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VIII Seminário Regional de Arquivos
Arquivos, Crise Climática e Sustentabilidade: Desafios para a Reconstrução do Rio Grande do Sul
A escolha do tema se deve a sua atualidade e pertinência no contexto sul-riograndense. Entre maio e julho de 2024, mais de 470 municípios do Rio Grande do Sul foram afetados por uma enchente de proporções nunca antes registradas. Alagamentos, deslizamentos e enxurradas provocaram 183 mortes, deixaram cerca de 442 mil pessoas desabrigadas e geraram prejuízos calculados em mais de 95 bilhões de reais.
Para além das perdas humanas, a enchente também deixou um prejuízo incalculável relacionado a perda de patrimônio sócio-cultural. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Cultura, cerca de 280 instituições culturais (sobretudo bibliotecas e museus) foram atingidas em todo o estado.
No âmbito dos acervos arquivísticos, levantamentos divulgados pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS) apontam que pelo menos 13 arquivos municipais foram atingidos por danos provocados pela enchente. 17 instituições ou arquivos da esfera federal e pelo menos 24 conjuntos de documentos do âmbito estadual também sofreram com o impacto da tragédia. De acordo com o APERS, só na Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul, aproximadamente 40 mil caixas-arquivo foram atingidas pela inundação.
Os danos provocados pela enchente nos arquivos representam, pelo menos, duas consequências de longo prazo da crise climática: por um lado, significam perdas irreparáveis para a garantia de direitos, uma vez que muitos dos arquivos atingidos contém registros necessários para o acesso dos cidadãos a serviços essenciais como saúde, educação e justiça; por outra parte, os danos também afetam a dimensão cultural relacionada aos arquivos, uma vez que muitos documentos alcançados pelas águas contém informações de suma importância para a história, a memória coletiva e o patrimônio cultural dos gaúchos.
Diante deste cenário, consideramos essencial discutir as ações que têm sido empreendidas no sentido de recuperar os arquivos atingidos. Propomos, também, debater quais estratégias de políticas públicas devem ser adotadas a fim de mitigar ou até mesmo evitar danos como os observados no Rio Grande do Sul. A ideia é, enfim, contribuir para um debate atual e necessário no mundo inteiro – tendo em vista, principalmente, a experiência gaúcha. Com este debate, visamos consolidar conhecimentos que possam prevenir e, em certa medida, evitar danos futuros aos arquivos de regiões impactadas pelos efeitos da crise climática global.
