Em 1930, Sigmund Freud escreveu o texto “O mal estar na civilização”, buscando refletir sobre o contexto da época, abordando os conflitos entre as intenções individuais e o que é esperado do indivíduo na sociedade. O marco de 60 anos do golpe militar no Brasil traz luz à discussão sobre as repercussões subjetivas do sofrimento coletivo, considerando que o ambiente social envolve e também permite o desvelamento da angústia com a qual o psicólogo se defronta no seu fazer clínico. Torna-se, então, imprescindível refletir sobre o Eu em constante contato com a alteridade, nos entrelaçamentos do indivíduo com seu contexto histórico e político, étnico e racial, a fim de compreender de que maneira a atuação psicanalítica pode atuar na interface dos aspectos individuais e coletivos. Diante de tantas angústias individuais, como é possível operar em meio à sociedade sem negligenciar as questões coletivas? Como aplicar o conhecimento psicanalítico para atuar de maneira política, social, inclusiva e inovadora? Tais questionamentos surgem como disparadores das discussões promovidas pela 4ª Jornada de Psicanálise, que almeja ser um espaço de troca capaz de instigar reflexões e diálogos sobre os diversos contextos de produção e vivência do sofrimento psíquico em nosso tempo.