DESAFIOS PARA UMA RETÓRICA DA VISUALIZAÇÃO ESTATÍSTICA

Publicado em 25/03/2020 - ISSN: 2526-9933

Título do Trabalho
DESAFIOS PARA UMA RETÓRICA DA VISUALIZAÇÃO ESTATÍSTICA
Autores
  • Guilherme da Costa Garcia
  • SYDNEY FREITAS
Modalidade
Trabalho Completo
Área temática
Mestrado
Data de Publicação
25/03/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/spgd_2019/224809-DESAFIOS-PARA-UMA-RETORICA-DA-VISUALIZACAO-ESTATISTICA
ISSN
2526-9933
Palavras-Chave
credibilidade, cultura institucional, retórica, gráficos, estatística
Resumo
1. Questão de Pesquisa Quais os problemas retóricos encontrados pelos designers na produção e divulgação de gráficos na internet? 2. Objetivo Identificar os conceitos que compõem o que os designers consideram retórica no cotidiano da divulgação estatística através de gráficos. 3. Justificativa O IBGE possui relevância nacional, divulgando diariamente visualizações de dados. Essa relevância no dia a dia da população se reflete em sua missão de "retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania.” (IBGE, 2019). Percebe-se a necessidade do instituto manter sua credibilidade junto à população, com gráficos confiáveis e úteis, permitindo agência aos consumidores de sua produção. Assim, é importante que os gráficos na instituição sejam os mais confiáveis possíveis, além de convincentes. Não se trata apenas de não criar distorções no gráfico, mas também de utilizar os recursos visuais de forma a facilitar o entendimento da validade daquela informação. Para isso, o designer tem diversas ferramentas retóricas a sua disposição, como, por exemplo, o uso da identidade institucional como apelo à autoridade. Alguns gráficos produzidos pelo IBGE ainda contam com material pictográfico, como ilustrações, fotografias e esquemas. Esses materiais, por sua natureza polissêmica, possuem interpretações múltiplas, o que pode tanto ampliar as possibilidades comunicativas quanto prejudicá-las, exigindo atenção e cuidado na aplicação. “Sabemos que não há informação perfeita, mas graus de erro, que oscilam entre o admissível e o inadmissível.” (BERTIN, 1987; tradução nossa) Um delicado equilíbrio é necessário, pois também cabe ao designe a prerrogativa constitucional da impessoalidade, sendo ele vetado de manifestar juízo de valor sobre a informação apresentada (BRASIL, [2016], art. 31). Além destas questões, o ambiente da internet universalizou a produção de informação, obrigando os gráficos institucionais a compartilhar espaço com gráficos produzidos pelo público leigo e por distorções de má intenção. A pesquisa INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional) indica que 29% da população é de analfabetos funcionais, e apenas 12% da população tem o nível mais alto de proficiência. Do grupo dos analfabetos funcionais, 86% utilizam Whatsapp, 72% Facebook e 31% o Instagram. Considerando-se que interpretação e contextualização de gráficos integram o conceito de alfabetização, percebe-se que questões metodológicas não tem fácil compreensão por grande parte desse público, que desconhece conceitos estatísticos complexos, mas tem contato com notícias e informações pelas mídias sociais. Tanto quanto a retórica pode convencer a formar opiniões com base em emoções em vez de fatos, a retórica visual pode fazer o mesmo. Considerada esta relação, e o contexto contemporâneo da crise da credibilidade em que a produção do designer da informação está inserida, é importante o conhecimento de ferramental teórico que fundamente a criação de projetos de infografia críveis, evitando discursos não intencionais e tendo consciência teórica, técnica e ética sobre suas decisões compositivas. 