Com um currículo impecável, família constituída e reconhecido em seu trabalho,
o professor Nicolai Stiepánovitch poderia facilmente ser tomado como um exemplo de vida, um "homem
feliz". Mas, gradativamente, no desenrolar do espetáculo, esse “homem de bem” é submetido a um doloroso
processo de falência interior. Refém das próprias escolhas e dos modelos exemplares que perseguiu ao longo
da sua caminhada, somente agora onde pouco ou nada há de ser feito, o professor começa a adquirir clareza
sobre o lado patético da sociedade e suas instituições, incluindo seu trabalho e a própria família. Aos
préstimos deste olhar enfadonho do personagem Nicolai Stepianovitch, os atores incidem, sem concessões,
sobre o presente e a geografia – não livrando nem a si mesmos desse crivo, com doses generosas de acidez e
humor. Nesse espetáculo, o que importa não é a glória, mas a capacidade de suportar.