FATORES QUE AFETAM A SAÚDE MENTAL DE QUILOMBOLAS E OS DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DE ENFERMAGEM.

Publicado em 19/09/2024 - ISBN: 978-65-272-0713-9

Título do Trabalho
FATORES QUE AFETAM A SAÚDE MENTAL DE QUILOMBOLAS E OS DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DE ENFERMAGEM.
Autores
  • Tais Oliveira Da Silva
  • Jaqueline Ferreira De Oliveira
  • Mikaella da Silva Ribeiro
  • Larissa Soares Silva
  • Daheny Coelho Matos
  • Ivaneide Leal Ataíde Rodrigues
  • Eliza Paixão Da Silva
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Atuação em Saúde para Populações Tradicionais da Amazônia
Data de Publicação
19/09/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iii-egeapa-368856/712244-fatores-que-afetam-a-saude-mental-de-quilombolas-e-os-desafios-para-a-atuacao-de-enfermagem
ISBN
978-65-272-0713-9
Palavras-Chave
Saúde Mental, Quilombolas, Enfermagem.
Resumo
Introdução: Os quilombolas são grupos étnico-raciais, por autoatribuição, dotados de uma trajetória histórica própria. As comunidades quilombolas são formados por descendentes de negros, que foram escravizados e se reuniram em quilombos, sendo locais de refúgio e proteção aos escravos fugidos das fazendas e engenhos e também uma das formas de resistência ao sistema escravocrata. Ademais, os quilombos formaram-se e organizaram-se das mais diversas maneiras e possibilitaram a expressão de seus valores e práticas tradicionais cultivadas até a atualidade. Desta forma, essa comunidade manteve viva a sua cultura e forma de lidar com a vida, demonstrando compreensão prática sobre elementos da natureza importantes para seu bem-estar, porém, continuam a enfrentar problemas persistentes e fundamentais, como o acesso inadequado a serviços essenciais e cuidados com a saúde. Além disso, a localização desse grupo, por vezes se dá em áreas de difícil acesso e precária infraestrutura, o que dificulta ações sociais e oferta de serviços de saúde, sobretudo, atenção primária e saúde mental. Nesse sentido, a equipe de enfermagem é indispensável nesses cuidados da saúde, ressaltando o cuidado com a saúde mental, onde o enfermeiro tem o papel essencial de acolher esses pacientes fazendo uma escuta qualificada e elaborando estratégias de cuidados para amenizar o sofrimento, além de medidas de prevenção de doenças e agravos e promoção de saúde mental. Entretanto, percebe-se que a enfermagem ainda enfrenta desafios para promoção de saúde, principalmente quando se trata de saúde mental nas comunidades quilombolas. Objetivo: Identificar as evidências científicas dos fatores que afetam a saúde mental de pessoas que vivem nos quilombos e os principais desafios para a atuação de enfermagem, descrita na literatura nacional e internacional. Método: Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura (RIL) a qual é construída por seis etapas distintas, sendo elas: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa, estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, avaliação dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e apresentação da revisão. Buscou-se responder à questão de pesquisa “Quais são as evidências científicas dos fatores que afetam a saúde mental de quilombolas e quais são os desafios da atuação de enfermagem nessa área?”. A busca foi realizada nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF) via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DECS): Saúde Mental, Quilombolas e Enfermagem associados ao operador booleano AND. Foram incluídos estudos disponíveis na íntegra, publicados nos idiomas português e inglês, com recorte temporal de 2018 a 2023. Foram excluídos estudos pagos, artigos que não atendiam à questão de pesquisa, teses, dissertações e capítulos de livros. Foram encontrados 55 artigos na busca inicial, após a aplicação dos filtros restaram 19 artigos, sendo 2 excluídos por duplicidade. Após a leitura na íntegra foram excluídos 6 artigos que não se adequaram a questão de pesquisa, seguindo a estrutura do fluxograma PRISMA. Resultados e Discussão: Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e a leitura dos artigos na íntegra, foram incluídos 11 artigos para compor a revisão. Dentre os artigos selecionados após a leitura na íntegra, identificou-se que os 11 artigos estavam em português, sendo que 3 apresentaram versões publicadas em inglês. Identificou-se que 4 artigos (36,36%) foram publicados no ano de 2020, 2 artigos (18,18%) tiveram publicação no ano de 2019, 2 artigos (18,18%) no ano de 2021 e 2 artigos (18,18%) em 2023, enquanto apenas 1 artigo (9,09%) foi publicado em 2019. Além disso, 4 artigos (40%) dos estudos foram realizados na região Norte, 2 (20%) no Nordeste, 3 (30%) Sudeste e 2 (20%) Centro-Oeste. Com a análise dos artigos selecionados, nota-se que os principais determinantes sociais de saúde (DSS) como discriminação, desemprego, exclusão social, baixa autoestima, racismo estrutural, entre outros, podem impactar negativamente na saúde mental de pessoas