PALESTRA
DE ABERTURA
Nataniel
dos Santos Gomes -
Tudo junto e misturado: as linguagens das histórias em quadrinhos
como ecossistemas multimodais
Resumo: Para
Kress & Van Leeuwen (2001), nos textos ocorre uma reciprocidade
de diferentes formas de construção de significados, em que a
materialidade verbal se correlaciona com a visual, a sonora,
dentre outras. Nesse sentido, o processo de significação
se dá de forma multimodal. A multimodalidade é constituída das
múltiplas linguagens utilizadas em práticas sociais interativas.
Como afirma Rojo (2009), a multimodalidade não é apenas a soma de
linguagens, mas a interação entre linguagens diferentes em um mesmo
texto. Assim, as histórias em quadrinhos representam um texto
multimodal, já que para Barbieri (1998), elas podem ser pensadas
como linguagens-ambiente como se fosse um ecossistema, em que cada
regra e características são específicas, embora algumas sejam
comuns a muitos ambientes, outras a todos, outra ficam na fronteira
ou até em ecossistemas diferentes.
MESA-REDONDA 1 - IMAGEM E HUMOR NO ENSINO
Claudia
Moura da Rocha -
Humor e multimodalidade nas aulas de Língua Portuguesa
Resumo: A
apresentação tratará da abordagem didática da multimodalidade
presente nos textos, especificamente os de humor, relacionando os
aspectos semióticos, semânticos e pragmáticos, que contribuem para
a construção de seu(s) sentido(s).
Claudio Artur de Oliveira Rei - Humor e ensino de língua
Resumo: O humor vem-se estabelecendo, nas aulas de Língua Portuguesa, bem amiúde, nas últimas duas décadas, e vários estudos vêm comprovando os benefícios da exposição do humor aos alunos, por meio de uma diversidade de textos, que possibilitam ao professor o trabalho com a multimodalidade, uma vez que os alunos têm a oportunidade de entrarem em contato com diferentes registros da língua e suas variedades linguísticas, demonstrando-se, assim, que o humor “é um importante recurso facilitador da aprendizagem” (PINA, 2014, p. 214). Nesse sentido, fica-nos a impressão de que o trabalho com gêneros humorísticos no ensino torna-se bastante relevante, visto que as escolhas dos textos podem estar presentes no cotidiano dos alunos, levando-os à formação de possíveis reflexões críticas. Esperamos, com este artigo, trazer uma contribuição para a relevante importância da utilização dos textos humorísticos, em sala de aula, para um maior desenvolvimento das competências linguísticas e leitoras dos alunos.
MESA-REDONDA 2 - IMAGEM E ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
Maria
Aparecida Cardoso Santos -
A Inteligência Artificial como recurso para o ensino de língua
estrangeira: o caso do Chat GPT
Resumo: O
advento da Inteligência Artificial, tendo como um dos grandes focos
da atualidade o Chat GPT, apresenta uma questão importante para o
ensino em geral e para o ensino de língua estrangeira em particular,
a saber, é possível usá-lo como recurso para o desenvolvimento e o
aprofundamento do ensino e do aprendizado de língua estrangeira sem
infringir os limites da ética? Em caso afirmativo, quais seriam as
vantagens do seu uso em um contexto de sala de aula?
Simone
Resende –
Linguística de Corpus, tradução e inteligência artificial
Resumo: A
atualidade é caracterizada pela rápida e contínua expansão das
formas de comunicação e pelo crescente acesso a tecnologias. A
convergência da Inteligência Artificial (IA), Tradução e
Linguística de Corpus tem o poder de revolucionar o cenário dos
estudos linguísticos e das aplicações relacionadas à linguagem.
As tecnologias de Inteligência Artificial (IA) têm avançado
significativamente, impulsionando desenvolvimentos transformadores no
campo da tradução. A Linguística de Corpus é uma ferramenta
indispensável para a análise de padrões linguísticos e a
exploração da variação linguística, impactando de forma
significativa a pesquisa e a prática da tradução. Esta pesquisa
explora a relação simbiótica entre a Inteligência Artificial
(IA), a Tradução e a Linguística de Corpus, mostrando o seu
potencial colaborativo no avanço dos estudos linguísticos e no
ensino de tradução.
MESA-REDONDA 3 - ARTES E MULTIMODALIDADES
Claudio
Correia –
Signos da regionalidade: significações e referências nas capas de
Literatura de Cordel
Resumo: Iremos,
nesta comunicação, apresentar o resultado de uma pesquisa
desenvolvida a partir da análise semiótica das capas dos folhetos
de literatura de cordel, especificamente de autores nordestinos, a
partir de suas dimensões e materialidade física, materialidade que
caracteriza e singulariza os livros de cordel. Para as investigações
desenvolvidas, quatro categorias específicas da literatura de cordel
foram selecionadas: Biográfica, Peleja e Desafio, Histórias Comuns
ou Fantásticas e Cangaço, com o total de cinco livros para cada
categoria. As capas dos livros de cordel são constituídas por
linguagens visuais e verbais que buscam representar as histórias
narradas nos folhetos. Como signos, as capas representam visualmente
fragmentos das narrativas dos livros de cordel, apresentando
potenciais diferenciados de geração de interpretações,
predominantemente sugestivos e representativos.
