A CLÍNICA COMO TESTEMUNHO: A DESNATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Lara Raquel Rodrigues e Souza; Bruna Gabriella Carvalho de Oliveira

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Trabalho

Título do Trabalho

A CLÍNICA COMO TESTEMUNHO: A DESNATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Autores

Lara Raquel Rodrigues e Souza
Bruna Gabriella Carvalho de Oliveira

Modalidade

RESUMO (práticas profissionais ou estudos teóricos)

Área temática

Práticas psicológicas, Direitos Humanos, Decolonialidade

Data de Publicação

02/12/2024

País da Publicação

Portugal | Portugal

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/congresso-internacional-de-psicologia-fenomenologico-existencial/891231-a-clinica-como-testemunho--a-desnaturalizacao-da-violencia-domestica

ISBN

978-65-272-0873-0

Palavras-Chave

Violência doméstica, clínica fenomenológica decolonial, horizonte epocal, ampliação de sentidos

Resumo

No Brasil, a cada 24 horas, ao menos 8 mulheres sofreram violência doméstica em 2023, desvelando um horizonte histórico hostil para o ser feminino. Diante desse contexto, o presente trabalho objetiva refletir sobre a clínica fenomenológica decolonial como um contraponto a tal realidade, ao oferecer um espaço de ampliação do horizonte de sentido de mulheres sobreviventes à violência doméstica. Para tal, as reflexões têm como base a prática clínica das autoras junto a duas mulheres que experienciam relacionamentos românticos marcados por este tipo de violação. Dessa forma, durante os encontros, a priori, foi anunciada a existência de uma familiaridade em relação à violência, desvelada pela dificuldade delas em nomear atos violentos como tais. Nessa perspectiva, o trabalho clínico buscou compreender os significados atribuídos por elas às suas relações, levando em consideração que é a partir do sentido que existimos e escolhemos as nossas escolhas. Dessa maneira, refletindo sobre o sentido de permanecer escolhendo estes relacionamentos, o medo da solidão foi anunciado, assim como um modo restrito de projetar-se sempre ao lado de um parceiro romântico, independente de como essa relação as afetava. Em paralelo, a construção histórica e social do que é ser mulher restringe o feminino ao casamento e à construção de uma família, centralizando as suas vidas em uma busca incessante pela concretização do projeto de matrimônio. Em contrafluxo, a perspectiva fenomenológica decolonial propõe a clínica como um lugar de questionamento dos sentidos determinados pelo horizonte epocal, ao convidá-las a demorar-se sobre as suas afetações diante do modo como seus parceiros escolhem relacionar-se com elas. Além disso, o desvelamento dos afetos experienciados nestes relacionamentos possibilitou o reconhecimento dos atos como violentos, retirando da violência o seu caráter de naturalização e ampliando, assim, o horizonte de sentido dessas mulheres, que se permitiram enxergar-se em outras dinâmicas de relacionamento, como também desenvolveram outra relação com a própria solidão. Com isso, a práxis da fenomenologia decolonial apresenta a clínica como testemunho ao autorizar que essas mulheres possam ter suas dores legitimadas e acolhidas, evidenciando a potência deste modo de cuidado.

Título do Evento: Congresso Internacional de Psicologia Fenomenológico-Existencial
Cidade do Evento: Lisboa
Título dos Anais do Evento: Anais do Congresso Internacional de Psicologia Fenomenológico-Existencial: Reflexões sobre os fundamentos e a práxis clínica: entre a ciência e a arte do saber-fazer
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital

Como citar

SOUZA, Lara Raquel Rodrigues e; OLIVEIRA, Bruna Gabriella Carvalho de. A CLÍNICA COMO TESTEMUNHO: A DESNATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.. In: Anais do Congresso Internacional de Psicologia Fenomenológico-Existencial: Reflexões sobre os fundamentos e a práxis clínica: entre a ciência e a arte do saber-fazer. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Instituto NUCAFE, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/congresso-internacional-de-psicologia-fenomenologico-existencial/891231-A-CLINICA-COMO-TESTEMUNHO--A-DESNATURALIZACAO-DA-VIOLENCIA-DOMESTICA. Acesso em: 13/08/2025