As políticas de ação afirmativa intensificaram a presença de diferentes corpos nas universidades, e com eles, a tensão latente e constitutiva da produção de saberes foi corporificada. As denúncias sobre os conhecimentos racializados, sexistas, classistas e generificados, ganharam mais corpos, encontraram mais vozes. Com eles, referências culturais, políticas e sociais, pouco consideradas no meio acadêmico, passaram a disputar o status de conhecimento. Contudo, simultaneamente, as lógicas de exclusão tomaram conta das redes sociais e de muitas das relações universitárias: “cultura do cancelamento”, “bolhas”, “haters”, “essencialismos” ligados às questões identitárias etc, viraram práticas correntes.
Nos perguntamos, então, quais são as possibilidades de diálogo e de construção do comum nesse contexto? Como falar com “o outro”, “a outra”, “e outrie”? Na tensão entre diferentes corpos, suas histórias, suas referências culturais e políticas, como construir saberes comuns?
A edição do SPAC de 2024 almeja debater como as pessoas pensam a cultura (e nela, as Artes Cênicas) e se posicionam frente a essas questões. De que forma os Estudos da Cena enfrentam a complexidade do contexto que vivemos, construíndo alternativas comuns, em diálogo?