionados a notícia mais recente de cada um para as análises. Dessa forma, encontramos dos textos, um de fevereiro de 2012, do Jornal O Globo e outro de setembro de 2018, do Jornal Folha de São Paulo. O “O Globo” veiculou, em um caderno intitulado “Planeta Terra” a notícia “Entre insetos e algas, um desafio técnico e cultural”. Nesse texto, percebemos a utilização de argumentos de autoridade, a fim de validar as informações expostas, e, em maior parte, da estratégia de redução para tratar o tema. O autor da reportagem utiliza argumentos e opiniões do professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, Eraldo Medeiros, que também é autor do livro “Antropoentomofagia” e uma das referências na pesquisa sobre o tema no Brasil. Por meio das explicações dadas pelo pesquisador e dos dados obtidos à priori a informação se torna mais verídica aos leitores, além de asseverar a procedência dos dados. O autor da matéria também condensa o modo como as estatísticas foram obtidas, caracterizando o processo de redução, como observamos no fragmento “Cerca de 1,7 mil espécies de insetos comestíveis já foram registradas em quase 3 mil grupos étnicos, encontradas em mais de 120 países”. Além da estratégia de redução, há uma variação posta no mesmo trecho, com a utilização do termo “insetos comestíveis” para se referir a entomofagia. A variação também é uma estratégia discursiva recorrente no texto do Jornal Folha de São Paulo, pois notamos que a entomofagia passou a ser denominada como “insetos comestíveis”, “produtos à base de insetos”, “insetos comida” e “entomofagia ocidental”. Em outro trecho da notícia da Folha, encontramos a pontuação como recurso linguístico para explicar um termo, sendo: “Há pouco tempo uma amiga que mora no Brooklyn, em Nova York, me falou que tinha comprado "cricket flour" (farinha de grilo) para fazer cookies”. Em outras palavras, os parênteses explicam o termo anterior. Da mesa forma que o Jornal O Globo, o texto da Folha também utiliza argumentos de autoridade para legitimar os dados, tal como em “[...] conforme relatório das Nações Unidas” e “A ONU publicou até [...]”. A estratégia de redução pode ser identificada, mais uma vez, também nessa matéria, no trecho “Do ponto de vista da sustentabilidade e da segurança alimentar insetos fazem todo sentido como comida. Por terem o sangue frio, convertem 10 vezes mais plantas em proteínas quando comparados com rebanhos tradicionais, além de consumirem pouquíssima água. Do ponto de vista nutricional são ricos também em ácidos graxos, açúcares e têm altas concentrações de vitaminas como B e K. Além disso são baratos. Uma barra de grilo custa cerca de US$ 2,60, um pouco menos do que barras tradicionais”. Isto é, não encontramos informações sobre a metodologia adotada, ou sobre a pesquisa realizada, para obter essas informações, são colocados apenas os resultados para o leitor. Por fim, cabe mencionar que ambos os textos consideram os aspectos culturais da alimentação dos países americanos e europeus como barreira para a prática efetiva da entomofagia no Brasil. Concluímos que os textos que constituíram o corpus passaram por um processo de recontextualização em que diversos procedimentos linguísticos discursivos foram mobilizados para a construção de um novo texto adequado a uma outra situação comunicativa.
Título do Evento
7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT
Cidade do Evento
Belo Horizonte
Título dos Anais do Evento
Anais a 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Renan Montico de Oliveira; XAVIER, Carla Rodrigues; ALMEIDA, Clara Alves Araújo. O MERCADO DE CONSUMO DE INSETOS: ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DO CONCEITO DE ENTOMOFAGIA.. In: Anais a 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas - 7ª FEBRAT. Anais...Belo Horizonte(MG) Centro Pedagógico da UFMG, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/7febrat/177215-O-MERCADO-DE-CONSUMO-DE-INSETOS--ESTRATEGIAS-DISCURSIVAS-NA-DIVULGACAO-CIENTIFICA-DO-CONCEITO-DE-ENTOMOFAGIA. Acesso em: 19/02/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes