Temos testemunhado uma exacerbação de informações, muitas vezes desencontradas, mesmo bizarras, acerca do campo da psicologia clínica. Apesar disso, não é de hoje que vemos emergir propostas nomeadas terapêuticas, marcadas pela oferta de soluções prêt-à-porter, quase como pílulas mágicas. O próprio Lacan se rebelou a algo dessa ordem, quando de sua crítica à psicologia do ego, o que considerava, já na década de 1960, uma séria distorção da obra freudiana. Soluções prontas, aliás, não exigem longos e trabalhosos trabalhos de formação: um curso de final de semana serve a isso, um diploma que autorize dado sujeito a terapeutizar quem venha a atender, numa direção adaptacionista.
Em seu texto A direção do tratamento e os princípios de seu poder, de 1958, Lacan já indicava que o psicanalista dirige o tratamento, mas que “não deve de modo algum dirigir o paciente” (p. 592). Neste mesmo texto, Lacan aponta que a direção do tratamento é dada pela ética, que é sempre ética do desejo, e não pela norma. Mas como pensar então a clínica da psicanálise, em tempos de tão intensas demandas terapêuticas imediatas? Que clínica é possível neste cenário? Helenice de Castro, em texto intitulado “A insistência da pulsão e a solução não consentida”, em que a autora retoma uma expressão de Miller, nos ajuda a apontar uma direção: a de que a psicanálise, diferente da psicologia cada vez mais imediatista do século XXI, não busca efeitos terapêuticos rápidos, mas que trabalha na trilha de efeitos não-terapêuticos lentos.
Em tempos de critérios diagnósticos cada vez mais calcados em solo ateórico, mais próximos de uma psiquiatria e psicologia neurobiológicas, tomamos como temática a clínica da neurose e da psicose, palavras que nomeiam estruturas e fenômenos específicos de um lugar que, além de um longo passado, segue apostando na escuta como tempo e lugar de emergência do sujeito do inconsciente. Nesta trilha, a Liga Acadêmica de Psicanálise e o grupo de estudos Café & Psicanálise se uniram na organização deste evento, cujo objetivo é ampliar o debate da clínica psicanalítica no espaço acadêmico, convidando analistas para virem conversar conosco sobre a contemporaneidade da psicanálise e sobre suas práticas na nossa região.
Para garantir a organização do Coffee break e oferecer a melhor experiência a todos os participantes, solicitamos uma contribuição no valor de R$5,00. Pedimos a gentileza de efetuar o pagamento via PIX utilizando os detalhes fornecidos durante o processo de inscrição.
CHAVE PIX: lapsi.unifipmoc@gmail.com
Após efetuar o pagamento, por favor, envie-nos o comprovante por e-mail para lapsi.unifipmoc@gmail.com juntamente com seu nome completo e o endereço de e-mail utilizado durante a inscrição, para que possamos confirmar sua participação.
Agradecemos por sua colaboração e estamos ansiosos para recebê-lo em nosso evento!