A FÉ EM OUTROS
TEMPOS: CRISTIANISMO, PAGANISMO ENTRE O MUNDO ANTIGO E MEDIEVAL (SÉCULOS
IV-VIII)
Prof.
Dr. Eduardo Cardoso Daflon
Eduardo Daflon atua desde 2018 como
professor convidado do Programa de Pós-Graduação em História Antiga e Medieval
da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro, onde leciona disciplinas
relacionadas à religiosidade no período de transição entre a antiguidade e o
medievo. É doutor (2020) em História pela Universidade Federal Fluminense com
período sanduíche na Universidade de Salamanca-Espanha, mestre (2016) pelo
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense
(PPGH-UFF) e Bacharel e licenciado (2014) pela mesma instituição. Atualmente
realiza um estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em História
Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC-UFRJ). É atualmente
coordenador do grupo de pesquisa Translatio Studii e membro do Centro Ciro
Cardoso de Pesquisas sobre o Pré-Capitalismo (CCCP-PréK) e do Núcleo de Estudos
Rurais e Urbanos.
CV
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2731785116711749
Academia.edu: https://uff.academia.edu/EduardoDaflon
Instagram: https://www.instagram.com/ec.daflon/
Formato
5 encontros
Quintas-feiras, às 19h
Apresentação
O Brasil é um país em que boa parte
de sua população se autodenomina cristã. Mas o que significa ser cristão? Será
que a experiência do cristianismo no passado era a mesma que a nossa? Podemos
tirar alguma lição para nosso presente do conhecimento da experiência religiosa
de outros tempos e lugares? Esse curso pretende abordar como era vivida a
religiosidade na passagem do mundo Antigo ao Medieval. Época muito diferente em
que o cristianismo ainda estava em processo de afirmação e convivia com uma
enorme diversidade de outras experiências religiosas, especialmente no meio
rural. Assim, iremos considerar ao longo das aulas uma série de fatores, entre
eles: 1) o processo de expansão do cristianismo; 2) a ruralização da fé cristã;
3) as interações e conflitos com as manifestações pagãs; 4) o surgimento de uma
religiosidade popular dentro de um quadro geral de afirmação do poder
aristocrático; 5) a importância do fenômeno da santidade para o cristianismo no
período considerado.
Aula 1 – 29 de março
O processo de cristianização do
Império Romano: Nos primeiros momentos deste encontro inicial teremos uma
apresentação geral do curso e a discussão de algumas ideias de fundo que são
importantes para o bom andamento das aulas. Entre elas uma reflexão sobre a
relação que o conhecimento deste curso tem com a aprendizagem e o ensino da
história. Entrando mais diretamente no contexto estudado, nesta aula teremos a
oportunidade de discutir o avanço da cristianização no Império Romano a partir
do século IV, especialmente após a conversão de Constantino. Nesse encontro
falaremos como se deu a formação da ortodoxia cristã a partir do Concílio de
Niceia, bem como as disputas e tensões com os grupos heréticos.
Aula 2 – 05 de abril
Consolidação do cristianismo na
passagem ao mundo medieval: Neste encontro iremos adentrar o período medieval a
fim de entender a estruturação da Igreja e compreender sua relação com as
outras facções cristãs que existiam. Assim, veremos como a Igreja se consolida
nos primeiros séculos medievais através da expansão de uma rede de bispados e
monastérios por todo o território mediterrânico. Além disso, discutiremos como
a Igreja estava plenamente inserida na lógica geral da sociedade medieval,
pensando inclusive se havia alguma especificidade do poder do clero nesse
contexto.
Aula 3 – 14 de abril
O cristianismo avança no meio rural:
O avanço da fé cristã durante bastante tempo esteve concentrado no meio urbano
e seus arredores, com uma grande população no campo ainda mantendo diversas
práticas que os autores cristãos classificaram como “pagãs”. Nesse sentido, um
dos fenômenos mais interesses durante os primeiros séculos medievais foi a
ruralização do cristianismo. Ou seja, a penetração da fé cristã no campo que se
deu de forma bastante gradual. Nesta aula vamos discutir sobretudo a questão
das chamadas “sobrevivências” pagãs entre os camponeses.
Aula 4 – 21 de abril
A Questão das “Sobrevivências Pagãs”:
Nesta aula vamos discutir sobretudo a questão das chamadas “sobrevivências”
pagãs entre os camponeses. Além disso, iremos refletir como talvez “paganismo”
e “cristianismo” não devessem ser vistos como blocos isolados e refratários
entre si. Para isso vamos pensar um pouco sobre os conceitos de cultura e sobre
a formação do que poderíamos chamar de uma religiosidade popular.
Aula 5 – 28 de abril
Santidade e a Intervenção do Poder de
Deus: Os santos cumpriram um papel fundamental como intermediários entre o
mundo terreno e o sagrado neste período. Assim, a santidade era uma forma de
inserção religiosa cristã nas comunidades urbanas e rurais. Neste encontro conclusivo discutiremos os
papéis desempenhados pela santidade e pelas relíquias dos santos na
configuração da fé cristã em princípios da Idade Média.
Indicações de leitura:
BASTOS, Mário Jorge da Motta. Assim
na Terra como no Céu... Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta
Idade Média Ibérica. São Paulo: EDUSP, 2013.
BROWN, Peter. A Ascensão do Cristianismo no Ocidente. Lisboa: Editorial Presença, 1999.
BROWN, Peter. The world of late antiquity: AD 150-750. New York: Norton, 1989
DAVID M. GWYNN, David M.; BANGERT, Susanne (Eds.). Religious Diversity in Late Antiquity. Leiden, Boston: Brill, 2010.
FILOTAS, Bernadette. Pagan survivals, superstitions and popular cultures in early medieval pastoral literature. Toronto: Pontifical Institute of Medieval Studies, 2005.
MARKUS, Robert. O Fim do
Cristianismo Antigo. São Paulo: Paulus, 1997.