O 12º Encontro Nacional de História e 1º Encontro Internacional de História da UFAL ocorrerá entre os dias 8 e 10 de setembro de 2021, e traz a temática "Genocídios na História: passados, presentes e futuros".
A desafiante temática
foi engendrada a partir do difícil contexto vivenciado no mundo atualmente. A
pandemia da Covid-19 nos transporta para a análise dos genocídios na História,
a exemplo daquele sofrido pelas populações originárias no Brasil. Sobre elas, é
possível compreendermos que o horizonte de expectativas naquele
contexto/processo não era o mesmo para as diversas comunidades indígenas, nem
para os europeus que aqui chegaram. São "futuros" muito distintos. Da
mesma forma para a questão dos povos africanos trazidos compulsoriamente para
as Américas, o genocídio Armênio (1915-1918), o Nazismo e a “solução final”, como
também outros casos reconhecidos recentemente, a exemplo do que ocorreu na
Namíbia no início do século XX, no qual cerca de 70 mil namibianos das etnias
hereros e namas tiveram suas vidas ceifadas pelo Império Alemão.
No Brasil, além dos já
bem pesquisados e documentados assassinatos em massa ocorridos nos períodos
conhecidos como Colônia e Império, recentemente têm surgido pesquisas que
abordam o período da Primeira República e os subsequentes. Alguns dos exemplos
mais notórios foram as mortes sob responsabilidade do Estado dos flagelados das
secas que ocorreram sequencialmente no Nordeste na primeira metade do século XX
e o emblemático “holocausto brasileiro”, assim conceituado por Daniela Arbex,
responsável por trazer ao público o genocídio de mais de 60 mil pessoas que
passaram pela “Colônia” de Barbacena, em Minas Gerias, especialmente entre as
décadas de 1960-1980, não por coincidência, período que estivemos sob
Ditadura Militar.
Nos dias atuais,
Genocídio e suas derivações – como conceito, adjetivo ou acontecimento - voltou
com destaque ao vocabulário acadêmico e às conversas cotidianas. E, claro, isso
não é um bom sinal. Como apresentamos no parágrafo inicial desse texto, a
pandemia que já ceifou mais de 500 mil pessoas no Brasil tem sido a principal
responsável por trazê-lo de volta à arena política, logo social. Como nos
demais exemplos expostos até aqui, as responsabilidades do Estado e seus
agentes estão nas reflexões atuais que invadem as conversas daqueles e daquelas
que de forma direta ou indireta estão a sofrer com o luto pela perda de
parentes, amigos, conhecidos. Como a História deve enfrentar esse tema tão
difícil, quer seja de passados mais remotos ou de passados-presentes?
Entendemos, obviamente
com base em toda uma historiografia bem conhecida em nosso campo, a exemplo de
Reinhart Koselleck, Philippe Ariès, Paul Ricouer, Norbert Elias, Fernand
Braudel, Laura de Mello e Souza e Ciro Flamarion Cardoso, que não há apenas uma
possibilidade de passado, presente e futuro, mas distintas e plurais. Como
sabemos, o futuro que se tornará presente será aquele resultado de várias
correlações de forças no presente, que será passado. Nesse sentido, queremos
contribuir para as reflexões que permitirão termos uma consciência histórica
melhor embasada a respeito de tais fenômenos e suas conexões temporais,
culturais, políticas e socioeconômicas, sem perder de vista – no presente e no
futuro - as investigações acadêmicas sobre as responsabilidades dos agentes do
Estado brasileiro nas múltiplas temporalidades.
Convidamos a todos os interessados, estudantes, pesquisadores, professores e público em geral para acompanhar as atividades do evento. As mesas principais serão transmitidas pelo Canal do CPDHis-UFAL no Youtube. Os Simpósios Temáticos ocorrerão em salas do Google Meet.