O colóquio é uma tentativa de
exercício da habilidade acadêmica de difusão do conhecimento nos parâmetros
aconselhados em todas as universidades brasileiras. Visa dar a
oportunidade de submeter, revisar, e conversar sobre os
textos para aumentar a experiência do estudante em pesquisa e redação. Todos os estudantes que comparecerem devem estar inscritos, mesmo que não submetam trabalhos, se quiserem certificados de comparecimento.
O texto a ser apresentado se resume
em apenas 2 páginas, com slides ou não durante a apresentação, podendo ser derivado de trabalho em
andamento ou concluído. Posteriormente ao evento, os trabalhos aprovados serão
convidados à publicação completa, a ser oportunamente informada.
DIDÁTICA
Transcrevem-se abaixo os estilos
que serão aceitos para a apresentação. Note que tais estilos referem-se ao
trabalho completo, enquanto o colóquio presente tratará com resumos expandidos
no formato de duas páginas especificado. Como foi dito, não há necessidade de
originalidade do trabalho, contanto que seja de autoria própria.
Os gêneros acadêmicos para a escrituração dos
trabalhos são:
O artigo
O artigo apresenta uma
investigação científica em todas as suas fases fundamentais: um problema
digno de ser pesquisado, os objetivos, materiais e métodos de pesquisa, a
análise e as considerações sobre a investigação. É, então, um texto
dissertativo que busca apresentar à comunidade científica e leitora um estudo em
dada área de conhecimento.
Esse gênero pode ser de dois tipos principais. O artigo
de divulgação, também chamado de artigo original, é aquele que traz um tema novo ou uma metodologia
nova, apresentando essa novidade na forma de um estudo completo e que, assim,
poderá ser replicado (repetido) futuramente (inclusive pelo leitor, se for
o caso). Ele pode ser teórico,
ou empírico (ou seja,
baseado em dados coletados pelo autor ou autora). Já o artigo
de revisão trabalha com estudos já publicados,
analisando e discutindo essas contribuições anteriores sob uma nova ótica ou
ponto de vista a ser considerado.
O artigo apresenta uma introdução que contextualiza a área temática e o problema específico investigado. O problema é exposto acompanhado
dos objetivos de sua
investigação. O texto também traz uma revisão de literatura e fundamentação teórica, as quais podem vir em seções próprias ou
diluídas na introdução. A seguir, o artigo descreve os materiais e os métodos usados para conduzir a
investigação do problema, e expõe os resultados e sua devida discussão. Após isso, é apresentada a conclusão, que responde diretamente ao problema investigado. A
isso se segue a lista de referências bibliográficas e, se necessário,
apêndices e anexos.
Observe
que mesmo o artigo de revisão, descrito anteriormente, tem um problema central
de análise naquela dada literatura, bem como métodos específicos para a análise
do material (isto é, os estudos anteriores revisados) e respectivas conclusões
sobre o que for dissertado na análise.
Além da estrutura vista, é convenção incluir no artigo, após o título e
identificação do autor, um resumo com palavras-chave adequadas para a
correta indexação do texto. O resumo geralmente deve ser tanto em língua portuguesa quanto em uma língua estrangeira. Palavras-chave em número máximo de 5.
A resenha
A resenha é um tipo de texto que serve para divulgar obras novas e apresentar uma obra que o(a)
leitor(a) geralmente não leu ou não conhece. Ela pode, assim, atualizar o público leitor de modo breve
sobre outras produções científicas, especialmente recentes.
É comum periódicos científicos dedicarem uma
seção inteira de sua publicação apenas para resenhas, já que elas representam
uma atualização sobre quais publicações estão surgindo na área de interesse.
Por isso, normalmente, as resenhas costumam ser de obras recentes.
A resenha, nesse papel de divulgar e
apresentar uma dada obra, geralmente cumpre três passos essenciais:
1) identifica a obra a ser resenhada;
2) apresenta/descreve resumidamente o conteúdo desta obra;
3) aprecia/avalia criticamente esse conteúdo (podendo
haver um tipo de resenha que não realiza essa apreciação).