4. Metodologia A metodologia utilizada foi a entrevista estruturada, na qual há uma roteirização da interação entre entrevistador e participante. Foi definida uma pauta de entrevista, com formulário para recorte e perguntas abertas. (YIN, 2016) 4.1 População e amostra Dentre as visualizações produzidas e mantidas pelo IBGE, há gráficos, infografias e mapas, interativos ou estáticos. Para o recorte desta pesquisa foram selecionados os gráficos estáticos e interativos divulgados na internet, incluindo gráficos automáticos no portal institucional, publicações em redes sociais e gráficos temáticos criados para páginas específicas. A população é formada por designers envolvidos na produção ou utilização de gráficos com a finalidade de divulgação em uma página online. A Gerência online é o setor com a função de divulgação na internet e conta com 6 designers que produzem ou utilizam gráficos, constituindo o total da amostra. 4.2 Categorização Posteriormente foi realizada a codificação das respostas. Essa codificação tem o propósito de “começar a passar metodicamente para um nível conceitual um pouco mais alto.”(YIN, 2016) Utilizou-se o método de codificação aberta para fundamentar uma codificação de segundo nível, ou de categoria (YIN, 2016). Foram entrevistados 6 profissionais, todos formados em desenho industrial. A experiência de trabalho no IBGE variou entre 2 e 17 anos. 5. Resultados Alguns padrões de resposta tornaram-se claros na análise do conteúdo das entrevistas, o que embasou a categorização das respostas segundo o método proposto por Flick(2009) e Yin(2016). 5.1 Incompreensão do público Houve constante dúvida entre os entrevistados sobre quem seria o público do IBGE. Entre os que integravam a equipe responsável pela manutenção do portal institucional, havia uma maior uniformidade, devido a questionário aplicado com o objetivo de identificar o público da página. Entre estes, o público variava entre estudantes, acadêmicos e jornalistas. Outras respostas como “toda a população”, qualquer público “não-leigo” e “os próprios funcionários” mostram a discordância entre os que não estão envolvidos na manutenção do portal. 5.2 Regras culturais Houve diversas respostas referindo-se a regras, principalmente quanto a não utilização de gráficos de pizza. Contudo, em geral os entrevistados não souberam definir se são oficiais, de algum regulamento interno. Os designers com mais tempo de experiência souberam informar como origem destas restrições culturais as palestras ministradas por um pesquisador especializado no assunto. Nestas palestras ele fez diversas sugestões para a preservação da integridade da informação na criação de gráficos, que passaram a ser utilizadas como padrão de qualidade informal entre os setores. 5.3 Autoridade inconsistente Esteve presente em todas as entrevistas o reconhecimento da importância da fonte para assegurar a credibilidade dos gráficos. Além disso quatro entrevistados responderam que a identidade institucional reforçaria a credibilidade dos gráficos. Isso sugere uma grande dependência no apelo à autoridade como principal recurso retórico dos entrevistados. Contudo a identidade da instituição foi percebida como inexistente, por falta de aplicação ou adequação, não sendo comumente utilizada como exposta no manual da marca. 6. Conclusão Considerando o objetivo de identificar os conceitos que compõem o que os designers consideram retórica no cotidiano da divulgação estatística através de gráficos, observou-se que o apelo ao ethos e logos foram os recursos retóricos quase exclusivos, ainda que deficientes devido a dúvidas sobre o público e falta de padronização na identidade. O resultado sugere que a falta de padronização causa insegurança na escolha retórica do designer.
Título do Evento
5º Simpósio de Pós-Graduação em Design da ESDI
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do Simpósio de Pós-graduação em Design da Esdi
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
LinkObter o DOI

Como citar

GARCIA, Guilherme da Costa; FREITAS, SYDNEY. DESAFIOS PARA UMA RETÓRICA DA VISUALIZAÇÃO ESTATÍSTICA.. In: Anais do Simpósio de Pós-graduação em Design da Esdi. Anais...Rio de Janeiro(RJ) ESDI / UERJ, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spgd_2019/224809-DESAFIOS-PARA-UMA-RETORICA-DA-VISUALIZACAO-ESTATISTICA. Acesso em: 28/04/2024

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