Rosane
Reis –
A orquestração de semióticas dos almanaques
Resumo: Nesta
comunicação, abordar-se-á a multiplicidade de linguagem, de modos
ou semioses nos almanaques impressos. Trataremos da organização
estética dos almanaques, seu sistema, sua organização e a
multiplicidade de suas linguagens, considerando os diversos modos
semióticos, com o objetivo de propor uma breve discussão em torno
da articulação da multimodalidade na construção de significados
dentro dos textos desse gênero tão pouco explorado nas escolas.
Este trabalho se ancora nos pressupostos teórico-metodológicos da
Semiótica e da Multimodalidade preconizados por Peirce, Van Leeuwen
e Kress. Para consubstanciar essa discussão, realizamos uma análise
da orquestração das semióticas nos almanaques a partir das
categorias analíticas da Gramática Sistêmico-Funcional e da
Gramática do Design Visual. Na análise, buscamos também a
intersemiose dos modos semióticos verbais e visuais na construção
de significados que tecem o texto dos almanaques.
MESA-REDONDA 4 - MULTIMODALIDADE NOS TEXTOS HÍBRIDOS
Afranio
Garcia -
Multimodalidade, cinema e discurso
Resumo: Muito
embora o filme O Clube da Luta seja, aparentemente, um filme
simplista, que mistura ingredientes de forte apelo popular, aventura
e violência, sua mensagem, vista sob uma perspectiva de investigação
semiológica ou discursiva, ou seja, de tentar-se descobrir o que seu
“texto” oculta, ou que significados se ocultam na relação do
seu “texto” com a tessitura da realidade e da sociedade, é
extremamente rica. Embora este seja um estudo semiológico, partimos,
em nossa análise, da perspectiva de representação onírica
freudiana, vista sob três pontos de vista: a) que toda
simbologia de um sonho, e, por extensão, de uma obra de arte, é
expressa por camadas de significação, em que a retirada de uma
camada revela uma outra camada, e mais outra, e outra ainda; b) que,
partindo-se do pressuposto de que todos os seres humanos têm um
caráter dicotômico, qualquer análise que só tomar os personagens
de um determinado sonho ou de uma determinada obra de arte como
agentes ou como pacientes, sem inverter os papéis, estará fadada a
apreender apenas parte do significado desse sonho ou dessa obra de
arte; c) que, numa representação onírica ou artística, conteúdos
eminentemente textuais, como oposição ou escolha, são
representados em ambas as suas facetas, ou seja, um elemento
adversativo ou opcional é representado junto ao elemento
contrário ou à outra opção. Assim sendo, ao analisarmos os
eventos e situações presentes em O Clube da Luta, procuramos sempre
ver todas as camadas que os compunham, invertê-los tanto em termos
de transitividade quanto de significação e, por outro lado,
separá-los em suas várias facetas.
Darcilia
Simões –
A Multimodalidade e textos híbridos
Resumo: Pretendemos
abordar a questão da multimodalidade como uma característica dos
textos contemporâneos, especialmente em virtude da popularização
da Internet. Embora os textos verbais sempre tenham apresentado
características multimodais — na escrita, por exemplo
(diagramação, diacríticos, caixas alta e baixa etc.); — na
oralidade (prosódia, cadência, timbre da voz, entonação etc.),
foi a partir dos textos híbridos (produzidos com mais de um código),
viabilizados pelos meios digitais, que a multimodalidade conquistou o
interesse dos pesquisadores e dos docentes. Portanto, como nosso alvo
sempre foi a melhoria da qualidade do ensino, aproveitamos este
momento para destacar algumas características dos textos multimodais
que precisam ser observadas quando do ensino da leitura, em especial.
Semioticamente falando, formas, cores, posições, dimensões,
presença ou não de balões de fala, combinação de códigos
(verbal, sonoro, imagem fixa e em movimento etc.), cuja articulação
constrói os significados potenciais dos textos, e os leitores
precisam aprender a decifrá-los. Nossa abordagem multimodal estará
em diálogo com Charles S. Peirce, Lucia Santaella, Gunther Kress,
Teun Van Leeuwen. Sobre iconicidade, Sebeok e Simões estarão
presentes na sessão. Traremos ainda para a conversa Howard Gardner e
sua teoria das inteligências múltiplas, o que é muito relevante na
abordagem dos múltiplos códigos.
PALESTRA
DE ENCERRAMENTO
Paulo
Ramos –
O que significa exatamente dizer que histórias em quadrinhos são
multimodais? E como isso impacta no ensino?
Resumo: Com
o surgimento e a rápida difusão do conceito de multimodalidade por
diferentes áreas do conhecimento linguístico, tornou-se praxe dizer
que os textos são multimodais. Isso vale também para a área de
ensino, conforme atestam os documentos oficiais relacionados à
educação básica. Mas qual o impacto disso na prática? Pretende-se
observar a questão pelo olhar das histórias em quadrinhos. A
proposta é responder às duas perguntas que dão título a esta
exposição. O que implica dizer que os quadrinhos sejam multimodais?
E no que isso reflete na prática educacional? As respostas passam
muito pelo modo como essas produções passam a ser lidas e
trabalhadas, tanto por docentes quanto por alunos.