A identificação detalha o nome do(a) autor(a) e inclui
breves informações sobre sua carreira (outras obras dele ou dela). A
identificação também informa o trabalho resenhado, seu local e editora de
publicação, a data, e apresenta demais informações que se apliquem, como por
exemplo o nome da coleção ou série a que a obra pertence, o número de volumes,
o nome do tradutor, se for o caso, e assim por diante.
A apresentação do conteúdo da
obra consiste no resumo dos principais argumentos feitos, um levantamento das ideias
apresentadas e defendidas pelo autor. Pode ser organizada conforme os fatos ou
dados aparecem na obra (resumindo os capítulos ou as partes em sua ordem
sequencial na obra) ou então em agrupamento de conjuntos de ideias.
Já a apreciação do conteúdo pode ser tanto positiva quanto
negativa, desde que seja fundamentada. De qualquer modo, é importante que a apreciação seja feita com respeito
e zelo.
Recomenda-se que já na apresentação do resumo
da obra se insiram pequenas sinalizações sobre o tom da apreciação
crítica (se houver). Isso pode ser
feito, por exemplo, com expressões do tipo: “o autor sabiamente desenvolve
o argumento . . .”, ou “o autor discute o ponto X de modo relativamente apressado
. . .”.
Tipos de resenha
A resenha pode ser do tipo descritiva (também chamada
de resenha técnica ou resenha científica), ou então do tipo crítica (também conhecida como resenha
opinativa).
A resenha descritiva se concentra na avaliação do conteúdo
enquanto conhecimento, ciência ou verdade, ou seja, ela faz um julgamento
de verdades. Já a resenha crítica avalia a obra considerando valor, estilo, estética, beleza, etc. (julgamento
de valores). Assim, a resenha crítica
exige maior grau de detalhes para a fundamentação da crítica (seja ela positiva
ou negativa), já que trata de questões menos palpáveis e mais subjetivas.
Existem ainda as chamadas resenhas temáticas. Nesse tipo de resenha, há a apresentação de vários textos de diferentes autores que tratam de um mesmo tema principal. Na resenha temática, cada um desses textos é
identificado e apreciado em termos de sua real contribuição (e o grau de
qualidade dessa contribuição) para o tema em questão.
Se uma resenha não emitir qualquer avaliação
sobre o conteúdo, temos o caso da resenha-resumo. Esse tipo de resenha se limita aos dois
primeiros passos descritos anteriormente, isto é, apenas identificar a obra e
resumir seu conteúdo. Então, essa modalidade cumpre uma função meramente informativa, e não busca convencer o leitor sobre a
importância ou valor de ler dada obra ou não.
O ensaio
O ensaio é um texto de caráter crítico sobre certo debate ou questão de ordem
científica. Nesse sentido, o ensaio é discursivo, no sentido de mostrar o posicionamento e as reflexões do autor a respeito do ponto sob
consideração. O autor ‘ensaia’ um discurso de manifestação sobre um ponto de
vista, a partir de questionamentos, críticas, experimentações e ponderações
sobre o tema.
Para tanto, o ensaio, ainda que trazendo posicionamento nítido, se
apresenta de modo formal e bem
articulado, a fim de expor lógica e
claramente as reflexões e argumentação do(a) autor(a). As reflexões devem ser
feitas com racionalidade e seriedade, a partir da capacidade do(a) autor(a) de articular conhecimentos e posicionamentos e
proceder interpretações e avaliações sobre a área na qual reflete. O modo de fazer tais articulações é mais flexível
do que em outros gêneros, mas ainda
assim o rigor e a organização são fundamentais, assim como o comprometimento e maturidade intelectuais de quem redige o ensaio.
Já que defende um ponto de vista, o ensaio não exige, como o artigo ou as dissertações
e teses, a inclusão extensiva de referenciais teóricos de apoio ou de provas e
evidências empíricas para cada item argumentado. É evidente que o texto precisa
ser sensato em sua
argumentação, no sentido de oferecer reflexões plausíveis a partir do que a ciência já demonstrou
na área, não podendo, portanto, ser caótico nem aleatório. Nesse sentido,
diz-se que o ensaio é um gênero que permite certa transição entre o cultural, o literário, o
didático e o não-didático, o científico e o filosófico.