que vivem nos quilombos. Com relação às condições socioeconômicas, observa-se que elas apresentam grande impacto na qualidade de vida e bem-estar do indivíduo, uma vez que saúde tanto física quanto mental está diretamente relacionada a melhores condições de vida. Logo, fatores como desemprego, má remuneração, sobrecarga nos serviços, principalmente relacionados a monocultura e agronegócio que crescem constantemente nas proximidades das comunidades, o que gera empregos e oportunidades, porém, muitas vezes, sem direitos trabalhistas e condições adequadas de trabalho, atrelado às condições de moradias precárias geram sentimentos de incerteza, insegurança e perda, tornando-os vulneráveis aos problemas de saúde mental. Ademais, a baixa escolaridade pode ser considerada uma fragilidade que limita as possibilidades de construção de projetos de vida futuros e que, consequentemente, gera preocupações cotidianas e sofrimento. A discriminação racial sofrida também é um fator que interfere diretamente na saúde mental, uma vez que geram baixa autoestima, isolamento social, e atrelado as limitações sociais caracterizadas pelas comunidades, podem contribuir negativamente no aumento de problemas mentais. Ademais, nota-se uma elevada prevalência de sofrimento psíquico em mulheres do quilombo, isso decorre do mantimento do pensamento arcaico sobre a perspectiva da mulher como papel de cuidadora da casa/família/marido, além do seu trabalho na comunidade, a desvalorização e invisibilidade do trabalho feminino, gerando sobrecarga física e emocional. Por outro lado, os impactos na saúde mental do homem encontram-se diretamente relacionados à força de trabalho e a continuidade da perspectiva do homem como provedor de sua família, os mesmos são expostos a trabalhos monótonos, de baixa remuneração, sobrecarga no trabalho, dentre outros. Evidenciou-se, também, a exposição ao consumo de álcool como consequência das condições de vida e meio de fuga da realidade, principalmente aos homens, além de seu uso ser justificado para a escassez de alternativas de recreação e lazer nas comunidades quilombolas. Com relação à existência de barreiras na atuação do enfermeiro para promoção de saúde mental nos quilombos, fator que prejudica a efetivação dos cuidados às comunidades quilombolas e um possível agravo na saúde mental da comunidade, entre os principais desafios, destacam-se o distanciamento geográfico das comunidades rurais com as unidades de saúde e a escassez de transporte da equipe, principalmente nas visitas domiciliares; a intensa demanda de trabalho que o profissional apresenta na unidade, corroborando para uma prática assistencial, por vezes, pouco reflexiva e minuciosa, impactando na qualidade da assistência. Além disso, a vulnerabilidade socioeconômica restringe o acesso à informação e aos cuidados de saúde nos quilombos, expondo a comunidade a condições que podem afetar o estilo de vida e influenciar negativamente o estado de saúde do indivíduo e, por isso, o enfermeiro necessita estar qualificado para prestação de cuidado integral, principalmente relacionado a promoção de saúde mental na comunidade. Com isso, a questão da capacitação profissional também corrobora como desafio na promoção de saúde mental nos quilombos, uma vez que isso implica diretamente no reconhecimento de vulnerabilidades da comunidade e consequentemente o baixo desenvolvimento de ações preventivas de enfrentamento aos DSS que marcam a saúde física e mental das pessoas que vivem nos quilombos. Conclusão: Destarte, nota-se que há vários DSS que impactam sobre a saúde mental dos povos quilombolas, que variam desde o seu isolamento geográfico aos fatores pessoais e coletivos. Diante disso, é evidente a necessidade de ampliação de programas que capacitem profissionais para o atendimento dessas populações, sobretudo sobre a saúde quilombola, para que a cultura e valores morais desses indivíduos sejam respeitados. Visto isso, espera-se que esse estudo possa trazer reflexões acerca da saúde mental dos quilombolas e que profissionais enfermeiros saibam a importância do seu papel dentro da comunidade quilombola.
Título do Evento
III EGEAPA - Da Origem ao Futuro dos povos tradicionais: Implicações para a Pesquisa em Saúde Coletiva
Cidade do Evento
Belém
Título dos Anais do Evento
Anais do EGEAPA - da origem ao futuro dos Povos Tradicionais: implicações para a pesquisa em saúde coletiva
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Tais Oliveira Da et al.. FATORES QUE AFETAM A SAÚDE MENTAL DE QUILOMBOLAS E OS DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DE ENFERMAGEM... In: Anais do EGEAPA - da origem ao futuro dos Povos Tradicionais: implicações para a pesquisa em saúde coletiva. Anais...Belém(PA) UEPA, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iii-egeapa-368856/712244-FATORES-QUE-AFETAM-A-SAUDE-MENTAL-DE-QUILOMBOLAS-E-OS-DESAFIOS-PARA-A-ATUACAO-DE-ENFERMAGEM. Acesso em: 20/06/2025

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