O relato de experiência
O relato de experiência é um texto que descreve precisamente uma dada experiência que possa contribuir de forma
relevante para sua área de atuação. Ele
traz as motivações ou metodologias para as ações tomadas na situação e as
considerações/impressões que a vivência trouxe àquele(a) que a viveu.
O relato é feito de modo contextualizado, com objetividade e aporte teórico. Em outras palavras, não é uma narração emotiva e subjetiva, nem uma
mera divagação pessoal e aleatória.
Sendo um trabalho científico, ele deve manter
a impessoalidade e seriedade (isto é, o não envolvimento emocional) que a
academia requer. Na medida do possível, sempre verifique o tom dos relatos de
experiência em sua área de atuação.
O relato deve trazer considerações (a partir da
vivência sobre a qual se relata e reflete) que sejam significativas para a área de estudos em questão. Isto
é, é importante que o relato não fique apenas no nível de descrever uma situação.
Ele deve ir além e estabelecer ponderações e reflexões, embasadas na experiência relatada e no seu
respectivo aparato teórico. É esperado que tais experiências possam contribuir
para outros pesquisadores da área, ampliando o efeito da sua experiência como
potencial exemplo para outros estudos e vivências.
O relato de experiência
normalmente inclui uma introdução com marco teórico de referência para a experiência. A seguir, traz os objetivos da vivência e expõe as metodologias empregadas para realizar tal
experiência, incluindo descrição do contexto e
dos procedimentos. Após
isso, apresentam-se os resultados observados e as considerações tecidas a partir dos mesmos.
TCC, monografia, dissertação e tese
Os trabalhos de conclusão de curso (TCCs) de
graduação, as monografias de especialização, as dissertações de mestrado e as
teses de doutorado são textos semelhantes em termos de linguagem, estilo e estrutura (ou seja, sendo compostos por elementos pré-textuais, textuais e
pós-textuais).
No entanto, esses tipos de trabalho são muito diferentes no que tange
seus graus de complexidade, de detalhamento e de originalidade.
Evidentemente, do primeiro texto (o TCC) até o
último (a tese), os graus de complexidade e detalhamento aumentam progressiva e significativamente, acompanhando o próprio amadurecimento intelectual do(a) pesquisador(a), nos seus
processos de obter o título de licenciado(a) ou bacharel, de especialista, de
mestre ou de doutor(a). Essa progressão também vai ao encontro da melhor instrumentalização do(a) aluno(a), que, avançando em seus
estudos de pós-graduação, torna-se cada vez melhor capacitado(a) para realizar
procedimentos metodológicos e lidar com problemas de pesquisa mais densos.
Já a questão de originalidade é
requerimento primordial da tese
de doutorado, visto que a mesma exige
uma efetiva contribuição nova a ser agregada para dada área de estudos.
Sobre as semelhanças, o estilo do texto requer linguagem
clara, concisa, formal, impessoal, objetiva, com tom sóbrio e apresentando
rigor e organização textual que respeitem as partes do estudo e os objetivos
propostos.
A estrutura, de modo geral, deve incluir em todos esses
tipos de trabalho uma ordem lógica de introdução do estudo, seu
desenvolvimento, e as respectivas conclusões sobre a pesquisa conduzida, além
dos elementos pré- e pós-textuais (tabelas, índices) .
As definições específicas para esses trabalhos, segundo as
diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
Conforme publicado nas normas NBR 14724, de
2002*, os trabalhos de conclusão de curso de
graduação (TCCs) e os de curso
de especialização (monografias)
devem “expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser
obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso,
programa e outros ministrados” (p. 4).
A dissertação de mestrado, por sua vez, “representa o resultado de um
trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de
tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar
e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura
existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato” (p.
3).
A tese de doutorado, que, como a dissertação, também lida com um
trabalho de caráter experimental ou a elucidação de estudo sobre tema
específico, ainda exige sua elaboração “com base em investigação original,
constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão” (p. 4).